Editorial – Por que a torcida vaiou o Fluminense?

Depois de anos em ritmo de correr para não chegar e um início de temporada tímido, o Fluminense parecia finalmente pronto para grandes decolagens rumo a títulos de expressão. A goleada na final do Carioca e o bicampeonato local serviram de ilusão para tal.

De repente, o time que era chamado de “Nova Máquina” (com todo o ridículo no uso indevido dessa expressão) desandou e há mais de um mês prima pela mediocridade. Foi eliminado na Copa do Brasil com um chute no traseiro, se mantém com boa colocação no Brasileiro mas sem jamais ameaçar o líder e, por fim, conseguiu confirmar a classificação na Libertadores com duas derrotas, um empate e um futebol abaixo do padrão.

Sim, o Fluminense 2023 chegou a fazer grandes partidas na temporada, mas daí a igualá-lo ao time mais emblemático de nossa história foi um exagero que beirou o absurdo.

Os grandes campeões possuem elencos qualificados, o Fluminense não resiste a três desfalques. Os grandes campeões efetivam suas revelações, o Fluminense improvisa jogadores para não colocar seus juniores. Isso sem falar dos tesouros dos empresários amigos.

Como cerejas podres do bolo, o auxiliar técnico que põe o dedo na cara do torcedor, o treinador que tem faniquitos à beira do gramado e o presidente que ameaça até jornalistas reconhecidamente simpáticos ao seu ego. Três situações, três patetas. Três gestos que demonstram a pequenez de seus protagonistas. Três atos graves que não condizem com a grandeza do Fluminense e de sua torcida, promovidos por pessoas pequenas, apoiadas nestas sandices por seus bajuladores e panfleteiros de redes sociais.

Os que já se acostumaram com as campanhas dign@$ fazem vista grossa para as conquistas primordiais. Não vai dar. Falta dinheiro? Depende: para contratar veteranos decadentes, nunca. Depois é só dizer que lutamos muito, mas não dá para enfrentar o sistema.

Que sistema?

O que loteia a lateral esquerda do Fluminense há anos? O que torna todo jovem com potencial lucrativo um “problema”? O que roda 60 jogadores em três anos e meio, sendo 50 deles obscuros e discutíveis? O sistema Live Sorte?

Que sistema?

O dos balanços de araque, cheios de ressalvas, cuja veracidade é equivalente a uma tira de papel higiênico usado?

O pior é quem ainda trata isso com reducionismo patético, argumentando que todos os clubes trabalham com empresários. Não há dúvidas quanto a isso; a diferença é que nenhum outro clube brasileiro mutila tanto seus recursos esportivos em nome do empresariado quanto o Fluminense. Nenhum outro.

Na história de 121 anos, o Fluminense já desafiou definições, subverteu verdades ocas e inclusive ganhou títulos com dirigentes medíocres – caso atual, inclusive. Mas a noite desta terça-feira ficou marcada não por mais uma classificação às oitavas da Libertadores, e sim por uma sonora vaia de grande parte da torcida, sabedora da história de um clube que sempre foi marcado no passado por senso crítico, lucidez e firmeza de posições.

A vaia não foi apenas pela atuação, nem pelo resultado, mas pelo conjunto fétido da obra, marcada por maquiagem contábil, mentiras, omissões e muita retórica oca, incapaz de seduzir ouvidos e raciocínios apurados.

Independentemente do que o PANORAMA considere a respeito de outros veículos de informações e seus titulares – não é segredo para ninguém o quanto desprezamos vários deles, por motivo justíssimo -, o que aconteceu na terça-feira passada contra o youtuber Gabriel Amaral não foi uma atitude digna de um presidente do Fluminense, mas sim uma covardia que lembrou o personalismo de um capo da cúpula do bicho ou um miliciano em ação, tristes personagens cariocas conhecidos por acossar e humilhar pessoas quando estão acompanhados de seus capangas. Semanas atrás, quando torcedores estiveram no CT para cobrar resultados e conversar com jogadores, o presidente, conhecido nas redes sociais pelo apelido de “Pavão”, mais pareceu um avestruz com a cabeça enfiada na terra até que os ânimos se acalmassem
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Nota: este PANORAMA TRICOLOR encontra-se à disposição de todos os atores aqui citados ou lembrados para o devido contraditório, como reza a prática do jornalismo pautado pela ética e decência, sem chapa branca.

Especialmente no caso do presidente do clube, que aguardamos desde 2015 quando ocupava outros cargos, será uma honra recebê-lo e debater temas normalmente não explorados nas imprensas tricolor e convencional, ora por ignorância, ora por omissão.

Alguns exemplos: a fragilidade contábil dos resultados do Fluminense, as palavras do dirigente de futebol Elias Duba, a omissão abjeta diante da ameaça de destruição de um livro sobre o clube – tramada dentro do próprio Fluminense – e até mesmo o coirmão Botafogo de Futebol e Regatas.

Ao contrário de outros veículos, o PANORAMA não combina pautas nem perguntas com entrevistados de forma alguma. Nossa bancada, que conta com profissionais com mais de 20 anos de experiência, já entrevistou diversos expoentes, além de outros jornalistas e personalidades nacionais e mundiais como Gilberto Gil, Maria Bethânia, Ivan Lins, Carlos Alberto Parreira, Pinheiro, Assis, Bernard Rajzman, Bibi Ferreira, Letícia Spiller, Fausto Fawcett, Dado Villa Lobos, Noca da Portela, Oscar Niemeyer, Chacal, Paulo Casé, João Donato, Paulo Cezar Saraceni, Sérgio Britto e Ítalo Rossi, dentre outros.

Aqui não tem calouro entrando no ônibus, nem papagaio de pirata do clube.

1 Comments

  1. Prezadíssimo grande tricolor. Quem sou eu para questionar sua sabedoria futebolística das três cores que traduzem tradição? Então, modestamente, só quero fazer um contraponto à segunda frase do segundo parágrafo. São dois pontos que me chamaram a atenção. Talvez você me chame de reducionista (rs), mas 1) não vejo que tenhamos sido eliminados da Copa do Brasil “com um chute na traseira”. Fomos roubados no primeiro jogo com a mulambada, assim como igualmente roubados no primeiro jogo do Campeonato Carioca. No Carioca o roubo no primeiro jogo não redundou em prejuízo para nós. Conseguimos reverter. Na Copa do Brasil porém, o roubo funcionou, quando (i) nos deixaram sem um zagueiro com 6 minutos do segundo tempo, (ii) não expulsaram o Gabigol pelo pisão no Ganso, (iii) em cinco faltas nossas recebemos cartões em todas, (iv) enquanto os manés do outro lado cometeram 21 faltas sem levar um…

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