Eu só quero vencer e bem (por Paulo-Roberto Andel)

ANDEL RED NEW

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Neste domingo, de novo contra o Corinthians. E de novo esperando que a patota do apito não ajude a criar resultados desvirtuados. E de novo esperando que o Fluminense consiga engrenar de vez pelo Brasileiro, sonhando com uma vaga na Libertadores de 2017.

Em primeiro lugar: eu só quero vencer e bem logo mais.

Em segundo lugar: eu só quero vencer e bem logo mais.

Em terceiro lugar: o referido nos dois primeiros parágrafos é verdade e dou fé.

A verdade é que continuo gostando de futebol, mas detesto cada vez mais tudo que o cerca. Infelizmente, está cada vez mais parecido com minha paixão pelo jazz: adoro o gênero e desprezo 95% dos seus fãs. Salvo raras exceções, um bando de pernósticos com pose arrogante blasè, querendo impor sua autossuficiência aos outros com sapiência adquirida nos releases dos discos, sem ouvi-los. O jazz não é para farsantes.

Voltando ao futebol e ao nosso time, alguns assuntos detestáveis.

Por exemplo, politizar ao extremo as vitórias e derrotas do Fluminense pela causa eleitoral de novembro próximo. Que coisa escrota! É tratar parte da torcida – e, consequentemente, do eleitorado – como uma população bovina, ainda que não se possa descartar considerável densidade demográfica da cadeia ruminante no pasto, pelos garranchos analfabetos que se lê por aí, com dirigentes xingando torcedores e lobbistas ofendendo os blogueiros tricolores – estes, em sua maioria, defendendo o clube de graça ou por valores simbólicos. Claro, ofensas na internet, porque ao vivo os machões de teclado viram ovelhinhas Dolly…

Outra função escroque da politicagem: tratar o time todo como uma bosta das bostas ou como o supra sumo da qualidade técnica e profissional. Nem uma coisa nem outra: há vários jogadores fraquíssimos e muito mal contratados, sem dúvida, mas outros de boa e até grande qualidade. O campeonato brasileiro é fraco, não empolga e, se o Flu não ficou no topo de cima até agora, é porque tropeçou nas próprias pernas com sua crônica irregularidade, salvo uma ou outra tunga da arbitragem. Não que houvesse planejamento, é claro: quem planejaria trocar Fred por Ceifador?

O treinador: dos melhores por aí. Se falou (muita) besteira, está de corpo mole ou algo parecido, culpa de quem o permite fazer isso. No Fluminense, qualquer profissional deve trabalhar com 100% de empenho. De resto, nunca sabemos exatamente o que acontece. Nunca.

O fato: há alguns anos, a alegria do torcedor do Flu está desfocada. Tome comemoração de gravata borboleta na foto do jogador para atrair patrocinador. O CT é maravilhoso e fundamental, mas foi obra literalmente de uma pessoa só e, meu amigo, eu fico contente mas não torço para um condomínio. Vamos celebrar o pagamento de contas! Ora, isso não é motivo de comemoração, mas de uma outrora obrigação moral que agora passa a ser legal com o Profut. Colocar a culpa de tudo o que acontece no clube já anos na conta de terceiros, quartos e quintos. Comemorar artilharia de campeonato onde terminamos em sexto lugar? Façam-me o favor! Vão varrer uma casa, lavar uma louça ou ajudar a mulher na cozinha, ora.

Podia continuar aqui escrevendo um dia inteiro sobre toda essa chatice e a escrotidão insuportáveis, que só colaboram para afastar cada vez mais o torcedor do time. Não sei dizer se esse é um dos objetivos e prefiro nem pensar. Só sei que o Fluminense não é para farsantes, pedantes e desfalcados mentais. É um patrimônio do povo tricolor e não o de uma elite ignara, arrogante e, salvo exceções, capaz de entender que a sobrevivência de qualquer grande clube no Brasil passa pela mobilização e voz ativa de milhões de torcefores, e não de feudinhos de baixo nível. Enquanto o Fluminense tiver uma torcida propositadamente dividida por interesses eleitoreiros pessoais, viverá de uma ou outra conquista no campo ou patrimonial e só. Brilharecos.

Resumindo: assim como no jazz, o Fluminense não é para farsantes. Mas que fique de lado toda essa merdalhada.

Hoje é domingo. Quero ler, descansar, namorar, dar uma volta e ver o jogo do Fluminense. Um bom jogo, onde o meu time convença em sua atuação e jogue como grande que é.

Quero ver o Fluminense com garra, luta, vontade, apreço à camisa e às suas tradições. Eu só quero vencer e bem. Isso é o que me interessa hoje.

Gosto do Fluminense, não dos patetas que supõem ser donos do clube às custas de tuítes e postagens quadrúpedes em discussões rasteiras, menos ainda dos que pretendem sê-lo.

O Fluminense é dos fluminenses, não dos flubabacas – e desses, a Alva Benigno cuida como ninguém.

O Fluminense não precisa de penduricalhos humanos, nem de galinhas pintadinhas ciscando nas redes antissociais.

Depois da marmelada de quarta, que venha uma grande partida do nosso Tricolor logo mais. Chega de irregularidade.

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Para a alegria de milhares de leitores e amigos que frequentam este saboroso blog que ajudei e ajudei a construir, vêm aí mais dois livros para a biblioteca do PANORAMA. Lançamento em novembro no Rio, numa única noite, na Casa Vieira Souto da Cruz Vermelha.

“O Fluminense na estrada”, eu escrevi com Mauro Jácome e Eric Costa, figuras carimbadas aqui da casa. Trocamos uns com os outros 130 perguntas sobre o passado, presente e futuro do Fluminense. Ficou bem leve, legal e plural. O projeto foi 100% financiado por “vaquinha” (crowdfunding), e sou imensamente grato às dezenas de tricolores que acreditaram no nosso trabalho.

“Onde você estava naquele inesquecível gol de barriga” é uma coletânea de depoimentos de torcedores e personagens importantes daquele que, para muitos,foi o maior Fla-Flu da história em 114 anos. Não apenas tricolores, mas rubro-negros, vascaínos, cruzeirenses, corintianos, banguenses. Aquele jogo parou o Brasil e muito me orgulho de ter escrito o segundo livro sobre este tema. Meu parceiro literário nesta obra é o jornalista André Viana. Este projeto foi financiado pelo meu próprio dinheiro.

Muito obrigado aos amigos e leitores. Os cães ladram, a caravana não para. Nenhuma pilantragem é capaz de derrotar a literatura feita com qualidade e amor.

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Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: pan

1 Comments

  1. Realmente “Onde você estava naquele inesquecível gol de barriga” é um fato marcante para todos nós, no mesmo nível do “assassinato de JFK”, “chegada do homem a Lua (será?…) e o “11 de setembro”.
    Entrevistando os verdadeiros tricolores, dá pra fazer uma coletânea de uns 10 volumes…

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