Domingo a gente vai no Maracanã (por Paulo-Roberto Andel)

Com 18 jogos a cumprir pelo Brasileirão 22, o Fluminense está num momento decisivo: não pode errar, especialmente em casa, para não deixar o Palmeiras se distanciar e nem perder postos no pelotão de frente. Do segundo ao sétimo colocado, é um bololô com amplitude de duas vitórias para um time decolar e o outro desabar.

Ao mesmo tempo, o time corre o risco natural de queda de rendimento que todos experimentam na temporada. É outra luta: conjugar o momento, quando ele vier, com novas vitórias.

Por fim, o essencial e óbvio: quando joga com o time priorizando o bom futebol (descontando os caiospaulistas da vida), o Fluminense domina e mantém o rendimento. Quando chega a hora do urambol (ou francisbol se preferirem), com a indigesta entrada de ex-jogadores em atividade, ou visivelmente sem ritmo, o Tricolor tropeça e quase cai de cara no chão. Taí o grande desafio para Fernando Diniz, treinador inovador que precisa de grandes títulos para deslanchar sua carreira de vez.

Certo mesmo é que teremos um grande público logo mais. A torcida tem sido fiel neste momento, e a direção do clube não pode reclamar de uma vírgula a respeito. Ok, enche mas não lota completamente porque o Fluminense tem contrariado alguns princípios da matemática elementar: 50.000 não é igual a 43.000 por exemplo. Vamos lá, de toda forma.

Salvo 2012, a história do Fluminense é marcada por conquistas no último grão da ampulheta, no apagar das luzes, tudo muito longe de um ou outro bobo alegre celebrando pré-título. Com exceção do Carioca 22, merecidamente comemorado mas longe de ser o que já foi um dia, continuamos sem grandes títulos e sem grande expressão continental contemporânea. Tudo isso só virá com o triunfo pelo menos na Copa do Brasil, mais a confirmação em campo no Brasileirão. A história de um clube gigantesco não se resume a pré-Libertadores ou um sétimo lugar. É preciso mais, bem mais.

A maior prova de que ainda há muito a ser feito vem da própria estatística descritiva de jogos do clube na temporada. Pela primeira vez desde 2012, o Fluminense ultrapassou a barreira de 50 vitórias neste 2022. Assim sendo, os parabéns vão junto com as vaias para a turma que toca o clube há dez anos, salvo uma ou outra maquiagem ali, roupa trocada lá. Lembrando que o time da gestão tinha Cris Dassilva, Felipe Melo, Wellington, Willian Bigode e Fred 2022 como titulares absolutos. Com tudo que se possa criticar, a importância atual de Diniz é facilmente percebida.

Que venha aquela vitória maneira sobre o Cuiaban Team.

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Espero que Jô Soares, uma das maiores expressões artísticas de todos os tempos, tenha ao menos uma homenagem respeitosa no Maracanã. É pouco perto do que deveria ter sido feito em vida.

Jô foi um dos maiores humoristas brasileiros, portanto nem o Flu era poupado de suas piadas, fato nem sempre compreensível por todos. Contudo, foi das celebridades que mais comentaram o Fluminense na grande mídia. Seu amor pelo Flu começou nos anos 1940, quando morava com seus pais em uma casa na rua Farani, a metros do palco principal da gênese do futebol brasileiro.

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Espero que a conta da imposição de Fabio como o “maior goleiro do Brasil” não seja cobrada até o fim da temporada.

Nas vitórias também se critica.

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Com muita alegria, chegaram meus livros novos, “Polaroides do futebol carioca” (em parceria com Paulo Rocha e Marcelo Migliaccio) e “Maracanã, Íbis, esfiha, Fla x Flu e outras histórias”, celebrando meus 12 anos como escritor publicado.

Ambos não são livros exclusivamente sobre o Fluminense, mas logicamente o time tem uma grande presença neles. “Polaroides” foi escrito por três torcedores tricolores que rememoram suas adolescências no futebol. “Maracanã…” é uma coletânea de crônicas que escrevi como colaborador do maravilhoso Museu da Pelada: tem Rubens Galaxe, Fla x Flu, Zezé, Edinho, Super Ézio…

Na próxima semana o PANORAMA divulgará a data e local de lançamento. Muito obrigado a todos os que me têm prestigiado nestes 12 anos.