A torcida Tricolor está feliz e esperançosa. E faz tempo que esses sentimentos não invadem o peito dos torcedores, certamente desde 2012. Não é só o fato de estar vencendo, mas de estar jogando o futebol mais propositivo do país, sem que tenhamos no banco um técnico estrangeiro. E sem que tenhamos, sequer, um elenco dos sonhos, o qual, no início da temporada, era tido apenas como mediano, no máximo bom, pela imensa maioria dos Tricolores.
O que houve, então? A pergunta é obviamente retórica, porque dez em cada dez torcedores sabem, goste-se dele ou não, que o motivo é Fernando Diniz.
São dois meses e meio de Fluminense, pouco tempo, portanto. Nada conquistado, exceto o coração dos Tricolores e uma parcela da mídia esportiva que, embora ainda reticente, vê um Diniz mais maduro e realizando um trabalho sem renunciar a seu estilo, porém, em certos momentos, e dependendo da situação, relativizando-o.
Penso por aí, ou seja, que a “intransigência” dos seus primeiros tempos de técnico cedeu a um Diniz mais maleável, humanizado, inclusive no trato com os jogadores e, sobretudo, em relação ao seu projeto de futebol. Se compararmos com 2019, vemos hoje um Fluminense que é tão ofensivo quanto aquele, contudo, mais estruturado para se defender.
Diniz aprendeu com o tempo, com a chacota de parte da mídia esportiva e com aqueles que desprezaram seu trabalho sem dar a ele o tempo necessário para aprimorá-lo. É claro que o seu plano ainda precisa de muita correção, e é nítido que se percebe isso em cada entrevista coletiva, quando ressalta os pontos positivos da equipe, mas não deixa de expor as falhas e a necessidade de correção.
O pensamento de Diniz para o futebol é o pensamento de quem gosta do jogo bem jogado, para frente, para o gol. Sua estratégia deixou de ser uma utopia e tem se tornado bem real no Fluminense. Também foi, em certa medida, no São Paulo, quando tudo desandou de repente. Mas é preciso acreditar que Diniz evoluiu, e, principalmente, que aprendeu com os erros, crescendo como homem e profissional.
Ele quer ser campeão com um trabalho iniciado no clube, quer que, mais do que ele próprio, o seu projeto dê certo. E dará, em algum momento. Oxalá que seja em 2022, com o Fluminense.
Diniz encarna o espírito vencedor, sem nunca ter sido campeão como técnico, e por isso é fundamental que seu estilo se mostre vitorioso, para que ocorra, de fato, a derrota do pragmatismo que impregna os técnicos brasileiros, e faz o nosso futebol marcar passo há décadas.
Tenho certeza de que o torcedor, e aí falo de forma geral, prefira mil vezes um cara que, no vestiário, após um empate na casa de um grande adversário, reúne sua equipe e, indignado, critica o ponto fora de casa como se derrota fosse, àquele que, como a imensa maioria dos técnicos nacionais, senão todos, se daria por satisfeito com o resultado.
Fernando Diniz começou bem, muito bem, resta saber se terminará bem.
No entanto, quando a torcida canta: “♫o Fluminense vai jogar, eu vou ficar louco da cabeça, nada me interessa, sou tricolor, sou tricolor, sou tricolor! ♫”, é sinal de que ele conquistou o coração dos Tricolores, e que seja eterno enquanto dure.