Dois grandes gols e algumas constatações (por Paulo-Roberto Andel)

A importante vitória do Fluminense no clássico deste sábado teve um tempero a mais: dois belos gols tricolores, daqueles que as crianças nunca se esquecem e os adultos se lembram por muito tempo.

O chutaço de Dodi é um prêmio por sua dedicação em campo. Ele não desiste. Proletário da bola, viveu seu dia de rei com um golaço que abriu os caminhos do Flu, mais uma grande atuação. Uma formiguinha incansável, valente.

Já o gol de Fred, também num chutaço, teve como marca a surpresa, numa raríssima finalização do artilheiro de fora da área em sua carreira, exceto pelo começo, quando se tornou nacionalmente conhecido ao marcar o gol mais rápido do mundo, do meio de campo, ainda nos juniores do América Mineiro. Uma bomba, que não deve ser minimizada de forma alguma por suposta falha do ótimo goleiro Fernando Miguel, até porque entendo que ela não aconteceu: o goleiro não esperava, nem o narrador nem nenhum espectador. Só o próprio Fred acreditou no lance e acertou em cheio. Ponto.

Dodi representa o Fluminense lutador, valente, sem fama, às vezes desacreditado. E Fred representa o Fluminense vitorioso do passado, ainda em busca de aplausos no final da carreira. Talento não lhe falta, mas condições físicas sim. Então é saber aproveitar o que pode oferecer de melhor. O mesmo vale para Paulo Henrique Ganso.

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O grande desafio de Odair Hellmann é justamente saber dosar a quantidade de sangue novo titular com os veteranos do elenco, que devem ser escalados com inteligência e no tempo devido.

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Mas afinal, o que mudou do time insosso da derrota para o Bragantino para cá, bem como da perda do Carioca?

Simples: basta ver a escalação do Fluminense que começou o clássico diante do Vasco. Apenas dois jogadores titulares da lista dos veteranos começando a partida, mostrando duas coisas: que Odair, gostem ou não, interviu na equipe, e que o planejamento da diretoria ficou longe do melhor Fluminense em campo.

Não existe histórico de sucesso esportivo de times no Brasil com seis ou sete jogadores na faixa de trinta e muitos anos. O bom senso indicava renovar a base do time e, cá entre nós, isso foi dito à exaustão nesta coluna e no Programa Panorama Tricolor. Não era preciso dar dois treinos para comentar futebol com lucidez.

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Sem passar a mão na cabeça de ninguém, nem usar de paternalismo, não custa nada acreditar na base tricolor e dar crédito aos jovens Marcos Paulo e Evanílson, assim como Calegari. Mesmo que oscilem, têm tudo para se afirmarem, exceto se a fúria da grana pescá-los para o exterior mais cedo do que se espera. Com altos e baixos, os oriundos da casa têm performances superiores a de Caio Paulista, por exemplo. É melhor acreditar num ex-junior do que em Kelvins e Ewandros da vida.

Sobre Marcos Felipe: é um bom goleiro, tem muito crédito e a bobeira no gol do Vasco não o derruba. Só para lembrar: neste domingo, os experimentados Cássio (do Corinthians) e Thiago Volpi (do São Paulo, que passou pelo Fluminense) falharam no clássico entre o Alvinegro e o Tricolor do Morumbi.

Nunca é demais lembrar: Muriel é o titular do Fluminense, mas Marcos Felipe é o futuro que não está tão longe. E Marcelo Pitaluga também.

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E o que se espera do futuro? O tempo dirá.

Num campeonato equilibrado, nivelado por baixo e sem arquibancada cheia, os times ficam muito mais emparelhados.

As boas vitórias recentes não credenciam o Fluminense a título algum até aqui, mas tranquilizam temporariamente e dão esperança para se ter o Flu longe da maldita briga pelo descenso. Convém não se iludir com colocações momentâneas, mas torcer para que seja trilhado um caminho de consistência.

O primeiro tempo contra o Vasco foi muito bom e o placar foi barato. O segundo, não. Ainda há muito a ser acertado.

Uma coisa é certa: o Fluminense que está dando certo no Brasileiro e na Copa do Brasil não é o dos sonhos iniciais da direção, mas sim o que está sendo escalado por Odair, com seus acertos e falhas. Que progrida, que melhore e que avance.

Por ora, ainda comemoramos com justiça o triunfo sobre o Vasco e torcemos por um ótimo resultado diante do Atlético Goianiense. Um passo de casa vez.

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Depois de escrever esta coluna no almoço de domingo, continuo feliz, comemorando a grande vitória sobre o Vasco – nosso adversário mais difícil há 27 anos – e o bom momento do Fluminense, mesmo efêmero. Pra começar uma boa semana, assim esperamos.

Panorama Tricolor

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