Noite de festa (por Gabriella Amorim)

Total de 39 mil presentes nesta bela vitória e classificação na Sul-Americana. Lanternas acesas com fitas adesivas verdes e vermelhas. Torcida cantando durante todo o jogo. Ola. E crianças, muitas crianças. De colo, aprendendo a andar, aprendendo a falar e aprendendo a amar o Fluminense. Sentei bem na frente de uma delas. Um menino entre quatro e cinco anos de idade com o seu pai. Confesso que dividi minha atenção entre o jogo e as emoções que aquele pequeno tricolor despertou em mim.

A primeira despertada foi a de identificação. Lembrei-me de quando, também criancinha, meu pai, de mãos dadas comigo, me conduziu através do túnel que dava acesso à arquibancada. Não há como esquecer! Estava vazio, ainda. Fazia sol. Aos olhos de uma menina de seis anos, o Maracanã era monumental. O eco do estádio, as pessoas chegando com suas camisas, muitas bandeiras, o sabor do Geneal, tudo era motivo de encantamento! Mas nada havia me preparado para o ápice de uma partida de futebol – o gol. A bola morrendo na rede véu-de-noiva, os jogadores comemorando, a torcida enlouquecida e meu pai me pegando no colo e me abraçando. Aquilo tinha nome: felicidade.

A segunda emoção despertada foi a de gratidão. A partir daquele dia, o Fluminense se transformou em uma paixão compartilhada entre mim e meu pai. Tardes de domingo que nunca saíram da minha memória e que forjaram uma cumplicidade que durou toda a sua vida. Agradeci, quase em oração, ao meu falecido pai. Agradeci, em pensamento, ao pai do menininho, e torci para que aquela criança e seu pai tenham a mesma sorte que nós dois.

A última emoção foi a de esperança. Como uma onda de felicidade, olhei o estádio cheio, olhei para os jogadores, olhei para o placar vitorioso e, comendo um Geneal, finalmente virei para trás para conhecer o garotinho. Ele gritou: “Fluminense é o melhor time do mundo!”. Concordei com ele. Então, abri um sorriso, pensei em meu pai e olhei para o lado – meu filho e minha filha felizes, cantando, olhos brilhando. A vida continua.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

2 Comments

  1. texto muito bom!!! me cultivou e me fez recordar de glórias passadas!

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