Chego a duvidar que o brasileiro goste realmente de futebol. Acho que o chamado “torcedor” aprecia apenas a galhofa, a briga, o meme, o patrocinador, a modinha, o contato e pertencimento social criado pelo universo do futebol.
Os que amam o esporte e seus clubes são raros. Uma espécie que está entrando em extinção. Assim como os jogadores que entravam em campo por amor à camisa, esse tipo de torcedor está fadado ao desaparecimento, entrará para a lista negra do IBAMA.
Quem gosta de futebol vai ao estádio. Quem ama o clube se sente lesado quando dirigentes colocam os próprios interesses à frente dos do clube. Quem é fanático não abandona jamais.
O crescimento dos clubes na atual economia passa diretamente pela associação ao sócio-torcedor e aos diversos tipos de campanhas de marketing e da forma mais simples: comprando ingressos.
Vivemos uma nova ordem econômica em que a colaboração é primordial para que os eventos aconteçam. Sites como Catarse e Queremos contribuem para que o desejo de um grupo de pessoas seja realizado. Peças de teatro, produção de filmes, eventos beneficentes, lançamento de livros, shows internacionais… Tudo é feito em conjunto.
A pessoa passa a se sentir parte de algo que ela ajudou diretamente a acontecer. Se eventos até então inviáveis financeiramente se tornam realidade, porque é tão difícil fazer crescer um plano de sócio-torcedor, se isto mexe (ou mexeria) com a paixão de alguém? O natural seria que isto aproximasse naturalmente o torcedor. Por que não acontece?
Seriam a estratégia de divulgação e os atrativos oferecidos muito fracos?
Tenho dificuldade de ver maior motivo do que o amor que nutrimos desde pequenos pelo Fluminense. Ao menos é assim que me sinto. A conclusão a que chego é: não amam futebol. Não amam o clube. Não se importam com os rumos do time. Querem apenas protestar pelo Facebook porque o nome do patrocinador gera piadas na imprensa e nos adversários ou porque o jogador X ou Y vai deixar o clube para ganhar milhões no exterior.
Querem reclamar? Colaborem. Não tem dinheiro? Doe conhecimento, um serviço, divulgue e incentive outros a colaborar. Mas faça alguma coisa.
O Fluminense somos nós. Todos nós. O clube só existe porque nós existimos. Sem torcida não existe o motivo pelo qual o clube nasceu.
A economia e a relação dos homens com o dinheiro e os bens de consumo estão mudando radicalmente. O futebol não ficará para trás. Quem deixar esta oportunidade passar será atropelado pela avalanche de “colaboração”.
Seremos um, sendo muitos, milhares, milhões. A força do Fluminense deve partir, em primeiro lugar, de nós.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @nestoxavier
Imagem: fluminense.com.br