Para alegria das redações e estúdios, mais aqueles pouquíssimos que lutam pelo “quanto pior, melhor” (ora por espírito-de-porco pessoal e intransferível, ora por mesquinharias ou outros fatores ocultos/ pavorosos, ora pela necessidade pessoal e pueril de torcer pelo caos e, ao vê-lo confirmado, dizer “Estão vendo? Eu estava certo, sei mais do que vocês…”), o Fluminense chegou a outubro de 2013 em seu pior cenário desde 2009. De toda forma, os porquinhos nada têm a ver com a incompetência nos resultados do time, ainda que em muitos jogos não tenha faltado – aliás, não falta – vontade de reverter a situação.
Bom, claro que 2009 era muito pior, mas é hora de viver o hoje, o agora.
E o Flu não chegou ao momento de agora apenas por azar, ressalte-se: diversos erros cometidos desde o fim da temporada 2012 levaram ao panorama atual.
Contudo, se há algum sentido em torcer para o clube de seu coração (e parece que há, senão eu não estaria aqui escrevendo e nem você lendo), o momento parece certeiro: quando um time vai mal, a torcida empurra – ou deveria ajudar a empurrar – em busca de uma situação melhor. O coletivo prevalecendo sobre as individualidades, a natureza inteira sendo mais importante do que brilhos de pavão – aliás, a história do Fluminense em suas conquistas no campo sempre rezou pelo coletivo, pelo grupo, pela briga contra meios de comunicação que sempre insistiram em colocá-lo num lugar menor.
A coisa está feia, bem feia e não adianta negar, mas algumas radiografias podem ser bastante úteis por ora.
Ao se comparar a pontuação dos times da zona de rebaixamento do ano passado com a deste ano, por mero exemplo, chega-se a duas conclusões fáceis: primeiro, os times nela contidos estão “menos rebaixáveis” no certame atual do que no anterior – o que é péssimo. Segundo, a pontuação média dos times da ZR em 2013 continua baixa, o que significa dizer que uma reação Tricolor depende somente do próprio time. Abaixo, as comparações a respeito – e o que aqui se trata de pontuação estimada é tão somente o aproveitamento de pontos até a 30ª rodada multiplicado pelas oito rodadas de fechamento da competição. Evidentemente, isso é APENAS uma aproximação que não leva em conta os fatores jogo-a-jogo, mas também não tem um resultado muito distante dos respeitáveis modelos matemáticos amplamente divulgados pela mídia (algumas vezes dotados de probabilidades hiperbólicas, todos eles com relativas falhas de estimativa).
Outro fator fundamental: a sequência de jogos à frente. Alguns dos times dentro da ZR terão confrontos diretos entre si – o raciocínio natural é que alguém obrigatoriamente perderá pontos, enquanto alguém poderá ou não avançar – em caso de empate, mortes abraçadas a cada rodada.
Dos times que estão na zona de rebaixamento ou próximos dela, eis o caminho.
Fluminense: Vitória (casa), Flamengo (neutro), Corinthians (fora), Náutico (casa), São Paulo (casa), Santos (fora), Atl-MG (casa) e Bahia (fora);
Bahia: Atl-PR (casa), Grêmio (fora), Atl-MG (casa), Santos (fora), Náutico (casa), Portuguesa (casa), Cruzeiro (fora) e Fluminense (casa);
Vasco: Ponte (fora), Coritiba (casa), Santos (casa), Grêmio (fora), Corinthians (fora), Cruzeiro (casa), Náutico (casa) e Atl-PR (fora);
Criciúma: Cruzeiro (fora), Ponte (casa), Náutico (fora), Atl-PR (casa), Coritiba (fora), Vitória (casa), São Paulo (casa) e Botafogo (fora);
Ponte: Vasco (casa), Criciúma (fora), Vitória (casa), Goiás (fora), Cruzeiro (fora) Grêmio (casa), Portuguesa (casa), Internacional (fora).
Bastante razoável que o Fluminense tem três jogos cruciais em casa onde não pode errar de jeito nenhum: Vitória, Náutico e o Atl-MG na penúltima rodada, este provavelmente com um time pra lá de reserva tendo em vista a disputa do Mundial Interclubes. Nos outros cinco jogos, quinze pontos em disputa; capturando três (uma estimativa baixíssima), teremos o total de doze pontos que, somados aos trinta e seis atuais, completariam os teóricos quarenta e oito da grande salvação – o que não quer dizer de forma alguma que alguém não vá se salvar com menos, como já se viu em temporadas anteriores.
Informação relevante: hoje, exatamente, hoje, além dos quatro times na zona de rebaixamento, sofrem ameaça matemática – por menor que seja – todos os outros que chegaram à abertura desta 31ª rodada com menos de 43 pontos pelas estimativas acima, a saber: São Paulo, Flamengo, Corinthians, Portuguesa, Coritiba, Fluminense e Bahia, onde o primeiro tem apenas quatro pontos de vantagem do último. Depois de domingo, todo o cenário probabilístico pode ser alterado ou não, dependendo dos resultados.
A coisa está feia para o Flu. Bem feia. O que não justifica faniquitos descontrolados ou pré-rebaixamento. O momento é de APOIO e isso significa dizer casa cheia nas partidas em casa, sem vaidades pessoais e joguetes do tipo “tomara-que-caia” típicos de momentos eleitorais do clube. Como bem disse nosso amigo Leo Prazeres nesta semana por aqui, depois da queda não adianta chorar. Empurrar o time para que 2014 não seja a tragédia do coma.
O brilhante ano de 2012 é passado bem-guardado na história, nas bibliotecas e na memória afetiva. A luta de 2013 é outra, é complicada, mas não tem nada de impossível. Absolutamente nada. Jogaremos no próximo domingo e, independentemente de outros resultados favoráveis, não podemos errar. Todos os esforços ficam contidos nisso. O placar de 1 x 0 contra o Vitória é um título.
Estimatimas falham, às vezes mais do que o devido. Contudo, com seis pontos acima da estimativa baixa – ou três -, dificilmente isso acontecerá ao fim da competição. Fazer o dever de casa apenas, com afinco.
E para quem gosta de se apegar ao passado de grandes desafios – superstição, ora! -, na última vez que enfrentamos o rubro-negro da Bahia sob grave ameaça de morte (muito, mas muito maior do que agora), a história foi desse jeito abaixo. Se não temos mais o time capaz de tal proeza, que tal a torcida fazer sua parte dignamente no novo Maracanã e, com isso, ajudar – e MUITO! – a evitar o pior?
O lema de agora? “Quem não atrapalhar já ajuda bastante”.
Panorama Tricolor
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