O time de Van Gaal jogou em ritmo de treino. Para enfrentar o Brasil, em frangalhos, não precisaria mais do que isso. Mesmo com os erros de arbitragem, Felipão & Cia seriam batidos. Além dos sérios problemas técnicos e táticos, a autoestima e a motivação estavam abaixo de zero.
Independentemente dos reflexos da gestão do futebol brasileiro no destino desta Seleção, o certo é que o time de Felipão começou patinando, chegou até a semifinal na base da camisa e nos lampejos de Neymar, Oscar, Thiago Silva e David Luiz e terminou de forma trágica. Apesar de os 7 x 1 terem sido um ponto fora da curva, a derrota categórica não foi.
Exceto no segundo tempo da estreia, em uns 30 minutos contra Camarões e no primeiro tempo quando enfrentou a Colômbia, o time não conseguiu definir uma maneira de jogar plausível para um favorito.
Ineficiência dos laterais, marcação frouxa na intermediária, inexistência de visão coletiva dos meias, isolamento dos atacantes, são, apenas, alguns dos problemas. Em momento nenhum, Marcelo ou Maicon trabalharam para levar algum perigo pelos lados. Oscar sumiu em grande parte do tempo em que esteve em campo e, quando tentou chamar o jogo, não encontrou com quem dialogar. Hulk teve um único recurso: lançar a bola à frente, ganhar na força e finalizar. Não conseguiu um gol sequer, mas desperdiçou diversos ataques. Fred e Jô não se encaixaram nesse time, pois são finalizadores e não construtores. Neste esquema (ou falta dele), jogariam mais 10 Copas e não conseguiriam mostrar algum futebol. Neymar segurou demais a bola nas primeiras partidas e, a partir das oitavas, procurou mais os companheiros. Tem muitas qualidades, mas ainda lhe falta espírito de grupo dentro de campo. Fora dele, é rei. David Luiz saiu do céu para inferno. Vinha mostrando garra, liderança e futebol, mas, nas duas últimas partidas, desandou. Fez uma péssima semifinal, com responsabilidade direta em, pelo menos, dois gols, e, contra a Holanda, foi batido nos vários lances em que mostrou precipitação.
No aspecto tático, o time de Felipão não utilizou o recurso que os principais times (e seleções) aplicam para garantir a posse de bola: a formação de triângulos, tendo como base o homem com a bola. Isso requer sincronia, entrosamento, rapidez nas trocas de passes e, principalmente, movimentação. Muita movimentação. Felipão não trabalhou isso, portanto, o cardápio oferecia o individualismo de Neymar, Hulk e Oscar, a vibração de David Luiz e a ligação direta para os atacantes.
Enfim, há muito que se fazer daqui para frente. Principalmente, porque daqui a dois anos vamos ter Olimpíadas no Brasil e o futebol receberá, novamente, muita pressão. Além de jogar em casa, ainda não tem uma medalha de ouro na categoria e será cobrada uma compensação pela perda desta Copa. Trocar técnico não é a única mudança. Necessária, mas, diante do que vemos por aqui, é a menor delas.
Panorama Tricolor
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