Nos últimos dias, além do pobre futebol do Fluminense na vitória suada por 1×0 sobre o Resende, uma notícia que me chamou atenção foi a reportagem com Vagner Mancini sobre seu estágio na Europa.
Após alguns dias acompanhando os treinos do Bayern de Munique, Mancini assim destacou suas impressões sobre a experiência: “ficamos dez dias assistindo aos treinamentos e jogos do Bayern. Foi de grande importância observarmos o clube, que é um time bem armado taticamente, individualmente poderoso, porém com muita entrega dos atletas em relação à disciplina tática e principalmente à disposição e intensidade que eles praticam nos treinamentos.”.
“Muita entrega dos atletas à disciplina tática” sempre existiu no Velho Continente e costuma ser excessivamente observada e comentada no Brasil, pelos nossos incapazes treinadores, como fator de nossa queda e erro. “O que acho muito importante é a dedicação tática e a entrega dos atletas que seguem à risca aquilo que é planejado”, Concluiu Mancini.
É desanimador perceber o quanto nossos treinadores andam em círculos. O discurso é igual há pelo menos 25 anos e isso para não mencionar Claudio Coutinho, já nos anos setenta. As mesmas escusas, a mesma letra de que o problema é a indisciplina e a falta de profissionalismo do jogador brasileiro. Nunca é o técnico. Nunca é o trabalho de base.
Para os técnicos brasileiros, tudo é muito simples: Ganhou? “Os jogadores cumpriram bem minhas ordens.” Não ganhou e jogou mal? “Não fui eu que perdi o gol cara-a-cara e que falhei na defesa” Passou a ser questionado e a correr risco de demissão? “A cultura do Brasil é um lixo.”
Eu estou cansada dessa gente!
Eu vi Mancini jogar. Ele era um típico meia brasileiro: técnico, criativo, sabia ditar o ritmo tanto para cadenciar quanto para acelerar, o que conseguia com passes longos e verticais. Teve importante passagem pelo Guarani, pela Portuguesa e pelo Grêmio, em 1995, como reserva de Carlos Miguel.
Custa-me compreender como jogadores brasileiros de nível técnico apurado tornam-se treinadores robotizados. Sofreram lavagem cerebral nos cursos preparatórios, repletos de teorias táticas e físicas? Toda teoria tática e física é importante, claro, mas se perdem completamente na inutilidade quando escasso o preparo técnico do jogador.
Treinam dois toques em campo reduzido para aprimorar o raciocínio rápido, mas não treinam os passes em campo normal para recolocar o jogador no tempo e no espaço que ele realmente deverá jogar.
Deveria Mancini procurar o ex-jogador alemão, Paul Breitner, e perguntar como foi feito o trabalho de melhora técnica dos germânicos, especialmente, no que se refere a lançamentos e passes longos e verticais. Ou mesmo descobrir onde estão os nossos “Robbens” e “Xabi Alonsos”.
Fisicamente, o alemão, o inglês, o italiano, ou qualquer europeu em geral, são fortes. Sempre foram. As escolas europeias sempre jogaram dessa maneira: conduzindo a bola com intensidade e correria na saída da defesa para o ataque. Mas para ter o que brasileiros e argentinos tinham, o drible e lançamentos longos, pagaram milhões.
E babam, não pelos “Dungas” que eles têm aos montes, mas sim, pelos “Messis” e “Neymares”, os dribladores frontais, que derrubam qualquer retranca e disciplina tática. Justamente o que o Brasil não quer mais usar porque prefere os com intensidade física e disciplina tática. Com isso, não perca as contas: “Gol da Alemanha!”
Passamos a imitá-los sem ter fisicamente a força deles. Ou por complexo de vira-lata ou por interesse do empresário em “europeizar” o nosso jogador para negociá-lo. Porém, os espanhóis, ibéricos como nós, passaram a jogar e brilharam, tendo como uma das principais referências, ironicamente, o Brasil de 82; enquanto os alemães trabalharam intensamente na qualidade técnica dos jogadores, ou seja, aperfeiçoando seus fundamentos, especialmente, o passe longo.
Passamos pela mais vexatória derrota da história do futebol. O 7×1 da Alemanha parece mesmo que não modificará a arrogância dos dirigentes, a limitação dos treinadores r nem a ganância dos empresários. O discurso teórico é o mesmo. Os desculpismos são os mesmos. As consequências também serão.
Enquanto isso, morro um pouco ao ver a disciplina tática do Wagner, um meia jogado na ponta esquerda, para marcar lateral. E morro mais um pouco ao testemunhar um jovem centroavante, o canhoto Kenedy, jogar de ponta direita, também por disciplina tática.
Pelos lados do campo, jogadores precisam saber dar o drible frontal. Wagner e Kenedy não têm isso. Biro Biro tinha. Foi preterido para se contratar Lucas Gomes, o tal da intensidade física e disciplina tática.
MAS… Quando Wellington Silva rompe a barreira da disciplina tática e, ao invés de buscar a linha de fundo, pela centésima vez sem produzir nada, afunila, tenta a tabela com os centroavantes e marca o gol da vitória de um time cuja tática é pobre e estática, previsível e inócua, do “professor” Cristóvão Borges, eu grito “GOOOOLLLL “ do Fluminense! Então lembro: gol do Brasil também! Agora, 7×2.
Abraços fraternos,
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @CrysBrunoFlu
Imagem: Google Images
#SejasóciodoFlu
Gostei muito do artigo!!!!!
Se for para fora do país e, voltar sem aprender nada do que adianta?
Pois é, Milady. Agora vão vir para dizer que se reciclam, mantendo o mesmo discurso de décadas. Eu fico para morrer! Rs
Fora deretoria incopetente fora Cristovão Borges burro taticamente
Oi José. Vc viu que ele irá manter o Gerson de volante e barrar o Edson? Eu não estou acreditando.