Editorial: a inusitada matemática da PM carioca

A festa do Fluminense não deixou um centímetro livre no Centro do Rio. A multidão tricolor ganhou as ruas do coração carioca, promovendo uma celebração inesquecível e pacífica. Gente de todas as regiões, classes, formações e localidades, símbolo de um Fluminense gigantesco e plural. Tantos tricolores por toda parte que os menos informados até se assustaram com a quantidade de gente, pensando erradamente que o Fluminense tinha muito menos torcida do que na realidade.

O único senão da grande festa do campeão da América nada tem a ver com o universo Fluminense. Trata-se da completa bola fora da PM em relação ao número de presentes, com uma estimativa inusitada para baixo, bem de acordo com os famosos engodos praticados pelos institutos de pesquisa e seus porta-vozes na banda podre do jornalismo esportivo.

Fato é que qualquer observador de movimentos populares no Centro do Rio sabe que a estimativa de cem mil tricolores neste domingo é simplesmente ridícula. Fotos e vídeos deixam clara a enorme mobilização da torcida do Fluminense. Falar em menos de duzentos mil tricolores é simplesmente uma piada de mau gosto.

Importante dizer que esse tipo de estimativa prejudica não apenas a imagem do clube, mas também seus negócios em diversas esferas.

A PM, com seus altos e baixos, é uma instituição fundamental para o Rio de Janeiro. Justamente por isso, precisa oferecer números consistentes, fruto de estudos e atualizações baseados em Estatística, até para não ser desmoralizada. Deveria valer o mesmo para a imprensa esportiva, mas boa parte dela já deixou para trás qualquer fiapo de vergonha na cara…

Com o tempo, os 70.000 corintianos de 1976 já se tornaram quase 200.000 nos dias atuais. Até agora o Rio espera os 150.000 torcedores do Boca Juniors que iriam invadir o Rio. E agora, essa estatística mequetrefe da multidão tricolor no domingo.

Não era propriamente futebol, mas nunca se chutou tão mal quanto nos casos acima.