Carta de D.Lúcia para Cristóvão

“Professor Cristóvão, acabo de assistir a coletiva dada pelo senhor após nova derrota no fraco Campeonato Carioca. Mais uma vez vi, diante da câmera, um homem de bem. Mas não fiquei triste ao constatar que o torcedor de futebol é de uma crueldade sem limites: ele não suporta técnico abaixo da capacidade mínima exigida para exercer a função de treinar seu time.

Tive esse sentimento ao ouvir os jornalistas lhe perguntarem sobre o fato do Fluminense não conseguir, sob seu comando, três bons jogos seguidos; estar fora dos quatro primeiros, mais uma vez; ter o mesmo número de pontos de um Macaé; o triplo de derrotas do famigerado Vasco da Gama; o dobro de derrotas de times da série B, Botafogo. e série C, Madureira. Igualmente perdeu mais que o Volta Redonda. Isso tudo já com 10 jogos.

E o senhor, mesmo sofrendo mais do que qualquer um ali, na sala de imprensa, com a humildade que lhe é peculiar, deu uma resposta muito coerente: “- Tivemos dificuldades…”

É claro, professor, que eu, como os demais torcedores do Fluminense, não aguentamos mais os constantes altos e baixos do time, algo presente em um ano do seu comando, preocupados com as dificuldades mil vezes maiores que encontraremos no Brasileirão desse delicado ano de 2015.

Sei que ninguém perde por vontade própria, mas sabemos que as derrotas do Fluminense vêm com o peso de 70% de responsabilidade da sua inabilidade como técnico: “- Não mudamos o desenho tático. Pegamos a característica do jogador e tentamos encaixar.”

Minha carta é só para lembrar que está nesta declaração feita na entrevista de campo, antes do início do jogo, a prova da sua limitação: o desenho DEVE ser alterado para encaixar as características dos jogadores. É assim que se monta um time. É por isso que o futebol dispõe de variações táticas, que o senhor mostra desconhecer ou saber trabalhar.

Dizem que as mulheres não entendem de futebol, porém eu e muitas outras mulheres entendemos mais que o senhor e isso é trágico porque não somos técnicas, só queremos um técnico que saiba montar um time equilibrado.

Gostaria de dizer nessa citação que tudo vai passar e ficar bem, mas acompanho o meu amado clube e o futebol há quase 30 anos e sei o ESTRAGO que um técnico limitado como o senhor gera, ainda mais quando se tem uma diretoria que administra o futebol como se fosse um escritório de advocacia, esperando o fim de todo um processo para avaliar o resultado que, no futebol, traz respostas céleres e concretas a cada jogo, exigindo mais ações que reações.

Como um time como o Fluminense não consegue fazer dois, três bons jogos seguidos, nem num Campeonato Carioca, nem conseguirá, imagina no Brasileiro, muito mais difícil de se recuperar? Nosso 2015 tem sido um fiasco.

Sei que a culpa maior não é do senhor e sim, de quem o mantém no cargo. Uma diretoria permissiva, que sempre hesita em tomar atitudes no âmbito da gestão técnica do futebol, aposta que mudar de técnico será “perder” seus três meses medíocres de trabalho.

Aposta que poderá ser trágica porque não conta, como um boleiro enxergaria, que seja essa – troca de técnico – a única alternativa para ganharmos os próximos nove meses. Enquanto o senhor estiver no comando, o tempo perdido só aumentará.

E isto é uma crueldade sem limites com o Fluminense.”

Abraços fraternos,

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @CrysBrunoFlu

Imagem: lancenet

#SejasóciodoFlu