A pessoa é para o que nasce
Toda a ironia da história começa no sábado, quando o programa de esportes da Globo fez sua tradicional chacota contra o Fluminense. A gatinha repórter, naturalmente ordenada, perguntava aos torcedores em Laranjeiras “Há quanto tempo o Flu não vence?”. Ora, o campeonato parou quarenta dias.
A resposta veio no fim do domingo. Um primeiro tempo com muitos erros de passe no meio campo tricolor. E não finalizava. Faltou ao Flu o mesmo contra o Criciúma: marcação por pressão. Nem o Santos, aliás cheio de gente nervosinha em campo, com a devida chancela desse Vuaden, verdadeiro estorvo da arbitragem que só não foi pior do que o ridículo autoritarismo da PM, jogando spray de pimenta à toa na rua.
Curioso saber que os times são obrigados a entrar com calções diferentes mas ambos atuaram os primeiros 45 minutos com camisas listradas. Henrique foi foi dos melhores, com boas antecipações. Na arquibancada, os simpáticos ingleses do Exeter City, vindos do amistoso de Laranjeiras diretamente para o Raulino de Tiba e Rodney. Um frio enorme.
Segundo tempo, o Flu de branco recuperou seu futebol – ultimamente temos trocado de uniforme demais. O velho Samuel de volta, demolidor de trapaças flamenguesas. Logo marcou com Cícero, então Avoado inventou uma falta sobre o goleiro Aranha. Mas o craque decide, o craque tem poderes acima da média, só o craque redime: Conca acertou um balaço, a bola raspou o travessão e entrou. A pessoa é para o que nasce. Até mesmo em dia de brilho menor, o argentino não decepciona: corre o mundo, disputa tudo, marca golaço. Ídolo.
Depois o Flu recuou de vez, o Santos veio com tudo, teve sufoco e Henrique foi um monstro salvando gol feito em cima da linha. Valencia entrou e mostrou a garra de sempre. Esse garoto Kenedy desafia a paciência. Mas ficamos intranquilos à toa: Marô sempre faz aquele joguinho japonês antes das partidas para dar sorte, o sudoku, tudo correu bem, a simpatia garante. Podia ter sido de mais.
A distância para o Cruzeiro não aumentou, o Flu é terceiro. À essa altura, todo mundo já sabe qual foi a última vitória do time, bem como o show dos Trapalhões no Beira Rio. Recordar é viver. No fim, os fiéis cantaram parabéns ao Flu pelo aniversário de hoje: 112 anos, muitos deles irritando jornalistas recalcados.
Falando em recordar, uma volta tranquila na estrada fria e de horizonte pretíssimo. Pensei em várias coisas, algumas de sempre, depois eu conto num livro. Assim feito Conca, a pessoa é para o que nasce.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: pra
concaéfodahhhhhhhhhh