Amigos, amigas, o Fluminense, na noite de ontem, confirmou o favoritismo no duelo do Mineirão contra o Cruzeiro. Para quem possa pensar que o placar de 3 a 0 reflete uma suposta facilidade no confronto, talvez seja recomendado rever o jogo.
Tal facilidade não existiu. O Cruzeiro atuou de forma gigantesca. Embora o começo sugerisse mais um daqueles passeios tricolores, com Ganso criando, com passes precisos, situações constrangedoras para a defesa celeste, isso durou pouco.
O Cruzeiro passou pelo menos 60 minutos de jogo atacando, com eficiência, o Dinizball. Marcou pressão de forma impressionantemente coordenada, sendo capaz, tanto tática como fisicamente, de neutralizar as saídas venenosas tricolores, mesmo quando sua primeira linha de combate era vencida.
Pensávamos todos que aquilo não era sustentável, que logo as linhas do Cruzeiro desabariam, mas elas não desabavam, e se tornaram realmente perigosas no começo do segundo tempo, quando encurralaram nossa saída de bola.
Com Ganso sentindo dores lombares, alguns, como eu, já pensávamos em Martinelli como solução. Era preciso, no entanto, observar o desenho tático do segundo tempo, porque o jogo era realmente perigoso. Diniz teve sua leitura. Ao contrário do que muitos de nós poderiam pensar, trocou Nonato por Martinelli. A ideia era reforçar o modelo e tentar, na troca de passes mais aguda, vencer as implacáveis linhas cruzeirenses.
Parece que, de certo modo, deu certo. Ainda que muito intenso, o Cruzeiro pouco criou em termos de oportunidades de gol. Mesmo assim, Diniz queria retomar o controle do jogo. Ele veio com o avanço das linhas e uma sequência fulminante. O Fluminense empurrou o Cruzeiro para seu campo, como em nossos melhores momentos. O gol estava mais claro quando a defesa do Cruzeiro espanou a bola, que sobrou para Manuel. O passe encontrou as linhas de criação e terminou com passe fundamental de Cano para Jhon Arias dar um toque mágico para tirar o goleiro da chance da defesa, abrindo a contagem.
Dali em diante, o enredo estava meio que escrito. O Fluminense voltou a atrair o Cruzeiro e as substituições celestes não surtiram efeito. No contragolpe, Martinelli fez jogada de gênio pela direita e cruzou para ele, o artilheiro, Germán Cano, balançar as redes, liquidando a fatura.
Coube ainda a Nathan, que ressurgiu das cinzas, fazer bela jogada individual para aumentar o placar, que, não há dúvidas, foi extremamente injusto para o Cruzeiro. Uma simbiose no Mineirão entre time e torcida realmente comovente, capaz de nos emocionar. Não só durante, mas após o jogo.
Não menos comovente foi a presença tricolor na arquibancada. Numerosa, entusiasmada e barulhenta, se fazendo ouvir muitas vezes durante o jogo mesmo com o Mineirão lotado de cruzeirenses ensandecidos. Aliás, é curioso ver as duas torcidas celebrando o jogo de ontem após o apito final. Cada uma com seus motivos. O Fluminense vive um momento mágico, enquanto o Cruzeiro vive a expectativa de voltar ao seu lugar, que é a elite do futebol brasileiro.
Porém, é preciso dizer que, se o Cruzeiro não merecia perder por placar tão elástico, o Fluminense tampouco deixou de merecer o mesmo placar. É contraditório? Como o futebol, ora essa. Diante da confusão que o Cruzeiro aprontou com nosso jogo, só um time capaz de cálculo e frieza, é capaz de encontrar os caminhos para a vitória. E o Fluminense foi esse time. Quando as portas da defesa cruzeirense se abriram, o Fluminense foi implacável, conseguindo vencer um jogo bem diferente dos recentes, em que teve sua proposta de jogo anulada pelo adversário durante todo o tempo ao longo do qual foi capaz, mas houve o momento em que o brilho do jogo tricolor se impôs.
Logo, podemos dizer que o perdedor foi injustiçado, mas a vitória do vencedor foi justa. Todos foram dignos da noite de ontem. Os dois times e as duas torcidas, mas agora é hora de pensar no São Paulo. Sempre tem um desafio enorme a nos esperar sempre que superamos o atual, mas vamos deixar para falar sobre isso durante a semana.
Por ora, mais um salve para Diniz, o grande nome do jogo de ontem, em que pese não terem faltado personagens gigantes, como Cano, Arias, Manuel, Nino, André e Martinelli.
Saudações Tricolores.