Data de validade tricolor (por Walace Cestari)

plena embalagens

Não é preciso ser grande entendedor de futebol para perceber que houve notória evolução do time do Fluminense nas mãos de Enderson Moreira.

Isso faz com que muitos torcedores saiam do polo “vamos descer” direto para “rumo ao título”. Nem uma coisa nem outra.

E essa emoção exagerada levou a reclamações no jogo contra o Sport Recife, quando só empatamos.

O time do Fluminense joga hoje o que não vem jogando há algum tempo. Porém, não podemos esquecer que temos um elenco enfraquecido pela saída de um sem-número de jogadores.

Enderson arrumou o time taticamente e os atletas parece que compraram o barulho, doando-se em campo em prol do esquema. Mas isso só não basta. Pelo menos não para justificar um otimismo tão ilimitado.

O Flu tem hoje, antes do apito inicial, uma equipe capaz de brigar de igual contra boas equipes do cenário nacional e impor-se aos mais fracos. O problema é que isso se resume ao onze inicial.

Assim, ou resolvemos a parada logo no primeiro tempo ou sofreremos. É a tal “data de validade”. O time tricolor vai bem até os quinze do segundo tempo, quando a navalha vira o fio e nosso meio campo simplesmente desaparece.

Wagner é responsável por criar as jogadas, mas quase nunca volta para o segundo tempo. Em seu lugar, surge um improvável sósia que se esconde da criação, mas cuja responsabilidade defensiva aflora. Sem saber marcar, é pura disposição. Um jogador extenuado, fazendo o que não é seu papel, tomando amarelos e parando jogadas com faltas.

Gérson é um menino genial, mas que não é lá muito de entrar nas divididas. O garoto cansa até por ser muito acionado e marcado, o que significa, necessariamente, apanhar bastante. Depois dos quinze do segundo tempo, transforma-se em um jogador discreto, daqueles que em nada desequilibram.

Vinícius tem vida mais longa. O motorzinho funciona até os 25 da etapa final, quando a gasolina simplesmente chega ao fim. Sobrecarregado na segunda etapa, acaba correndo mais que devia e criando menos que podia. Com um palmo de língua para fora, é a primeira opção de saída do treinador.

Sem o meio, viramos presa fácil para o ataque adversário e os sustos vêm. Desengonçadamente buscamos o ataque, mas faltam pernas ou posicionamento.

No banco, nada capaz de mudar. Pierre é a opção quando conseguimos o resultado e temos de nos defender. Marcos Jr. tem sido a solução para resolver. Falta-nos claramente um elenco que permita a troca de jogadores sem a perda na qualidade ou no esquema.

É isso, ao fim e ao cabo que fará diferença. Contra o Sport, tivemos um primeiro tempo truncado, em que a equipe recifense trancou todas as nossas saídas. Voltamos melhor no segundo tempo, furamos o bloqueio, mas a validade acabou. Ficamos no empate (muito por conta de “sua senhoria, é verdade) por falta de pernas.

E assim será neste campeonato. Contra o Palmeiras, espero que consigamos resolver a parada até os quinze do segundo tempo. Sem Wagner, fica a dúvida de como se comportará o meio enquanto ainda tivermos gás. Com um bom placar, Vinícius dará lugar a Pierre para, dentro das nossas limitações, conseguirmos mais alguns pontinhos.

Como guerreiros calçados com as sandálias da humildade, não dá para projetar o que será do campeonato, mas o que podemos fazer jogo a jogo. Aos pouquinhos, quem sabe, chegamos aonde só o otimismo nos levaria? Se o futebol tivesse só 60 minutos, eu teria mais esperanças.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: plena embalagens/pra

o fluminense que eu vivi garotinho tricolor