TRASH, TRASH, SUPERTRASH
Raras vezes foi tão difícil resenhar uma partida como esta contra o Figueirense, já rebaixado, contando com mil e tantos torcedores fanáticos na despedida de seu time do Scarpelli, que encararam chuva na arquibancada descoberta ao fim do, digamos, espetáculo – de horrores.
Não há nada que se possa dizer de bom sobre o time do Fluminense. Desarranjado, perdido, impreciso, vacilante, um pouco de tudo que justifica a péssima fase, iniciada desde que foi anunciado o maldito G6. O jovem Nogueira, tão belicoso nas redes sociais, foi um símbolo dessa jornada. Mas o que poderia se esperar de um jogador que faz sua estreia em 2016 no penúltimo jogo da temporada?
Sobre Henrique Dourado, prefiro me poupar de dizer o que realmente penso para não constranger quem visita esse espaço. E Giovanni. Mas não quero a leviandade de jogar a culpa desta derrota em um, dois ou três nomes: foi um desastre coletivo, com Marcão e companhia inclusos. Reparem que não mencionei um lance sequer, por motivo justo: foi uma noite de anemia técnica em Santa Catarina. O Figueirense marcou seu gol e só. O Flu, se jogasse mais 987 minutos, continuaria sem chutar uma bola a gol.
Depois da terceira temporada seguida em que as partidas do último trimestre foram uma verdadeira tragédia (com e sem Fred, com e sem Unimed, com e sem Mário Bittencourt etc), a grande – e dificílima – missão da gestão de Pedro Abad e Cacá Cardoso será recuperar um time em frangalhos para 2017. Salários caros, contratos longos, falta de liquidez técnica no mercado. É um enorme desafio, talvez só superado pela necessidade urgente de exterminar os focos de ódio dentro da torcida, por conta da eterna questão política do clube, no que este PANORAMA está à disposição como modestíssimo auxiliar. É preciso acabar com esse proselitismo do ódio, travestido de divergência de pensamento, alimentado somente por quem navega nos mares da irresponsabilidade ou por frustrações pessoais.
No entanto, para pavimentar a eliminação do ódio, é preciso ter um time decente em campo. Para ontem.
Esta atuação e este final de ano têm sido bem piores do que a árdua jornada do segundo semestre de 1999, o mais difícil da nossa história. No meio daquele caos, tínhamos em campo Valber, Yan, Roger, Roni e a então promessa Magno Alves. Essa escalação fazia três fácil no Fluminense de HD, Nogueira e associados. Não quero ser leviano, mas o camisa 89 em pé joga menos do que o velho He-Man sentado.
NÓS, OS DESIMPORTANTES
Ainda falando na questão política, algumas cicatrizes ainda salgam a céu aberto, debaixo do sol, especialmente a de alguns formadores de opinião, tanto os naturais quanto os autoproclamados, espalhados pela internet em sites, blogs, murais, grupos e postagens em geral – tuítes também -, naturalmente incluído este cronista – que, sinceramente, não leva muito a sério nada do que lhe seja apontado como a chamada “formação de opinião”, entre aspas mesmo.
Critiquei aqui tantas vezes o que via em campo e nos bastidores, que resolvi ser mais do que a cracatoa da opinião que eu era – e ainda sou -, tentando ajudar minimamente a mudar o Fluminense por dentro. Menos palavras e mais atitudes por lá, as palavras de sempre por aqui.
A dor de alguns tricolores conhecidos pela escrita formal e informal na rede mundial de computadores parece, reitero, parece estar relacionada a algo que percebo e sinto há tempos: nós, que colocamos nossas opiniões em público, e muitas vezes somos classificados – ou recebemos a pecha, dependendo do caso – como formadores de opinião, não a formamos tanto assim. Aí está o resultado das eleições tricolores que não me deixa mentir, ainda que a participação popular esteja muito aquém do desejado por todos.
Mais humildes e sabedores de que não somos os latifundiários da razão, todos podemos e poderemos elogiar e criticar o Fluminense, com o objetivo exclusivo de ajudar o clube que amamos. É um exercício que me proponho por aqui. O resto só pode ficar em quarto ou quinto plano.
Voluntários ou remunerados, é possível que todos tenhamos alguma importância para sermos lidos, mas nenhuma para sermos seguidos ou para ditarmos a nova ordem mundial tricolor.
O Fluminense é bem mais do que verborragia agressiva instantânea, seja a dos chamados “críticos veementes”, a dos “chapas brancas” ou a dos “traidores” (que eram “críticos veementes” mas se tornaram “chapas brancas” porque tiveram alguma benesse do clube, tudo entre várias aspas para dar o tom merecido do ridículo desta sentença).
Chega de ódio, mágoa e vaidade.
Se Nelson Rodrigues, o maior formador de opinião da torcida do Fluminense em todos os tempos, não foi o senhor da razão, porque os súditos e plebeus, formais ou informais, seriam?
Cartas para esta desimportante redação comandada pelo súdito titular deste espaço. Eu sou desimportante mas sou feliz; mais desimportante é quem me diz. Risos.
AINDA SOBRE ELEIÇÃO
Ter apoiado a chapa vencedora das eleições do Fluminense, bem como tentar ajudar a promover o diálogo e eliminar ódios de qualquer espécie, em nenhum momento significa da minha parte tolerância com erros crassos, comportamentos vis e personalidades doentias de qualquer lado.
Estou nessa pelo Fluminense como um todo, não pelas individualidades nocivas que se tem notícia.
Sem vencimentos, ressalte-se.
O FLUMINENSE NA ESTRADA
Lançamento do nosso novo livro: dias 15 e 19/12, respectivamente na Universidade Federal do Maranhão e na Casa Vieira Souto da Cruz Vermelha, centro do Rio.
Coautores: Eric Costa, Mauro Jácome e David Gilmour.
Direção de Zeh Augusto Catalano.
Prefácio de Dhaniel Cohen.
É meu sétimo livro sobre o nosso Fluminense. O oitavo já está nascendo, e será lançado no mesmo dia de “O Fluminense na Estrada”.
Em breve, mais informações.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: arp