Carla Jorge (por Paulo-Roberto Andel)

Ela me dava força desde os tempos do Fluminense & Etc e não foi diferente quando fundamos o PANORAMA. Uma tremenda incentivadora do nosso começo. Se conseguimos decolar e nos mantemos em pleno voo, é porque muita gente nos deu e dá força, carinho, abraços (agora virtuais).

Carla era Fluminense para toda obra. Anos atrás fomos juntos de trem para Edson Passos, depois encontramos o Duda. Qualquer jogo vazio, qualquer parada sinistra, lá estava ela de Flu Mulher sempre, um símbolo. Sempre rindo, sempre simpática.

De longe abria o lindo sorriso e a voz de locutora, com aquele leve sotaque inconfundível de carioca da Tijuca. Depois dos jogos, muitas vezes nos esbarramos nos bares do bairro, saindo a pé dos jogos.

Quando ia no Flu, era um barato vê-la. Resolvi todos os meus problemas de Sócio Futebol com ela, com incrível velocidade. Funcionária exemplar que vestia a camisa de verdade. Ao sair, quem perdeu foi o Fluminense.

Depois que me exilei na Leste, não vimos mais jogos juntos. Uma pena. Ainda a encontrei algumas vezes em nossa casa, ou o que restou dela, o Maracanã. Mas aí veio a pandemia e o até logo ficou com gosto de adeus.

Sem saber, Carla me ajudou a escrever crônicas e livros sobre o Fluminense. Seu amor pelo clube me ajudou a suavizar muita coisa, a colocar o mesmo amor acima de tudo. E quando penso nela, também penso na Fernanda, que se foi tão jovem. Pessoas especiais que completavam o meu cotidiano tricolor.

Viajamos juntos, vimos jogos juntos, bebemos juntos e, nos últimos tempos, passamos a nos encontrar em velórios. Vamos ficando maduros, a juventude já passou mas a sensação de que há muito a fazer permanece. E isso é o que mais dói agora: Carla ainda tinha muitos jogos bons e ruins do Flu para acompanhar.

Fique bem, minha amiga, onde quer que esteja. Te agradeço, te amo, te agradeço. As suas mãos carregaram tijolos que ajudaram a erguer esta casa.

Vou sentir sua falta, especialmente naqueles jogos quase sem público. Mesmo na Leste, irei até a divisa com a Sul só pra te procurar.

Tenho certeza de que você estará lá.

Um beijo. Obrigado por ter passado em minha vida e me oferecer um Fluminense que eu vivi – e que ainda persigo, por mais que os maus homens o sabotem. Tudo tem seu tempo.

Descanse em paz.

2 Comments

  1. Uma amiga infalível! Como vibramos nas Laranjeiras no último campeonato brasileiro do FLU !!! VÁ EM PAZ COM DEUS

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