A briga pela liderança está boa. O Fluminense até que se ajustou rápido. Tudo bem, ainda é cedo e os adversários não foram lá grandes coisas, mas imaginava dificuldades contra qualquer um. Nem tanto, nem tanto.
Há muita reclamação em relação à armação do Renato Gaúcho com três volantes. Penso o contrário. Os dois fatores que deram mais consistência ao time foram: Conca e o triângulo formado à frente da zaga. Essa formação conteve a hemorragia que combaliu o nosso tricolor durante o ano de 2013. Era muito fácil chegar à cara de Cavalieri.
Pois bem, os zagueiros são os mesmos, então, o que fazer para dar mais tranquilidade e, também, permitir a posse de bola para fazer a transição ofensiva? Simples, fechar o caminho do adversário. A recuperação física de Valência foi determinante, porque, ao ser atacado, o colombiano posiciona-se entre os zagueiros e a dupla Diguinho-Jean, um de cada lado, ocupa o espaço perto da meia-lua. É muito volante? Não podemos esquecer que a temporada passada foi catastrófica e o fim foi trágico.
Então, vamos, primeiro, consolidar um esquema de jogo calcado num sistema defensivo compacto. Aos poucos, percorrendo mais o caminho espinhoso que nos espera este ano, o técnico pode pensar em alternativas táticas.
Vamos com calma! O Fluminense está em reforma.
O rádio da minha vida
Dia de clássico, invariavelmente, remete-me a uma viagem pelo tempo. Tal qual imã, prendo-me a alguns gols nessa retrospectiva. Fluminense e Botafogo tem o poder de me fazer reviver alguns momentos inesquecíveis: Fred de voleio, em 2010; Ademir Vicente colocando chope na água do Fluminense campeão carioca de 75; Mario Tilico arrancando do meio-campo e tocando por cobertura no quinto gol da goleada de 7 x 1, em 1994.
Há também vários outros, mas as “imagens” de dois são mais fortes. Em 1971, eu tinha 9 anos e não me lembro de muitas coisas, mas após o gol polêmico de Lula ainda vejo uma multidão em campo. Uns reclamando, outros comemorando. A clareza e a magia da narração do ídolo Waldir Amaral mantêm o gol atual:
“Entrou perigosamente, atenção, chuta Lula, é gooooooool…
(Lula. Informa o repórter)
Gooooooooooooool do Fluminense, goooooooooool do Fluminense…
(Lula. Repete o repórter)
Estão desfraldas as bandeiras tricolores. O Fluminense inaugura o marcador…
É o gol do campeonato, o gol da decisão de 71…
Lulaaaaaa, 11 é a camisa dele, indivíduo competente o Lula…
Um bolo na área, Mário Viaaaaaannaaaaaaaaaaaaa…”
FLUMINENSE 1 x 0 BOTAFOGO
27 de junho de 1971
Maracanã – Público: 142.339 – Renda: Cr$ 1.101.128,00
Árbitro – José Marçal Filho
Gol: Lula aos 42′ do segundo tempo.
Fluminense: Félix; Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio; Silveira e Didi (Flávio); Wilton (Cafuringa), Cláudio, Ivair e Lula. Técnico: Zagallo.
Botafogo: Ubirajara Motta; Carlos Alberto Torres (Mura), Brito, Osmar e Paulo Henrique; Carlos Roberto e Nei Conceição; Zequinha (Paraguaio), Nílson Dias, Careca e Paulo Cézar. Técnico: Egídio Landolfi “Paraguaio”.
O Carioca de 2012 começou sombrio para o Fluminense. De repente, a vaca deu uma guinada e tomou o caminho oposto ao do brejo. Deslanchou e atropelou. Dois jogos foram espetaculares: os 3 x 1 contra o Vasco, na final da Taça Guanabara e a primeira partida da final do campeonato. Foi um show contra o Botafogo, campeão da Taça Rio. Ali, naquele dia, o título foi decidido e nem precisava da partida de volta (também vencida pelo Fluminense). Um dos gols foi uma pintura: Fred, de bicicleta. Aliás, o atacante do Fluminense e da Seleção Brasileira adora marcar contra o alvinegro. Para resgatar todo o lance e a bela conclusão, nada melhor do que a descrição musical do Garotinho, José Carlos Araújo:
“…de novo o Fluzão. Rafael Sóbis tocando para Deco. Deco na ponta esquerda…
Vem descendo Carlinhos, tenta o bico esquerdo da grande área, cruzou pelo alto, para a área…
Subiu, cabeçada para trás, olha a bicicleta, entroouuuuuuuuuu
Gooooooooooooooolão, golão, golão, golão, golão…
Fre, Fre, Fre, é o Fred, é o Fred, é o Fred…
Uma bicicleta ali dentro da área e o gol de empate do Fluminense…
Fred, a bola foi lá cantinho direito…
Agora, o camisa 9 empata. 44, 44, Fluminense 1, Botafogo 1…”
FLUMINENSE 4 X 1 BOTAFOGO
6 de maio de 2012
Engenhão – Público: 23 mil pagantes – Renda: R$ 732.015,00
Árbitro: Luís Antônio Silva dos Santos (RJ)
Gols: Renato, aos 8’ ; Fred, aos 43’ do primeiro tempo. Sóbis, aos 11’ e aos 20’, e Marcos Júnior, aos 38’ do segundo tempo.
Fluminense: Diego Cavalieri; Bruno, Gum, Anderson e Carlinhos; Valencia, Jean e Deco (Wagner); Thiago Neves (Marcos Junior), Rafael Sobis e Fred (Rafael Moura). Técnico: Abel Braga
Botafogo: Jéfferson; Lucas, Antônio Carlos, Fábio Ferreira e Márcio Azevedo; Marcelo Mattos, Renato, Fellype Gabriel, Elkeson (Caio) e Maicosuel (Jadson); Loco Abreu (Herrera). Técnico: Oswaldo de Oliveira
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Panorama Tricolor
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Revisão preliminar: Rosa Jácome