O Fluminense não ganhou nada, até agora, em 2018. Foi desclassificado no campeonato carioca e na milionária Copa do Brasil, disputa a Sul Americana e o Brasileiro sem pretensões de título, mas não dá para não dizer que esse grupo conquistou algo que havia perdido praticamente desde 2012: a confiança de seu torcedor.
Mesmo com elencos melhores, o torcedor Tricolor ainda não tivera motivos sinceros para recepcionar seu time com o entusiasmo com que recebeu seus guerreiros no Galeão após a classificação hercúlea obtida na Sul Americana.
E com toda justiça, diga-se de passagem. O Fluminense de Abel Braga, versão 2018, aprendeu a ser um time solidário, brioso e obediente justamente porque foi obrigado a trocar o nome pela vontade. Pequenos guerreiros que se aglutinam em torno de um ideal e formam um poderoso exército.
Foi assim que, suplantando a altitude de mais de quatro mil metros de Potosí, classificaram-se para a próxima fase da competição sul americana. Logicamente, a derrota dentro de campo pouco ou nada importa, quando se tem bem nítido que em condições normais de temperatura e pressão, o Fluminense jamais perderia para o Nacional de Potosí. Vencer a altitude e todos os seus malefícios, o péssimo campo, as dificuldades para chegar à cidade boliviana foi a verdadeira vitória Tricolor, cujo ponto culminante atingiu-se com o apito final e o desabamento de quase todo o time dentro de campo, exausto, sem oxigênio, mas com o sentimento do dever cumprido.
Até o narrador do Sportv sentiu, mesmo transmitindo o jogo do estúdio, o esforço daqueles bravos jogadores e, sem disfarçar, torceu escancaradamente para o Fluminense, aumentando ainda mais as doses de emoção de quem assistia à partida.
Há muito tempo não me emociono com meu time. Mesmo que fosse desclassificado, sua bravura já seria digna de elogios, mas a superação para derrotar a perversidade da insana altitude e segurar o resultado que lhe favorecia – tendo até chances de resolver o jogo com mais facilidade – foi de arrepiar. As palavras de Gum, ao fim da partida, foram emblemáticas: “foi uma experiência de vida, algo que no futuro contaremos aos nossos filhos e netos”. Foi exatamente isso, uma experiência real e perigosa de vida, mas que transformou a todos os que dela participaram em homens mais fortes.
Por tudo isso, a reunião espontânea da torcida no aeroporto foi o melhor prêmio que esse grupo podia ter recebido. Pisar a salvo em solo brasileiro e ouvir o carinho de seu torcedor, certamente foi uma recompensa digna de um time campeão.
Campeões fomos todos nós, portanto, naquela noite de dez de maio de 2018, quando um grupo de obstinados guerreiros, arriscando até a própria vida para cumprir sua missão desportiva, fincou o pendão verde, branco e grená, na “unha e na alma”, como disse Abel Braga, no cume da América, para sempre.
Panorama Tricolor
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