Ecos de sábado (por Paulo-Roberto Andel)

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As gralhas

Belo animal digno de todo respeito. Mas não me veio outra lembrança por ora, quando penso na simpatia forçada de dezenas de funcionários no Novo (aspas imaginárias) Maracanã.

Mal você chega ao estádio, alguém quase voa no seu pescoço como se você fosse um completo imbecil e não soubesse onde está. Depois de passar por um barreirão, comprovando que o seu único interesse é apenas validar o seu acesso ao Maracanã, pode pensar em alívio. Coisa nenhuma: gralhas e gralhas quase puxando você e dizendo “Suba a rampa!” ou “Ande com os dois pés” como se todas as pessoas que lá estivessem fossem portadoras de severíssimas restrições motoras/ mentais.

Novo Maracanã, velhos problemas. O novo estilo asséptico do estádio, aliado às decisões do Consórcio, fez com que – mais uma vez – houvesse filas imensas para se comprar ingressos. A velha desculpa de se culpar quem não realizou a compra antecipada é furada: com ingressos a dez reais, é claro que milhares de pessoas viriam à ultima hora. A lentidão para se abrir o setor Norte do Maracanã aos torcedores do Flu na partida contra o Figueirense é um sinal claro de que, se o estádio é novo, o desrespeito ao torcedor é velho. Com os dois setores liberados, o conforto seria muito maior para todos; contudo, há quem creia que não se deva respeitar quem pagou apenas dez reais pelo espetáculo. Medida inteligente: desde o fechamento do Maracanã em 2010, o Fluminense precisava resgatar seu público de volta.

Reações livres

Quem não foi ao Maracanã teve a impressão via TV de que foi uma belíssima festa da torcida do Flu, em clima de unanimidade de opiniões.

Em termos de beleza, incontestável. Unanimidade, não; aliás, longe disso.

A diferença é que o povo voltou ao seu habitat natural e isso tirou do circuito qualquer tentativa de atos individuais de violência, assim como de elitismo hipócrita. A maioria foi pra se divertir, rir, cantar e escolher livremente seus heróis do dia. O Fluminense é um time só, tem uma torcida só e, dentro dela, o pensamento é livre. Não há espaço para governadores gerais do que se canta, aplaude ou vaia. Havendo pleno entendimento, ótimo; caso contrário, o respeito às divergências é suficiente, principalmente aos artífices da festa.

Para desespero das viúvas do passado, bola dentro do atual governo a respeito do preço barato dos ingressos.

Nunca é demais recordar o genial poeta Carlito Azevedo: “Eu não sou vigia da poesia alheia”.

E que não há Judas Kfouri capaz de trair a verdade sobre o Tricolor.

O futuro

É claro que o Fluminense precisa de reforços e ainda tem velhos problemas, como a questão do arranque para o ataque. No entanto, parece claro que Cristóvão sacudiu um time com jogadores que pareciam fatigados no ambiente tricolor.

Ninguém tem dúvidas da qualidade do elenco do Flu, o que está longe de não se perceber a necessidade de melhoras e opção de nomes.

O principal responsável por isso chama-se Cristóvão. De sacudir adversidades, ele é mestre: que o diga o saudoso zagueiro rubro-preto Manguito.

Aquele 1979 está bem aí. Mas vamos tratar de reforços. Por enquanto, sair na frente foi ótimo. É certo que o time do ano passado era muito melhor que sua colocação em dezembro. Em 2009, também. Às vezes no futebol, a desgraça de um dia pode ser a consagração vitoriosa do seguinte. Melhor do que a chamada vida real.

O saldo: muita esperança, algum otimismo e nenhuma fanfarronice. Ainda é cedo. Tomara que as coisas aconteçam.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel

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