Sabe-se lá porque, o futebol tem seus sestros e dolências incomparáveis. Assim tem sido nesta Copa realizada no Brasil, com seleções tradicionais precocemente fora da disputa, enquanto improváveis países seguem adiante.
Ontem, todos esperavam por uma Itália ou Inglaterra. Ledo engano: o jogo das oitavas com as surpreendentes Costa Rica e Grécia. A primeira por seu futebol alegre e bem posicionado, a segunda com pragmatismo e dedicação. Um modesto e querido país americano e o berço da humanidade debaixo do caos econômico dos últimos anos.
Não foi o jogo mais técnico, vistoso e exuberante. Mas um dos mais divertidos e emocionantes desta Copa, porque qualquer coisa poderia acontecer. Primeiro os costarriquenhos foram dominantes, marcaram seu gol, correram e tiveram a classificação na mão até o último minuto, quando o obstinadíssimo time grego, lutando contra o placar e suas limitações, empatou o jogo, forçando a prorrogação. A Costa Rica com mais habilidade, a Grécia com a dedicação proletária.
Poderia ter virado tudo na prorrogação. Cansado, o time costarriquenho cedeu espaços. Os gregos estiveram por um triz da vitória – perderam três gols feitos. A partida tomou ares dramáticos, de modo que a disputa de pênaltis, caso à parte, desnudava-se frente à certeza. Os dois times lutaram, cada um teve suas oportunidades, ficou tudo para a luta final.
Na vírgula, no drama dos tiros penais, só um poderia passar. A Costa Rica, recuperada do susto no tempo normal e do cansaço, foi perfeita. Os gregos, que um dia ganharam a Europa diante do espanto geral, saíram de cabeça erguida – um único erro com Gekas. Foram dignos, lutadores, transformaram suas visíveis deficiências em combustível para uma garra que contagiou qualquer um que goste de futebol, mesmo sem opulência técnica. A garra que se espera de um onze de futebol.
A Costa Rica enfrenta a tradicional e temível Holanda, que espatifou o México no segundo tempo de sua classificação. Já dizem sobre uma barbada holandesa, de acordo com análises tradicionais. Com tantas surpresas por aí, você apostaria no óbvio? A turma de Robben tem feito bonito, mas parece que os gramados brasileiros tem sido o verdadeiro palco da subversão das velhas opiniões formadas sobre tudo. Ou quase.
Panorama Tricolor
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