Pequenos obstáculos (por Paulo-Roberto Andel)

decomposição

1

De férias, ou de segunda pré-temporada ou o raio que o parta, o fato é que, por piores que sejam as partidas no ano, é muito chato ficar sem acompanhar o nosso time em campo.

Então as manchetes, que já não são lá grande coisa, mergulham no mar da futilidade. Pequenos passatempos de condução duvidosa enquanto a bola não rola.

A pausa num ponto é boa: o foco sai do campo e isso talvez permita a Drub construir a chamada “campanha digna” para o Brasileiro com mais tranquilidade – leia-se não cair. Em outro, muito bem lembrado no Globoesporte pelo espetacular Gustavo Albuquerque, antes noticiado pelo NetFlu, tratando da questão empresarial na construção do elenco do Fluminense, não.

Mas o que mais me assusta nessa história toda é outro foco, cuja metralhadora dispara para todos os lados, inclusive acertando a mim mesmo com uma bala perdida – ou bem encomendada pelo mal, segundo alguns.

Dia desses, conversando com um dos maiores torcedores que temos, pessoa de caráter inquestionável, marcada na história tricolor, pequeno trecho me chamou a atenção: “Não sei dizer a hora em que a coisa desandou para se tornar um ninho de cobras”.

Outro grande escudo do Fluminense a nos defender com força e enorme talento na internet, no sábado passado: “Há pessoas que precisam entender de vez a grandeza do Flu. Estamos nos apequenando”.

Um dos nossos grandes escritores: “Nunca vi um clube tão autofágico quanto o Fluminense. Não precisamos de inimigos externos.”

Nos últimos dias, fui procurado por dezenas de sócios do clube e torcedores de todos os segmentos. Cerca de 97% deles merecem todo o apreço e o respeito pelas palavras, mesmos das quais discordo. Duro mesmo foi ouvir vários causos embutidos em diversos relatos. A julgar que tudo fosse verdadeiro – e tenho plena fé de que não seja -, eu seria obrigado a desistir do futebol, tamanho o nojo. O problema não está nas eventuais hipérboles de pescador, mas nas entrelinhas.

Síntese do que li e ouvi dos causos numa palavra: decomposição.

Sobre os 3%? Lixo não reciclável. Nojo.

A história não perdoa covardia, má fé e hipocrisia.

2

Do lugar onde vim, caráter, dignidade e combate às injustiças são obrigações e não opções oportunistas. Sigo desta mesma maneira em meu dia a dia, o que muitos não conseguem. Só preciso do Fluminense para exercer meu amor e gostar de futebol. Mais nada. N-A-D-A. Espero ter sido claro, exceto para os idiotas.

Antes que o primeiro de muitos débeis mentais acenda a vela de sua colossal ignorância nas redes antissociais da vida, não sou candidato a porcaria nenhuma nem como síndico do meu prédio (que, por sinal, está precisando de gente como eu, que conheça muito bem as operações fundamentais do Cálculo). Também não preciso de dinheiro do Fluminense (que, aliás, ele não tem, ao menos para as coisas realmente importantes): vivo bem com meu modesto salário, sou bem empregado numa instituição nonagenária que me contratou por apurado processo seletivo, sou um dos profissionais há mais tempo em atividade na minha função em todo o país. Não trairia a memória de meus pais no papel vil de um puxa-saco encostado num canto qualquer de Álvaro Chaves.

Quem precisou de mim no fim de 2013 e começo de 2014 foi o Fluminense e não o contrário. Sei muito bem onde eu estava: combatendo a parte calhorda da imprensa esportiva brasileira diariamente, durante o maior massacre midiático que o Tricolor sofreu em toda a sua história. E de graça, enquanto alguns almofadinhas prepotentes pareciam avestruzes com as cabeças enfiadas debaixo de tablets… borrados de medo… encolhidinhos esperando o tiroteio passar. São os mesmos que andam com seus peitos de pombo agora mas tiveram dor de barriga quando o bicho pegou em Barueri 2010, viajando 500 quilômetros de volta com as calças sujas. Cachorrinhos da “raça” Pompom querendo posar de pitbulls

Por sinal, o próprio Fluminense reconheceu a minha luta meses mais tarde, de forma institucional em seu CDel, o que evidentemente deixou muita gente com recalque e inveja. Não precisei nem preciso bajular gente do Clube, o que poucos podem dizer.

