Tricolores de sangue grená, o horizonte parece com menos nuvens no momento do que já esteve há pouco tempo. Mesmo com problemas seguidos no elenco, perdendo jogadores ainda no primeiro tempo (incluindo Ganso, que sabemos que faz falta), Diniz conseguiu emplacar vitórias em jogos muito importantes e nos deu um respiro. A vitória contra o Junior Barranquilla no Maracanã em sua reestreia no comando técnico é o que ainda nos fará acompanhar avidamente os jogos da quinta rodada da Sula. O empate inédito com o Palmeiras no Allianz Arena e a seguida vitória no Brasileirão contra o Athletico-PR já colocaram o Flu olhando pra cima na tabela. Sem mencionar a importante classificação contra o Vila Nova, ainda que em um jogo muito ruim da parte do Fluminense.

Acredito que a maior evolução e surpresa tenha sido vermos um esquema independente do Ganso e ainda assim muito eficiente. Longe de ter sido o suprassumo do futebol técnico, mas é inegável que a estratégia de escalar laterais mais defensivos (no caso, improvisar o Yago como lateral direito) para liberar o meio de campo para jogar, se movimentar e construir todas as jogadas, além de fazer de maneira eficiente a marcação-pressão, deu muito certo. Diniz conseguiu fazer um quarteto composto de três volantes (sendo um deles Wellington) e Nathan criar boas jogadas, enfiar bolas longas e levar perigo ao Athletico. O primeiro gol do Cano tem muito disso, com um lançamento de Wellington que quebrou as linhas de marcação e achou o artilheiro em boas condições de dar o corte e mandar pro fundo da rede.

Outro ponto muito importante a se ressaltar: o Fluminense não desiste do jogo precocemente. Após fazer 1 a 0, continuou atacando e buscando o gol a todo momento, tanto é que arrumou o segundo, na etapa final, após boa jogada coletiva que culminou com a finalização no ângulo de Cano. Sofremos alguns contra-ataques perigosos, é verdade, e isso é algo a corrigir, mas ocorreram com bem menos frequência que na outra passagem de Diniz, e o resultado tem sido mais satisfatório no geral. Tomamos um gol no finalzinho, é verdade, em uma jogada de sorte da equipe deles, em que a bola foi disputada e sobrou à feição para o zagueiro mandar pro gol. Desatenção que, em condições abelianas mais recentes, teria nos custado uma vitória ou um empate, mas como fizemos saldo na partida, não passou de um inconveniente, apesar de ter sido apontado pelo próprio treinador na coletiva como algo a se evitar.

Nesta quinta temos uma decisão (mais uma) contra o Unión Santa Fe na Argentina, e não resta muita opção a não ser tentar fazer saldo em cima deles para diminuir a distância para o Junior, que encara o Oriente Petrolero em casa e deve vencer e fazer ainda mais saldo (embora eu torça para que tropece). De todo modo, o Fluminense precisa fazer a sua obrigação e vencer para continuar respirando até a última rodada. Um jogo mais tenso que difícil nos aguarda pelo Brasileirão. Encarar o Fortaleza de Vojvoda no Castelão não é tarefa fácil, mas o time cearense está na rabeira da competição, em uma má fase daquelas, focando demais na Libertadores. Então, o cenário é ideal para sapecarmos uma vitória e voltarmos do Nordeste com os três pontos na bagagem, iniciando uma semana ainda mais virtuosa. E que assim seja.

Curtas:

– Aparentemente, Atlético-MG e Internacional se uniram ao grupo Forte Futebol, que o Fluminense encabeça, para a discussão da formação da LIBRA, e devem sentar com o grupo que já assinou para debater condições mais justas. Tenho esperança que o bom senso acabará prevalecendo, já que o grupo que é maioria (do qual o Flu faz parte) reúne 25 clubes dos 40 presentes nas Séries A e B. Somos nós que temos que dar as cartas mesmo.

– A zaga anda mal das pernas, apesar dos poucos gols sofridos nos últimos jogos. Não passa mais a segurança de outrora. Nino em má fase, David Braz também abaixo do que já foi… espero que o retorno de Manoel e atuações consistentes de Luccas Claro, e talvez a eventual presença de Felipe Melo como zagueiro, melhorem esse setor.

– Alguma menção mais incisiva da mídia, com ampla cobertura e condenando o clube onde atua o jogador Rafael Ramos sobre o caso de racismo praticado contra Edenílson? Ah, o clube é o Corinthians… aí tudo bem.

– No mesmo tópico, vocês sabiam que o Fluminense foi inocentado no caso dos supostos gritos racistas contra o jogador Gabriel Barbosa? E sabiam que o Flamengo foi condenado pelos cantos homofóbicos contra a torcida do Fluminense a pagar… cestas básicas? Baita punição, hein. Tenho certeza que ninguém mais será homofóbico no Brasil depois dessa.

– Palpites para as próximas partidas: Unión 0 x 5 Fluminense; Fortaleza 0 x 3 Fluminense.