Copa do Brasil 2007 (por Paulo-Roberto Andel)

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Tudo passa tão rápido que, num pulo, já se vão treze anos deste título que resgatou o Fluminense no cenário nacional, abrindo grandes portas.

Por um triz não fui ao jogo. Não consegui sair cedo do trabalho para viajar.

Depois da morte da minha mãe, talvez tenha sido o único dia realmente feliz em casa com a família, eu, meu pai e meu irmão. O do título e o do dia seguinte. Eu vi o jogo na Estrela do Sul de Botafogo, com Tiba e mais uma turma de tricolores. O Deley estava lá. Acho que o saudoso Júlio Bueno também. Foi uma noite de glórias. Depois caminhamos até o clube, a Pinheiro Machado foi fechada, os desconhecidos se abraçavam. Uma lembrança maravilhosa.

Foi um Fluminense que fez tudo diferente. De quase eliminado pelo América de Natal em pleno Maracanã – sem corpo mole, mas jogando mal mesmo -, o Fluminense ia se reinventar e reverter quatro vantagens dos adversários até o título (Bahia, Athletico, Brasiliense e Figueirense) – e este não foi menos diferente pois, ao contrário da tradição tricolor, o nosso gol decisivo não foi marcado no fim do jogo, mas no comecinho.

Era o velho Fluminense de heróis anônimos e desprezados. A jogada do gol, uma das mais belas da história dos títulos tricolores, é escrita por dois arquitetos improváveis do ponto de vista midiático: Adriano Magrão e Roger. Que jogada, que gol!

Na semana anterior, saí muito confiante das cadeiras azuis após a primeira partida, representando 0,0002% do pessoal que descia a rampa. Explico: tomamos um golaço do Henrique, esse mesmo que agora está no Fluminense, já no terço final. E o empate, no finzinho com o implacável Magrão, foi uma ducha de água fria no Figueirense, que tinha a vitória como certa. Sobrevivemos. Todos sabem que perder a primeira partida da decisão da Copa do Brasil, ainda mais em casa, seria um prejuízo enorme. Aquele empate foi a reação definitiva.

Critiquei Fernando Henrique muitas vezes, por motivo justo. Na batalha final ele mereceu elogios idem – fechou o gol. No domingo entre os dois jogos finais, o Fluminense fez um treino aberto e confesso que me impressionei com a quantidade de ótimas defesas do goleiro. Pensei “Do jeito que ele tá agarrando, não vamos levar gol”. Não levamos mesmo. Ele ajudou a garantir o título.

Finalmente Renato ganhava um título de expressão como treinador, e ainda experimentaria a linda trajetória do ano seguinte, com final infeliz pela injustiça. O Fluminense era mais modesto, mais barato em 2007. Depois da Era Romário, os investimentos foram mais comedidos, mas voltariam à tona para a Libertadores. E depois do belo título o Flu ainda faria um belo campeonato brasileiro, mesmo já tendo a vaga continental assegurada.

No primeiro jogo, mais de 60 mil tricolores no Maracanã. Senhor!

No dia seguinte, a multidão tricolor invadiu o Santos Dumont para receber os campeões. Teve desfile em caminhão dos Bombeiros. Renato fazia muita pose, era divertido demais. Ainda teve chope nas Laranjeiras. Dá para contar o tamanho desta saudade? Não. Fiz o que pude.

O Fluminense era garra e sonho, drama e conquista. Era a simplicidade. Treze anos depois, é uma lição.

De lá para cá, viveu o céu, o inferno e o limbo. O ano de 2007 é uma tremenda fonte de estudo para se entender o clube, o time e o que era sua torcida.

Agora que o futebol está para voltar, os experientes jogadores tricolores precisam ajudar a resgatar a coesão da torcida com o time, mesmo com arquibancadas vazias. Vamos ver no que dá.

Ainda faltou falar de Carlos Alberto, que jogou com atitude de campeão. Thiago Neves, então uma promessa, teve desempenho formidável. O FH fechou o gol. Magrão e Roger, heróis. Ainda tinha Fabinho, Arouca, Carlinhos, Cícero, He-Man, Alex Dias, Júnior Cesar. Luiz Alberto. Claro, o Thiago Silva, inquestionável.

Panorama Tricolor

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