Dois jogos entrelaçados (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, os dissidentes estão eufóricos. Parece que eles alimentam a ilusão de que tudo está decidido. Não, o jogo do último sábado é testemunha de que não acabou. Repito: não acabou.

Ao contrário, o jogo do último sábado me faz lembrar do primeiro jogo da semifinal. Fluminense com o dobro de oportunidades de gols diante do Volta Redonda e vitória de 2 a 1 para eles. Pronto, lá vêm os analistas de resultado sem a menor cerimônia. Segundo jogo: Fluminense 7 a 0.

Certa estava a torcida do Fluminense ao final do jogo gritando que seremos campeões, pois foi exatamente essa a mensagem deixada pelo jogo, embora o resultado, com a mão amável do juiz torcedor, tenha vindo a estabelecer uma visão totalmente equivocada do que se viu em campo.

O Fluminense não só foi melhor que a Dissidência. O Fluminense é melhor e até o técnico deles, o único lúcido nessa Indústria Vital, reconhece isso. Tanto é assim que montou o time para anular nossas ações ofensivas e tentar chegar ao gol em bolas longas para o ataque, neutralizadas no primeiro tempo, porém não no segundo, muito embora elas não expliquem o resultado.
O Fluminense não foi brilhante, mas foi melhor e pode voltar a ser no próximo jogo. E isso até é uma tendência, porque temos mais time do que eles, muito embora Diniz tenha um problema enorme, que é a perda de Martinelli, que parece fadado a algumas semanas de tratamento de uma lesão sofrida no jogo.

É aí que começa o entrelaçamento entre o jogo de quarta e o de domingo. Porque cabe a Diniz encontrar uma solução para algumas situações, tanto num quanto no outro jogo. Seria a hora de Marcelo entrar na lateral-esquerda e de Alexsander ocupar o lugar de Martinelli?

Para responder a essa pergunta, precisaríamos estar vendo Marcelo treinar, o que não é possível. Não quero dizer que um jogo de Libertadores deva ser uma preparação para um jogo do vergonhoso Flamengão 2023. Sim, vergonhoso, há décadas, pois por aqui a competitividade e as rivalidades foram substituídas pela malandragem. O que explica um árbitro como esse tal de Wagner do Nascimento Araújo, responsável por decidir o título de 2017, ainda apitar um Fla-Flu decisivo?

O que digo é que estou emocionalmente envolvido com esse Fla-Flu. Assim como estive no Maracanã no último sábado, estarei no domingo, sedento pela vitória consagradora, contra todas as adversidades que já conhecemos.

Mesmo assim, minha análise é mais técnica. Acertar o time para quarta-feira é também acertar o time para o Fla-Flu. Uma coisa não exclui a outra. Marcelo na lateral e Alexsander no meio? É uma opção. É hora de testar. Temos mais cartuchos para seis jogos na fase de grupos da Libertadores do que para a final do Flamengão.

JK no lugar de Keno, pensando no jogo de quarta e, também, no de domingo? Acho válido, com Lelê a postos para o segundo tempo. Por que? Porque tudo me sugere que seria ótimo ter dois atacantes atuando em cima da linha de três zagueiros da Dissidência: Cano e JK. Lelê não pode atuar, pois já jogou o campeonato pelo Volta Redonda. Então, temos que testar algo que possa ser colocado em prática no domingo, com Arias podendo voltar a flutuar por todas as posições do meio e ataque.

É só uma opinião, uma ideia, não ouso mais desafiar o Diniz depois das semifinais. Apenas faço meu papel como analista. Diniz terá que se acostumar a rodar o elenco, isso não tem jeito. Por mais louco que possa parecer, a hora é agora, com dois jogos decisivos.

Porque o jogo contra o Sporting Cristal é estrategicamente importantíssimo. Como eu disse, os jogos estão entrelaçados e uma coisa não anula a outra. Acertar na quarta pode significar acertar no domingo e não há quem me convença de que não seja o time, e não o jogo, o que deva ser priorizado. O time.

Acredito em Diniz, não vi nó algum de Vitor Pereira e considero que o Fluminense tem plenas condições de atropelar Cristal e Dissidência nos próximos dias, para que o Maracanã possa ser o palco de um domingo memorável, com uma grande conquista tricolor.

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Fui, infelizmente, mais do que testemunha do lamentável episódio ocorrido na saída do Maracanã no sábado passado, em que um torcedor do Fluminense foi assassinado, a sangue frio, a menos de dois metros de onde eu estava.

A tal ponto, que fui o primeiro a tentar socorrer o Thiago, mas já era tarde. Só não sei se já é tarde para tentar mudar essa sociedade doente em que vivemos, em que matar é uma arte que se reinventa banal. Espero que não seja e sei que, se trabalho há, será árduo, algo que passa por uma transformação muito grande.

Meus sentimentos à família e amigos, saibam que senti profundamente esse episódio lamentável. E estou na torcida para que o outro rapaz se recupere. Que não desistamos de reivindicar nosso espaço de alegria e fraternidade nessa Terra sitiada pela superstição e pela selvageria.

Saudações Tricolores!