Nas últimas semanas, a torcida do Fluminense está toda prosa e não é sem motivo: o time se transformou em outro. Super outro.
Não se tratou de jogadas espetaculares, partidas absolutamente inesquecíveis, lances insubstituíveis.
O que está estampado nas retinas é que o Flu, pelas mãos firmes de Levir Culpi, resgatou um de seus princípios básicos e históricos: o da coletividade.
Pense em qualquer um dos grandes times do Fluminense. Dos mais caros aos formados em casa. Dos mais ricos aos construídos com dificuldades financeira. Dos mais antigos aos recentes. Todos eles trouxeram consigo a marca do grupo, da equipe, da construção coletiva acima das pessoalidades.
O centenário estádio das Laranjeiras já abrigou em jogos e treinos centenas de craques vestindo nossa camisa. Todos eles chegaram ao topo com a participação de grandes coadjuvantes e também protagonistas. Do time campeão do mundo em 1952 ao lendário demolidor do fim dos anos 1930, passando pelos tricampeões de 1917 a 1919 e chegando ao tetra de 2012. A Máquina, os tricampeões de 1983 a 1985. Seriam muitos a relatar por aqui e daria até um livro.
Por exemplo, num dos títulos mais comemorados da nossa história, era conhecido um time operário liderado por Renato Gaúcho. Embora o craque tenha sido fundamental do começo ao fim daquele primeiro semestre de 1995, num campeonato pouco visto e com muitas partidas às segundas-feiras à noite pela TV, o que não faltou ali foi espírito coletivo.
Experiente e vencedor, em pouco tempo Levir conseguiu algo que parecia impossível: injetar num grupo marcado por sucessivos fracassos a velha tradição que ele mesmo já havia enfrentado como zagueiro, nos anos 1970 – a do Fluminense solidário, participativo, com afiado espírito de equipe.
É claro que existem as vaidades, os interesses financeiros e muito mais. No entanto, tudo tem ficado de lado sem afetar o gramado. A explicação da boa fase é mais simples do que parece: voltamos a ter um time em vez de apenas um parágrafo com nomes de jogadores num jornal qualquer. A curta campanha até a decisão da Liga e a recuperação no Carioca ajudam a entender isso.
Relembrando a letra de nosso querido hino, quando Lamartine Babo elencou o Fluminense a expressões como disciplina, esporte, esperança e amor, era claro que não falava de uma andorinha só, mas de um verão inteiro – feito este de 2016, que já terminou pela data mas não pelo calor, que já invadiu o outono com tudo.
Que sirva de vivência e lição para todos os nossos passos a seguir. O Fluminense que reencontrou a si mesmo pelos caminhos da bola.
Panorama Tricolor
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Imagem: rap