3

Primeiro livro publicado no país sobre o drama de 2009, a grande campanha da Sulamericana e o tricampeonato Brasileiro em 2010. Primeiro livro publicado no país sobre o grande ano de 2012, relatando as conquistas do Carioca, do Brasileiro e a inesquecível vitória sobre o Boca Juniors na Bombonera. Primeiro livro publicado no país sobre a histórica conquista do Centenário em 1995 no Fla-Flu imortal, trazendo a público todos os jogos da competição, vários vistos por pouquíssimos torcedores. Sozinho, o gol de barriga mereceu 30 páginas. Coautor do primeiro livro publicado no país resgatando e denunciando as “viradas de mesa” no futebol brasileiro, o caso Flamenguesa e combatendo as mentiras que cercam a “terceira divisão” para humilhar o Fluminense a todo momento, lançado simultaneamente ao maior ataque midiático que o Tricolor recebeu em toda a sua história, contrastando com o silêncio funéreo das Laranjeiras. Primeiro e-book sobre o Flu na história, a confirmar.

Para fazê-los, contei com o apoio das editoras que acreditaram nos projetos, alguns colaboradores nas obras e as minhas centenas de horas de trabalho árduo para redigir cerca de 530 páginas no total. Aqui no Panorama já publiquei mais outras 1.200 páginas GRÁTIS, em quatrocentas e tantas colunas e outras centenas de horas. Os números falam por si. Ah, direitos autorais? Pagaram alguns chopes. Valeram como se fossem tíquetes-refeição…

Você aí, que flatula bobagem na internéti sobre este escritor, trabalha pelo Fluminense de graça ou tem um levadinho (aka Tim Maia)?

4

O PANORAMA bateu neste abril seu recorde de pageviews e visualizações desde a sua fundação, em 2012. Obrigado a todos os que prestigiam este nosso sítio. Nada abala um gesto de amor ao clube realizado diariamente, sempre com dedicação e dinheiro do próprio bolso.

5

Parabéns totais a Dhaniel Cohen e Heitor D’Alincourt por mais um lançamento. Agora, o primeiro e-book oficial do Fluminense, inédito no mundo. Pessoas como estes dois amigos fazem o Flu valer a pena, ao contrário de nocivos roedores que contaminam o ambiente. Gente que batalha de verdade pelo bem do Tricolor, que o resgatou da Idade Média cultural outrora reinante nas Laranjeiras, ao lado de Bolt e Carlos Santoro. Numa administração comprometida com a excelência, deveriam receber tapete vermelho no clube. A Dhaniel e Heitor, toda força sempre. São exemplos de dignidade, competência, talento e dedicação numa engrenagem esgarçada. Espero sinceramente que, no futuro, aconteça a digna e merecida valorização do Flu Memória.

6

Agradecimentos de coração aos escritores Ernesto Xavier, Ise Cavalieri e Sergio Trigo (PANORAMA), Gustavo Albuquerque (Globoesporte), Eduardo Coelho (Cidadão Fluminense), Marcelo Pitanga, Valterson Botelho (Ídolos Tricolores) e Roberto Sander (NetFlu).

Ao querido jornalista Ricardo Mazella (EBC/ Canal Fluminense).

Aos cronistas/apresentadores/jornalistas Zeh Augusto Catalano, Felipe Fleury, Marcus Vinicius Caldeira, Nelson D’Elia, Isabela Cabral, Laís Felinto (PANORAMA); Vinicius Rezende Toledo e Antonio Gonzalez (Explosão Tricolor); Paulo Brito (NetFlu); Hugo Ottati (Buteco do Tricolor); Gustavo Valladares (Rock Flu).

E dezenas de torcedores do Fluminense, sócios, conselheiros etc. Diante desse esquadrão, qualquer mentira a respeito de meu nome, meu caráter e minha dignidade toma o aroma que merece: o do cheiro do ralo.

7

Pensando bem, num país onde a Polícia solta cachorros e bombas em cima de professores, onde a ética e a memória são seletivas, onde a hipocrisia é uma espécie de oxigênio, onde o Alemão é um Brasil em guerra, gastar tempo com seis flubabacas é algo pequeno. No fim, eles acabam significando o que realmente são: nada. Moscas de padaria da internéti. Ou, como diria o inesquecível homenageado abaixo ao entrevistar Agnaldo Timóteo: “Você é uma bobagem…”

8

No desenhar destas linhas, veio a notícia da morte de Antônio Abujamra. Uma perda irreperável, por mais que o tempo seja implacável. Um soco na cara do Brasil. Abu conduzia há quinze anos o melhor programa da televisão aberta brasileira, “Provocações”. Gênio das artes. Fica uma modesta homenagem ao mestre, quando recitou outro monstro: Manoel de Barros.

9

IMAGENS QUE DIZEM TUDO PETER SIEMSEN

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

Imagem: pra/ guis saint-martin

voleio guis saint martin 27 04 2015

2 Comments

  1. Nós, tricolores, somos quem devemos agradecer à sua perseverança na luta pelos interesses do Flu. Obrigado!

  2. Andel,

    Estava atrapalhado com notas e faltas de alunos.

    Mas publicarei um texto no CIDADÃO FLUMINENSE em solidariedade ao ocorrido.

    Saudações Tricolores!!!

    EDUARDO COELHO

Comments are closed.