Amigos, amigas, foi jogo de Libertadores com cara de Libertadores. Se tem um adversário que tem essa cara é o Olimpia. Vieram ao Maracanã para fazer rigorosamente o que se previa que fizessem. Muita gente cercando a pequena área e muito antijogo, com o prestimoso auxílio do árbitro.
Surpreendente mesmo foi a escalação de Fernando Diniz. Prevendo o que nos esperava, escalou dois homens de área, Cano e JK, abrindo Arias e Keno nas laterais. Com isso, ficamos reduzidos a André e Ganso na faixa central, mas isso não quis dizer muita coisa, porque Felipe Melo e Nino passaram grande parte do primeiro tempo articulando jogadas dentro da intermediária defensiva paraguaia.
O Fluminense andou tentando vazar a defesa deles pelo alto, uma ideia para lá de ruim, que logo foi abortada, já que os paraguaios pareciam inexpugnáveis no controle aéreo de sua área. Passamos, então, a tentar fazer o jogo por baixo, tentando tabelas e aproximações pelos lados para buscar condições de infiltrações. O problema é que a grande área paraguaia estava povoada por uma multidão de pés.
Mesmo assim, já leváramos perigo em dois lances quando André, repetindo o que já fizera Felipe Melo, decidiu aproveitar um raro espaço livre na entrada da área e bater para o gol, fazendo com que o feitiço se virasse contra o feiticeiro. A bola desviou num dos inúmeros pés paraguaios e enganou o goleiro, que foi lento em sua reação, entrando praticamente no meio do gol.
O Olimpia, como era de se esperar, não abriu mão da postura ultradefensiva na etapa derradeira. Diniz demorou um pouco a perceber que a permanência de Felipe Melo em campo era desnecessária, uma vez que não tinha a quem marcar. Aos 11 minutos, trocou o zagueiro por Martinelli, que dois minutos depois deu assistência para Cano proteger a bola quase na pequena área, girar e marcar o segundo, depois de rebatida da defesa em tentativa de finalização de bicicleta de JK. Prova de que a tática de empurrar os dois atacantes em cima dos zagueiros surtia efeito.
Da parte do Olimpia, algumas substituições, mas nenhuma significativa mudança na postura tática. Se andou se abrindo um pouco mais, foi essa a condição para que o Fluminense se tornasse ainda mais perigoso, tendo criado boas chances para marcar o terceiro e o quarto, colocando a pá de cal nas pretensões paraguaias na Libertadores.
Diniz fez duas substituições aos 30 minutos, buscando elevar ainda mais a temperatura do jogo. Saíram Ganso e Arias, entrando Alexsander (finalmente de volta) e Leo Fernández. Estrategista da noite, Diniz repetiu o que tem feito regularmente: usar o elenco que tem.
As oportunidades vieram, com Keno infernizando a defesa paraguaia e fazendo partida magistral no Maracanã. Aos 33 minutos, JK disputou bola na área e ela sobrou para Cano perder grande oportunidade. Três minutos depois, o encapetado Keno arriscou de fora da área, obrigando o goleiro a fazer grande defesa para mandar a bola a escanteio. Diniz ainda colocou Guga e Lelê nas vagas de Samuel Xavier e JK, buscando, com isso, manter a pressão física sobre o Olímpia, que também trocava muitos jogadores, buscando resistir à pressão e levar uma derrota parcial para Assunção.
Não havia tempo, no entanto, para novas grandes emoções no Maracanã, exceto por uma finalização perigosa de Cano que estava, todavia, em posição irregular.
Não se pode dizer que foi uma das melhores exibições do Fluminense no ano, mas foi uma ótima partida se levarmos em conta a estratégia do adversário. Vale lembrar que eles conseguiram segurar a Dissidência no Maracanã nas oitavas de final, perdendo por 1 a 0, mas tendo metido uma bola na trave. Contra o Flu, não produziram rigorosamente nada ofensivamente.
Há quem possa se lembrar do último encontro tricolor com os paraguaios, na Pré-Libertadores do ano passado. O que existe em comum entre as duas ocasiões? Fomos para Assunção com vantagem de dois gols. O desfecho nós já sabemos qual foi, mas as coincidências param na questão da vantagem.
É bom lembrar de que no jogo do ano passado, no Engenhão, o Olimpia não só balançou as redes, como esteve perto da virada ainda na primeira etapa. O jogo parecia fadado ao desastre quando Luís Henrique marcou aquele golaço, o segundo da vitória por 3 a 1.
Na ocasião, tínhamos um time, chamado Time B, que jogava cinco vezes mais futebol do que o que Abel considerava titular. Na saída do Engenhão, a certeza de que a fatura não estava liquidada. Agora também não está, mas a nossa realidade é outra. Sabemos o que nos espera em Assunção. Bolas longas em cima dos atacantes para tentar, a partir da conquista da segunda bola, buscar os cruzamentos altos na área. Marcação pressão para sufocar o adversário, obrigando-o a jogar dentro do seu campo o tempo todo.
Cabe ao Diniz estrategista encontrar um caminho para que saiamos de Assunção com a classificação. Aceitar a pressão deles não é aconselhável. Acredito que a melhor receita é jogar bola, pois somos melhores, e esquecer da arbitragem. É quase que o óbvio que eles terão apoio na arquibancada e no campo para praticar o jogo violento e desleal para nos intimidar e tirar do sério. O antídoto? É esse mesmo que falei. Jogar bola e não abrir mão de muita intensidade física, técnica e tática, buscando o gol o tempo todo.
Lindíssima a festa da torcida na entrada da equipe, uma das mais bonitas que já vi no Maracanã. Agora é segurar a expectativa até o jogo da volta.
Saudações Tricolores