Fernanda Montenegro e o teatro tricolor (por GET)

A imperatriz do teatro brasileiro celebra 94 anos nesta segunda-feira. E como não poderia deixar de ser, sua ligação com o Fluminense é de amor.

No aniversário de Fernanda Montenegro, podemos refletir sobre o impacto que o Tricolor teve na comunidade artística brasileira, sendo objeto da paixão de muitosb atores, escritores, músicos, dramaturgos etc. Ainda hoje, o Fluminense é uma força muito grande entre os artistas do país.

Imagine que, além da aniversariante Fernanda, podemos pensar em outros nomes colossais do teatro brasileiro. Por exemplo, Nathalia88 e Bibi Ferreira, ambas tricolores. E representam uma longa linhagem feminina do Fluminense, desaguando em gerações posteriores representadas por atrizes como Fernanda Rodrigues e Letícia Spiller, dentre outras.

Ao se mencionar o teatro brasileiro, é impossível deixar de falar de Nelson Rodrigues e, consequentemente, de Fluminense. Pois bem: em 1954, Nelson estreava sua nova peça “Senhora dos Afogados” em noite de gala no Teatro Municipal. Era também a estreia de Nathalia Timberg nos palcos, dirigida por Bibi Ferreira, numa apresentação marcada pela polêmica: “Senhora” passou um ano censurada e, ao término do espetáculo, parte da plateia começou a gritar “Gênio” para Nelson e outra, “Tarado” – o que fez com que o próprio autor
subisse ao palco para chamar de “burros” a segunda metade…

Fernanda Montenegro, Sérgio Britto e Ítalo Rossi contracenaram juntos em “O aventureiro”, teleteatro exibido em 1959 pela TV Tupi. Uma tríade tricolor que ganhou forma pela grande amizade dos atores e também por outra das grandes casas do teatro brasileiro, localizada na Rua Cosme Velho, 857 – o Solar dos Abacaxis, que era simplesmente a casa de Marcos Carneiro de Mendonça, o primeiro goleiro da Seleção Brasileira, multi campeão pelo Fluminense e, a seguir, um dos grandes historiadores brasileiros, além de presidente campeão pelo Flu em 1941. Marcos era casado com Anna Amelia, poetisa, tradutora e feminista carioca, publicada pelos mais importantes jornais do país, e que teve grande papel de militância pelos direitos das mulheres. Para completar, uma filha do casal era Barbara Heliodora, que se tornaria a mais importante profissional da crítica de teatro no país. Barbara se tornou amicíssima de Sérgio, Ítalo e Fernanda. Todos tricolores.

O Solar dos Abacaxis foi uma referência da cultura nacional e estrangeira: por ele passaram nomes como os de Ataulfo Alves e suas Pastoras, Assis Chateaubriand, Gilberto Freyre, Carlos Drummond de Andrade, Austregésilo de Athayde, o pintor e escultor Franz Krajcberg, a atriz inglesa Vivian Leigh, o diretor italiano Franco Zefirelli, Tonia Carrero e Paulo Autran. Hoje o Solar se encontra instalado no Centro do Rio, na Rua do Senado.

Este é um pequeno retrato da vida cultural brasileira que, definitivamente, inclui o Fluminense no Olimpo das artes brasileiras, como objeto de paixão de artistas de grande sucesso. E aqui só se falou brevemente de teatro. Cinema, TV, música e literatura abrigam craques como Paulo Cezar Saraceni, Mário Carneiro, Sérgio Sant’anna, Wilson Moreira, Noca da Portela, Délcio Carvalho, Hugo Carvana, Pedro Paulo Rangel, Romeu Evaristo, Cristina Buarque, Didu Nogueira e um elenco interminável, que constitui a maior torcida organizada de um clube na vida cultural brasileira.

Redação/pesquisa: @p.r.andel/GET