Antes da partida contra o Unión Santa Fe, o receio era a manutenção do esquema com três zagueiros ou o 4-1-4-1 com Wellington enfiado entre a dupla de zaga, praticamente fazendo o terceiro homem do setor. Mas Abel conseguiu superar todas as expectativas negativas. Decidiu tirar quatro homens da fase ofensiva e escolheu o 3-5-2 com Wellington de volante. Para piorar, quis inovar com Caio Paulista na ala direita. A escalação, por si só, fez passar na cabeça do tricolor o enredo das últimas partidas catastróficas do Fluminense. Era sabido que o Unión desfalcado viria fechado buscando o empate. Se fizesse o gol em uma escapada, ficaria ainda melhor. Cabe ressaltar que o time portenho está muito mal na liga argentina. A sorte do apático time do Abel foi o excesso de respeito deles com o Flu, além da falta de potencial técnico. Isso sem contar as duas grandes defesas feitas por Fábio e o gol que eles perderam com o atacante livre diante de nossa meta.
Se o Unión tivesse vindo para ganhar e se fosse um time melhor, o Fluminense teria perdido o jogo. Talvez de forma até impiedosa. A equipe está a cada jogo conseguindo piorar o desempenho. A cada partida que passa o time fica mais óbvio, mais apático, mais desorganizado e terrivelmente desagradável de assistir. A escolha pelo 3-5-2 somada aos nomes escolhidos, fez o Flu novamente jogar o primeiro tempo inteiramente fora. Com três zagueiros, dois volantes plantados e alas isolados, Ganso recuava muito para buscar a bola, deixando Cano ainda mais solitário no comando de ataque. O excesso de espaçamento, a falta de organização, a inexistência de propósito e a ausência de intensidade, evitavam qualquer chance de conexão entre os setores. Mesmo tendo posse de bola superior a 60% na primeira etapa, o Flu não conseguiu chutar no gol do adversário. Abaixo, o 3-5-2 utilizado por Abel no primeiro tempo.
Após o desempenho sofrível, era esperado que Abel desfizesse o esquema com três zagueiros e voltasse, no mínimo, com a linha defensiva de quatro e jogadores mais velozes na frente. Mas, novamente, o treinador tricolor conseguiu superar qualquer expectativa negativa. Sua “solução” foi tirar o ala direito e colocar mais um centroavante. Nino passou a jogar como zagueiro na fase defensiva e lateral quando o time tinha a bola. O resultado foi um buraco pela direita ao perder a bola e o flanco praticamente desabitado quando o time estava com o domínio. O meio continuou espaçado, os laterais tímidos e a produção ofensiva praticamente se limitava a ter a posse longe da área. Percebendo a fragilidade do adversário, o fraco Unión foi crescendo no jogo e teve mais duas grandes chances, defendidas por Fábio. Abel conseguiu piorar o que já estava péssimo. Abaixo, o 4-2-3-1 torto, sem propósito e sem vontade do Flu.
O Fluminense terminou a partida no 4-4-2, mas totalmente desorganizado e perdido em campo. Nonato e Yago ficaram pelo centro, Nathan pela esquerda, Luiz Henrique pela direita e Fred com Cano no ataque. Calegari também entrou na vaga de David Braz. No apagar das luzes do velório tricolor, ainda caiu um pênalti do céu, mas Fred desperdiçou. A verdade é que o bando desmotivado do Abel não merecia vencer. Na verdade, não merecia nem empatar, afinal o Unión foi muito mais efetivo dentro de sua proposta. Já o Fluminense continua sem proposta, sem rumo, sem saída. Na entrevista, Abel se mostrou tranquilo e ainda teve a coragem de enxergar evolução defensiva em um jogo de resultado terrível e desempenho catastrófico. O técnico disse que está buscando ser feliz. Que ironia, afinal é esse sentimento que o torcedor tricolor busca desde 2012, ano em que ganhamos nosso último título relevante. E não vai ser com Abel no comando que sentiremos tal alegria novamente. Salve o Tricolor!