Fluminense e Avaí não é exatamente um clássico. Os times se enfrentaram em campeonatos brasileiros apenas 14 vezes, com franca superioridade do tricolor: o Flu venceu 64% das partidas.
Lembro muito bem de uma, em especial. Era a 7ª rodada do inesquecível Brasileirão de 2010.
Antes dessa lembrança, permitam-me falar que findado o ano de 2009 o Fluminense dava sinais de que, com seu time de “guerreiros”, estava apto a levantar o caneco do carioca de 2010, garantindo sua hegemonia na competição.
Não foi o que aconteceu e tão logo o Carioca terminou, o patrocinador à época concretizou um antigo sonho: trazer Muricy Ramalho para o Fluminense.
Muricy era, naquele momento, uma das maiores estrelas do futebol nacional. Havia levado o São Paulo a grandes conquistas, vinha sendo considerado o melhor treinador do país por vários anos seguidos e representava o “créme de la créme” do futebol brasileiro.
Engraçado… não sei por que, mas acabei de lembrar do Conde! Meu abraço afetuoso, Conde!
Bom, com a chegada de Muricy, a torcida se dividia entre compartilhar do mesmo sonho do patrocinador ou renunciar a um dos maiores caras que já dirigiu o Fluminense, o aclamado Cuca.
Eu fiquei em cima do muro, confesso. Mas Muricy chegou e aos poucos foi ditando sua marca.
Naquele ano o treinador contou, sem dúvida, com grandes pitadas de sorte (sorte no sentido da fortuna de Maquiavel, do imponderável que só acontece com quem tem competência e virtude).
Entre altos e baixos, no Brasileiro de 2010 o Fluminense foi o time que mais teve “altos” no campeonato. Não à toa, chegou ao almejado título.
Credita-se a campanha tricolor de 2010 a todo o time, sem exceção, no que eu concordo. Afinal, naquele Flu, apesar de jogadores estrelados, prevalecia o grupo, a distribuição de tarefas e responsabilidades.
Credita-se, também, ao talento e competência (virtude) de Muricy e, claro, ao aporte financeiro que a Unimed fez no Fluminense.
No jogo sobre o qual quero lembrar hoje, o Fluminense enfrentou o Avaí no Aderbal Ramos da Silva, ou no famoso campo da Ressacada, pela 7ª rodada do Brasileirão de 2010.
Com uma inequívoca vitória por 3 a 0, o Flu começava sua luta pelas primeiras posições na tabela. E sabe de quem foram os gols? Ou parafraseando o simpático Luiz Roberto: sabe de quem? Sabe de quem
Leandro Euzébio, Fred e Alan! Sim, o mesmo Alan que voltou ao Fluminense e ainda, não se sabe por quais motivos, não reestreou.
O Flu acabava aquela rodada de número sete com 15 pontos, em terceiro lugar na tabela.
Aquele Fluminense contava com o endiabrado Fernando Henrique no gol. Vibrante, compensava limitações técnicas com muita garra e dedicação ao time.
O Fluminense tinha a melhor dupla de laterais do Brasil, à época: Carlinhos e Mariano. Pois é, já tivemos boas duplas de laterais, meu povo!
O Fluminense tinha Gum, guerreiro; Fred, artilheiro e Conca, matreiro.
E naquele jogo, na linda e lendária Florianópolis, na Ilha da Magia, as bruxas nos deram passagem e permitiram a nossa vitória. Foi uma bela e eficiente noite de sábado.
No pragmatismo Muricyano, a participação dos laterais Carlinhos e Mariano foram absolutamente determinantes para os gols tricolores.
O momento agora é outro e em que pese o Fluminense estar diante do penúltimo colocado no Brasileirão, lembremos que nesse segundo turno o Flu já perdeu pontos importantes para times na zona do rebaixamento.
Além disso, vindo de três derrotas consecutivas, algo que não acontecia no Fluminense desde 2018, o time encara um Avaí combalido, mas acostumado a nos dar sustos nos últimos confrontos.
Ademais, há previsão de chuva na Ressacada, o que pode nos oferecer um gramado molhado, empoçado e onde o futebol vistoso do Diniz terá dificuldade de funcionar.
Outra característica desse jogo é a decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) de que a partida se realizará com portões fechados, sem a presença de público. Decisão acertada, diga-se de passagem.
Assim, entre um futebol pragmático e eficiente do Muricy e um futebol-arte, com belos toques de bola, do Fernando Diniz, que o último prevaleça dessa vez.
Mas não tem sido fácil e por mais que eu torça pelo Dinizismo, o coitado não tem peça para manter seu esquema. Não tem laterais, por exemplo. Pelo menos no lado esquerdo do campo.
Apelemos, então, para o folclore açoriano que enriquece a Ilha e que as bruxas, novamente, atuem a nosso favor.
Espero, também, que o manager Lisca não tenha feito esse pacto mágico antes de nós.
Viva o Flu, viva a magia, viva as bruxas, viva o folclore, viva a cultura e viva o futebol bonito e bem jogado!