Dando continuidade ao esforço por uma aparência ainda mais extraterrestre, a “gestão” do Fluminense tomou uma providência para incrementar a reação do time no campeonato brasileiro: anunciou a promoção de uma verdadeira festa em setores do Maracanã para o jogo desde domingo diante do Avaí.
Se você pensou num mar de bandeiras ou numa tonelada de pó de arroz, é melhor tirar o cavalo da chuva. A programação trata de música sertaneja, pagode, brincadeiras de azaração nos telões e outras quinquilharias. Lembrando um dos maiores cronistas brasileiros, Sérgio Porto, apaixonado torcedor do Fluminense, está formado um verdadeiro Febeapá tricolor.
Longe de ser contra promoções que estimulem a vida de torcedores no estádio, este PANORAMA apenas entende que o melhor estímulo para a vinda da torcida é um time qualificado, sem jogadores fraquíssimos contratados a peso de ouro, sem veteranos ao término da carreira com baixa – ou nula – produtividade esportiva, sem jogadores barrados para a entrada de outros que agradam os eternos empresários ligados ao clube, e finalmente sem as jovens promessas rifadas a troco de mariolas.
Por mais que haja boa intenção na promoção, ela mais se parece com uma tentativa de desviar o foco da má fase e de algumas péssimas contratações tricolores, que repercutem diretamente no mau desempenho em campo. O maior exemplo disso é o próprio clube, que orienta uma política cultural perto de zero, completamente alheia à intelectualidade tricolor e de raríssimas boas realizações.
A ausência de grandes cabeças culturais pensantes nas Laranjeiras tem duas explicações simples: praticamente todas abominam as práticas da atual gestão e, em alguns casos, quem trabalha no clube está mais preocupado com a preservação do próprio contracheque do que com a expansão cultural do Fluminense.
Enquanto isso, o torcedor mais ingênuo é direcionado para passatempos que servem de cortina de fumaça sobre a realidade do clube. Resta saber que canção sertaneja ou pagode serão capazes de apagar as lembranças trágicas dos milhões de reais perdidos com Caios Paulistas, Wellingtons, Crissilvas e congêneres.
Se no campo a coisa não vai bem, fora dele a “gestão” tenta novas jogadas ensaiadas para se manter no poder. Porém, uma coisa é certa: pantomima e maquiagem eleitoreira não ganham jogo.