De Tuta a Nino: o Fluminense está vivo (por Paulo Rocha)

A derrota por 2 a 1 para o Volta Redonda, que tirou do Fluminense a vantagem do empate na semifinal do Campeonato Carioca, em minha opinião, foi fruto de certa soberba da equipe. Sem tirar os méritos do adversário, que (mais uma vez) soube explorar nossas deficiências, a emocionante conquista do título da Taça GB e a apresentação de Marcelo tiraram o foco da equipe num duelo que merecia ser tratado com mais seriedade.

O encontro com o Voltaço me traz à lembrança a decisão estadual de 2005. Vejo várias semelhanças. No primeiro jogo da final (logo após um expressivo triunfo de 4 a 1 no Fla-Flu que decidiu o segundo turno), o Tricolor também não encarou o rival como deveria. Após abrir dois gols de vantagem logo cedo, tomou a virada e só não foi para o último duelo em desvantagem maior pelo fato de Tuta, ao apagar das luzes, ter reduzido nosso prejuízo.

Naquela ocasião, a exemplo do que acontece agora com Lelê, o Fluminense já havia anunciado a contratação de dois jogadores do Volta Redonda, o goleiro Lugão e o lateral-direito Schneider. Portanto, quando no último domingo vi o zagueiro Nino diminuir o placar no Raulino de Oliveira, foi impossível não me lembrar de 2005. Esse gol nos manteve vivos.
O desfecho daquela história nos favoreceu, pois derrotamos o time do interior no jogo decisivo e conquistamos o título. O mesmo pode acontecer no próximo sábado, valendo desta vez a classificação para a finalíssima do Carioca. Sim, pode acontecer, e torço para que a história se repita. Contudo, para tal, há algumas condições.

O time tricolor precisa entrar em campo com determinação, mas sem afobamento. Imposição sem ansiedade. Além disso, ser escalado de maneira correta. David Braz não passa a confiança necessária e Árias parece “engessado” quando Keno está em campo. Ganso precisa acordar, a bola não está chegando em Cano – que, neste jogo, se mostrou irritado e incapaz de decidir.

É certo que Fernando Diniz tentará fazer sua equipe voltar aos trilhos. Terá uma semana para trabalhar em função disso. Agora, uma coisa muito importante também precisa acontecer fora das quatro linhas: a torcida lotar o Maracanã, fazer do estádio um caldeirão, tal qual fez naquele duelo final de 2005. Eu estava lá e sei o que estou falando. Somente com essa comunhão, essa sinergia, conseguiremos ver o Fluminense superar mais um obstáculo e seguir em frente.