Tenho falado aqui muitas vezes sobre certa análise crítica feita sobre o Fluminense, avaliando cada partida isoladamente, sem levar em conta o atoleiro vivido pelo clube há quase uma década.
Uma coisa é discutir a atuação do time em cada jogo. Outra é analisar a conjuntura num todo. Aí está o problema: o erro de inferência. Julgar o geral pelo particular.
Torcer fervorosamente pelo Fluminense em nada deve significar uma postura de cara de paisagem ou de claque, aplaudindo as besteiradas que infelizmente são regulares nas Laranjeiras, seja pelos seus atores principais, secundários ou periféricos. Nesta semana tivemos dois exemplos ruins: o vice de finanças dizendo em rede nacional que a torcida tricolor não assina os cheques do clube, numa tentativa quase humorística de justificar a saída súbita de Evanílson, assim como o empresário número 1 do clube sugerindo que a mesma torcida que protesta é a que futuramente será agradecida. Um verdadeiro escárnio.
No momento em que a torcida, fabulosa e voluntariamente, faz uma campanha de associação em massa ao Fluminense, a declaração sobre a assinatura de cheques é, no mínimo, falta de bom senso. Esmagado financeiramente, atrelado ao extrativismo de rifar jogadores da base para pagar uma folha salarial repleta de nomes bastante discutíveis, o Fluminense precisa de sua torcida não apenas porque ela é a razão da existência do clube, mas também a da sua sobrevivência.
No mais, a declaração debochada de um agente de jogadores em direção à torcida de um clube é fato inédito no país, ou quase isso. O cidadão em questão habita o universo Fluminense há pelo menos quinze anos, sendo ligado a jogadores sofríveis vestindo a camisa tricolor, salvo exceções. E não é coincidência ligar essa opulência empresarial ao fato de estarmos tão próximos de oito anos sem conquistas marcantes, com exceção da Primeira Liga em 2016.
Enquanto isso, aumentam os rumores de que, em vez de se preocupar com os pontos acima, o clube monitore os chamados influenciadores digitais, seja em sites e blogs – alguns que até empenharam anos de campanha sugerida para o atual presidente, para subitamente se transformarem em oposição ferrenha, sinalizando a velha cartilha do aliado traído -, seja nas redes sociais, com o objetivo de eliminar e intimidar críticas até mesmo por meio de processos judiciais. A se constatar que seja realidade, é também prova inequívoca de que a atual gestão do clube está infectada por velhas – e deploráveis – práticas da nefasta Era Peter Siemsen. Uma coisa é a prática de crimes virtuais, pelos quais todo criminoso deve responder – por sinal, os gabinetes do ódio tricolor nesta década possuem toneladas de delitos digitais dos mais diversos; outra é a expressão de opinião crítica que, feita sob o respeito às leis e à dignidade da pessoa humana, constitui um direito legítimo e inalienável.
Enquanto isso, o Tricolor sofre a cada nova temporada com elencos inchados, desequilibrados, com dificuldades competitivas, lutando sucessivamente contra rebaixamentos com atuações frágeis e, no máximo, fazendo papel de figurante irregular. Some-se a isso uma tonelada de ações judiciais caríssimas, às vezes de jogadores que a torcida sequer se lembra ou que jamais entraram em campo, enquanto promessas como Evanilson e o jovem Marcelo Pitaluga. Assim, o sonho e o pesadelo vivem feito irmãos siameses na cabeça do torcedor, martelando uma pergunta que infelizmente sintetiza tudo o que temos vivido dentro e fora de campo: qual será a próxima jogada ensaiada do Fluminense?
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Quando o jogo começa, nada mais importa. Ninguém é mais importante do que o Fluminense em campo. Precisamos vencer o Corinthians. Podemos vencer o Corinthians. Torcer é exercer amor, é abrir mão da racionalidade. Torcer é acreditar.
O Fluminense não tem dono. Ele pertence à sua torcida. Nenhum dirigente domina o Fluminense, nenhum gabinete do ódio, nenhum grupo político, nenhum dono de sauna. Há quem se esqueça disso, mas nunca é tarde para cair em si.
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Hoje tem pré-jogo do PANORAMA às 15 horas e pós-jogo logo após o término de Fluminense x Corinthians. Em nossa página no Facebook.
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