Comissão Técnica não é lugar de paspalho (por Paulo-Roberto Andel)

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Antes de qualquer coisa: algumas das melhores partidas que o Fluminense jogou nos últimos anos foram sob o comando de Fernando Diniz.

Ainda que tenha muito a progredir, o treinador já conseguiu alguns grandes resultados e um título importante para o clube. No entanto, isso não significa que o treinador ocupa um pedestal intocável. Longe, bem longe disso.

As reações coléricas e desproporcionais de Diniz, resultando em seguidas expulsões, têm prejudicado não apenas o Fluminense mas também a si mesmo. É um fato e o treinador, que é funcionário da casa, deve atentar para isso, até porque seu superior imediato – o presidente, com seus cargos acumulados – não se manifestou publicamente sobre a questão. Seu cargo exige ponderação e equilíbrio.

Diniz é bom treinador e conhece futebol, apesar de alguns erros visíveis como o excesso de sensibilidade com as escalações recorrentes de jogadores como Guga e Pirani, ambos ligados ao agente Bertolucci, o mesmo do treinador, gerando no mínimo um questionamento ético.

Por sua vez, o anônimo auxiliar Eduardo Barros resolveu enquadrar um torcedor que protestava – pacificamente – contra os arroubos de Guga na partida contra o Atlético, chegando a apontar dedo na cara e exigindo apoio. Evidentemente teve uma postura covarde, pois não se sabe de gesto semelhante com torcedores que recentemente visitaram o CT para conversar com os jogadores. Covarde e oportunista. Primeiro: todo funcionário deve respeito aos torcedores e sócios do Fluminense, assim como para qualquer pessoa. Segundo: não é sua reação estúpida que vai melhorar o clube em nada. Terceiro: quem quer que a torcida do Fluminense faça o papel de cachorro abanando o rabo, que procure outro lugar para fazer o papel de paspalho. Quarto: nenhum torcedor é obrigado a apoiar escalações medonhas, ainda mais as que são afetadas diretamente por interesses patrimoniais em vez de esportivos.

Pior ainda é a direção do clube, sempre empolgada com vídeos saracoteantes do vestiário nas vitórias, mas omissa e desaparecida mas horas de crise, com verdadeiros avestruzes enterrando a cabeça na terra.

Há um ano, a torcida do Fluminense vem enchendo o Maracanã e outros estádios, apoiando o time que nada ganhou além do querido Carioca. Uma coisa é apoiar o time; outra é se submeter a masoquismos. Nenhum torcedor é obrigado a validar sandices como a escalação de um jogador fraco, contratado por uma fortuna e que, na temporada anterior, perdeu a titularidade para um lateral de 36 anos no clube anterior.

Neste sábado já tem jogo importante contra o Bahia, com o Fluminense precisando vencer. Os arroubos de Diniz vão custar sua ausência à beira do campo. O anônimo Eduardo será o treinador mais uma vez. Se tivesse um mínimo de lucidez, já teria pedido desculpas pela impropriedade em Volta Redonda. Ainda há tempo para cair em si. Quem trata o torcedor com dedo na cara pode não ter sorte para sempre, convém recordar.

O que a torcida do Fluminense espera dos dois profissionais é trabalho, dedicação e correção e respeito. Time que joga bem e é bem escalado nunca é vaiado.

A torcida sabe muito bem quando a prioridade das jogadas é dos jogadores, em vez dos empresários.