Disparada tricolor (por Paulo-Roberto Andel)

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O jogo

O segundo Fla-Flu do ano com público razoável. Desta vez, por motivos gêmeos: o Dia das Mães e o horário da partida. Claro, a TV lucra e muito, a vassalagem engole. O infrator venceu: duas vezes sem mosaicos contundentes. Mais uma coincidência ou não, acabou sendo excelente para inibir manifestos tricolores. Cravem as dezenas da Mega.

Com dez minutos, o Fluminense começou dominando, fez o rival receber dois cartões amarelos e ainda marcou 1 x 0 num lance curiosíssimo: Fred marcou com estilo na cabeçada depois da cobrança de escanteio da direita. Se houve alguma irregularidade no lance, só poderia ser o pênalti cometido pelo goleiro Felipe, antes de sua patética saída dentro da pequena área.

Depois, uma administração de jogo tranquila: marcação firme, sem qualquer espaço. O Flamengo tinha a bola e não sabia o que fazer; o Fluminense vinha na boa, com algumas chances, numa partida corrida e de poucos brilhos individuais. Muito sarrafo também: mais cartões amarelos. No fim, Cavalieri foi um monstro defendendo a bomba de Samir na cobrança de falta. Veio a hora da água gelada.

Na volta, sem mudanças significativas, ao menos até o meio-tempo. O Flu leonino na marcação, os flamengos perdidos. Depois cresceram com o recuo e certo cansaço tricolor pelo grande esforço. Mesmo atabalhoados, tiveram suas chances, bem menos do que a propalada posse de bola.

Estava claro que era a hora de decidir de vez. Fred, cansado, deu vez a Walter. O jogo acabou: bela retomada dele, bola nos pés de Conca e o golpe final numa verdadeira disparada tricolor com a improvável finalização artilheira de Chiquinho, mais a certeira mão de pau de Felipe. Já fazia tempo que não liquidávamos um grande jogo no momento final. Recordar é viver.

De volta ao G4, ficaram a certeza do acidente contra o Vitória, a esperança de dias cada vez melhores e uma constatação: se Cristóvão fosse o treinador desde janeiro, o Carioca teria sido bem mais disputado. Carlinhos em dia de sim, Gum com força de chefe da manada, Wagner combatendo muito bem. Conca, monstro permanente.

Com reforços, podemos ir bem mais longe. Bem mais.

As mães do Fluminense estão felizes. O querido aniversariante argentino também. Os latifundiários das manchetes, nem um pouco.

O personagem

Final do primeiro tempo, repórteres em êxtase por depoimentos dos jogadores, o veterano Leo Moura sentencia que a derrota parcial de seu time deveu-se a uma irregularidade na suposta falta de Fred sobre o destrambelhado Felipe.

No limiar da carreira, rico, figurando entre os dez mais em número de atuações pela Gávea, Moura demonstra publicamente que não conhece as regras do esporte que pratica.

O feitiço contra a feiticeira

Basta RMP abrir-se em flor de ofensas contra o Fluminense, vide sexta-feira, por meio de sua coluna e a resposta vem em campo.

Qual herói negro não foi lembrado na bela homenagem das camisas do Flamengo no Fla-Flu de ontem?

O ladrilheiro 1981.

Com certeza o calunista lembra-se dele; afinal, é contemporâneo de um velho camarada: Zandonaide.

Ah, o amor.

O sentido da vida

A indiferença de ontem é o lamento de amanhã. O descaso de ontem é o arrependimento de hoje. O tempo não para. Nem para as manchetes.

Em memória de Jair Rodrigues (1939-2014)

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @pauloandel