Poucos meses atrás, o Fluminense tinha sido alçado à condição de sensação do futebol brasileiro, sob a chancela de boa parte da imprensa esportiva do país. Parecia que finalmente os fantasmas de 2013 estavam exorcizados.
Ledo engano.
Há meses e meses, parte da torcida do Fluminense procura os culpados pelo fim da era de glórias a partir de 2012.
Cristóvão, hoje (justamente) criticado, era o gênio da estratégia.
Embora 2013 descredenciasse qualquer otimismo exagerado, ainda ficou na memória a imagem do time tetracampeão brasileiro. Por engano. O tempo já era outro.
Nos últimos 12 meses, o Fluminense já teve cinco treinadores: nenhum deles conseguiu encaixar as peças. São todos imcompetentes ou a data de validade da campanha dos jogadores expirou?
Dentro de campo, não há como não reconhecer o que foram os campeões de 2010 e 2012; entretanto, isso não assegura titularidade vitalícia dentro das quatro linhas. Em futebol, um ano é um século.
Questão de honestidade e autocrítica: quem aqui acredita que Sobis e Jean vão recobrar o grande futebol de 2012? Ou que Fred terá de volta a mobilidade de 2012 e 2009? Ninguém vai tirar da história a importância destes nomes, mas nem pelo passado de glórias a torcida tem que tolerar suas escalações permanentes.
Alguém aqui acredita que Bruno se tornará uma referência do futebol europeu (ou brasileiro mesmo)? Ou que Carlinhos finalmente se decida por ser o melhor lateral esquerdo do país, deixando de lado o autismo esportivo recorrente?
Cavalieri de 2012 ainda pode se repetir numa temporada inteira? Valencia um dia deixará de ser o rei das contusões?
Conca, ídolo supremo, ainda tem lenha para queimar. Cícero também. E só.
O Fluminense precisa de renovação, mudança, progresso. Sangue novo. A mescla de alguns veteranos com os jovens jogadores. Menos foras em torcedores e mais atitude nos gramados.
Não é hora de caça fortuita às bruxas e nem de ingratidão. Mas também não é a de cegueira esportiva plena. É preciso mudar e logo, antes que seja tarde.
Desde 2012, o Fluminense ocupa as manchetes muito mais por crises, declarações infelizes e inoportunas de jogadores e entregas veladas do que qualquer outra coisa.
Engessada economicamente, a diretoria mantém o irritante silêncio cool que chancela o reducionismo político em tratar-se tudo da falta de pulso de Peter Siemsen – dotado de méritos e também de muitas críticas justas. No entanto, ao se falar na participação direta de Celso Barros no conjunto da obra (leia-se 2013, 2009, 2008, 2006, 2003 e contratações impostas, vide os eterno retornos de Renato Gaúcho à beira do campo), o constrangedor silêncio não deixa dúvidas: não se pode contrariar o Presidente de Honra.
Humildade não faz mal a ninguém.
Não se joga apenas com nome ou passado.
Muito obrigado aos campeões de 2010 e 2012. Estamos fechando 2014, sem aprender as lições de 2013. Para a serenidade, reflexão é tudo.
E a Unimed, hein?
Panorama Tricolor
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