Nesta segunda-feira, o mundo já está tomado pelas justas manchetes sobre o estúpido episódio racista contra o jogador Vinícius Jr., mais uma vez contra ele, mais uma vez na Espanha e mais uma vez contra jogadores brasileiros negros. Una cena repugnante e abominável, transmitida para o mundo inteiro.
Em menor escala midiática, mas não menos grave, neste sábado o goleiro Caíque, do Ypiranga-RS, foi mais uma vítima de injúria racial durante a partida contra o Altos, no estádio Lindolfo Monteiro, em Teresina, pela quarta rodada da Série C do Campeonato Brasileiro. Aqui mesmo, no Brasil.
A exaltação ao racismo no esporte tem caráter mundial e lastimável. Não se limita aos campos argentinos, crença de desinformados. Está aqui, lá, na Espanha, na Itália, França, Rússia, Ucrânia, Romênia, Hungria e onde mais se procurar. Por isso mesmo, exige ações de impacto dos governos e sociedades nacionais. O rebaixamento automático de times com torcidas que cantam o racismo deveria ser pensado, no mínimo. O que não adianta é esperar a próxima vítima ser chamada de “macaco” ou coisa pior, para depois fazer cara de paisagem.
O racismo precisa e deve ser combatido com toda energia possível. Não dá mais para aceitar sem reação. E o mesmo vale para outras manifestações da estupidez humana, tais como a homofobia, a xenofobia, a gordofobia, o etarismo e o desprezo às populações desassistidas, afora muitas outras.
O futebol é um elemento muito importante de integração social. Assim sendo, não pode se eximir destas questões em nome da alienação. Não se pode tratar o mundo do futebol como algo à parte, sem regras nem leis. Mais do que falar, os poderes constituídos precisam agir e à altura das agressões que se repetem diariamente.
Parabéns ao Fluminense pela manifestação sobre Vinícius Jr. É o que se espera de um clube que há mais de 100 anos desafia a homofobia, assim como sofre o apedrejamento midiático – e mais recente de pretensos historiadores – sobre questões racistas. Claro, ficam emudecidos quando se fala de Alfredo Guimarães, jogador negro, no time tricolor em 1910, e também sobre a verdadeira história de Carlos Alberto em 1914, que criou a mítica do pó de arroz. Mas o silêncio sepulcral vem mesmo quando se sabe que Pixinguinha e seus Oito Batutas decolaram para a glória nacional e internacional no Salão Nobre das Laranjeiras, antes dos anos 1920.
O racismo no futebol brasileiro ainda precisa que o assunto seja devidamente desvelado, com o risco de queda de muitas máscaras.