Delírio, homofobia e ignorância (por Paulo-Roberto Andel)

DELÍRIO

Quando se pensa que o limite de selvageria mental já foi alcançado neste final de semana, surge essa verdadeira palhaçada na tentativa de se excluir o Fluminense do campeonato, bem como punir seu presidente.

Aliás, não: palhaçada é coisa de muita gente séria, com a missão de rir e fazer graça. Já a estupidez de apontar o Tricolor como dono ou culpado pelas barbaridades ocorridas é, no mínimo, uma irracionalidade sem graça nenhuma.

Não votarei mais em Pedro Abad e nem em seu grupo político, mas isso não pode significar o não reconhecimento de tudo o que aí está desde sexta-feira passada.

O Fluminense não teve qualquer culpa no cartório, literalmente. Foi logrado, surrupiado, passado para trás. Na marra, na trairagem.

A trapaça foi realizada entre Ferj e Vasco de ponta a ponta, com a adesão do Consórcio Maracanã – uma farsa organizada anos atrás pelo detento Sérgio Cabral.

É uma obviedade: basta ler o contrato.

O Flu tem que reagir imediatamente. Para ontem, a começar pela derrubada dessa ditadura privada que tomou para si o campo que, um dia, foi o endereço do maior estádio do mundo.

Inacreditável a postura do presidente do Consórcio Maracanã, tentando justificar o injustificável, expondo as contas do Fluminense e dizendo que o estádio é de todos. Então faz o que lá? Caridade a serviço do Estado? Filantropia esportiva?

HOMOFOBIA

A obsessão homofóbica vascaína não cabe mais num país como o Brasil, líder mundial de assassinatos LGBT.

Para quem vive a se gabar da luta antirracismo do início do século XX, a postura de 2019 remete ao século XIX.

IGNORÂNCIA

Um dos grandes beneméritos cruz-maltinos é também uma de suas maiores referências na arquibancada.

Na vida pessoal, está em qualquer lista que eu faça dos três melhores professores que tive na vida.

Tudo bem, nem sempre foi um monge no estádio: teve que se defender algumas vezes. Acontece: às vezes não sobra nada.

Não existe a possibilidade de se falar da expressão de Amâncio Cézar sem reconhecê-lo com um dos maiores vascaínos de todos os tempos. Homoafetivo, por sinal. Assim como outro prócer vascaíno, Ely Mendes. Assim com da TOV, uma referência.

Os que gritaram “time de viados” a plenos pulmões na quinta, em clara pretensão homofóbica, desconhecem a história da própria arquibancada onde sentam.

Em tempo: “times de viados”. Todos os grandes clubes brasileiros possuem milhares e milhares de torcedores homoafetivos, assim como jogadores, dirigentes e funcionários.

Ou alguém acha que a parada gay de São Paulo, com seus três milhões de participantes, não possui ninguém ligado ao futebol? É só fazer as contas. Abafa.

ORGULHO

O PANORAMA desde 2016 publica a literatura LGBT de futebol da escritora Alva Benigno.

O sucesso foi tamanho que seu principal personagem, Chiquinho Zanzibar, um reacionário com extensa vida homoafetiva enrustida virou o protagonista de uma coluna fictícia. Chegou a ponto de ter seu nome defendido para candidato à presidência do Flu.

Somos vanguarda paca.

Todo homofóbico é um homossexual enrustido que não aceita a liberdade sexual dos que vivem sua vida amorosa livremente como deve ser.

Panorama Tricolor

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