Vez em quando, mais constante do que seria suportável, aparece algum oportunista de views e aspirante a influencer do momento, tentar contra o torcedor e à torcida.
O que chama atenção, curiosamente, é o fato de um padrão estranho: toda vez que alguma pseudo-personalidade aparece no canal oficial do clube, não passa muito tempo, começa a atacar o torcedor, supondo que seria esse ente abnegado, apaixonado e destratado por essa e outras gestões, o grande culpado pelos fracassos repetidos e retumbantes do Fluminense, em campo e fora dele.
Quantos torcedores precisariam estar no estádio, para que fôssemos campeões da Libertadores em 2008? Quais foram os espertinhos, que ao decidirem não ir ao Maracanã, nos impediram de, em 2009, vencer a LDU na final da Sul-Americana, no mesmo Maracanã?
O indivíduo que ousa pensar ou faiscar na cabeça a ideia de ter o torcedor como o culpado pelas mazelas – e são muitas – da nossa mais-que-centenária história, além de estupidez e tacanhez mental, aponta sua fadiga intestinal e sua frustração arrogante para o alvo errado.
Ora, não seriam os gestores, aqueles que dão dois ou mais treinos, os que assinam os cheques, aqueles que de tão cordeiros e fiéis aos chopins dos cofres do clube, não seriam transparentes (mesmo se dizendo ser, como sempre) sobre os gastos com os salários dos atletas, mesmo que com uma baioneta apontada para sua cabeça, os responsáveis-mor pelo conjunto de fracassos que somos obrigados a engolir?
Será mesmo que o torcedor, que em muitas vezes tem outras ocupações e decisões de suas vidas, por necessidade ou por simples vontade, inclusive a de não ser atraído ao estádio, o culpado pelo Fluminense perder costumeiramente, sobretudo na última década?
Na verdade, é o torcedor, do mais pobre, que mal consegue um tanto para comprar um ingresso, ao mais abonado, que tem uma vida de desprendimento e abnegação, pagando seu título de sócio, comprando aos baldes, produtos oficiais e licenciados, que mantém alguma grandeza e vida ao massacrado e extirpado Fluminense.
É o torcedor a única razão de o Fluminense ainda estar de pé, resistindo a repetidos saques e apequenamento por iniciativa dos seus administradores.
Portanto, senhores da razão e malabaristas, lavem as bocas com creolina ou água-raz, pincelada com álcool isopropílico, para falar qualquer ai sobre o torcedor. Existem tantas maneiras de aparecer, e vocês já conhecem algumas, desde a participar de produções que exaltam os fracassos do clube, como a da eliminação da Libertadores, como soltar rojões de dentro do banheiro, aos gritos.
Querer aparecer para seguir açoitando o torcedor, é na verdade a maior evidência de embriaguez de sucesso e deflagre de suas insignificâncias retumbantes, se retirarmos o selo Fluminense de suas imagens associadas. Nessa conta tem até ex-cantor, que sempre curtiu bancar uma de engraçadinho de apartamento gourmet.
Os culpados podem ser os dirigentes que contratam mal, os empresários que empurram tra queira para o Clube, o Treinador que inventa estranheza dentro das quatro linhas, e até os jogadores sem vontade, sem sangue, que reclamam de jogar 2 vezes na semana ganhando na casa dos 3 dígitos.
Mas o torcedor?
O torcedor entra em campo? O torcedor escala? O torcedor contrata?
O torcedor não pode nem mesmo mais torcer, sem que lhe seja dada uma bronca pela vaia ou pelo aplauso.
A culpa é dos energéticos, diria o Chaves do Oito.