Campeão legítimo: a crônica de João Saldanha (por GET)

A crônica do título de campeão brasileiro de 1984, publicada por João Saldanha em 28 de maio daquele ano no Jornal do Brasil.

CAMPEÃO LEGÍTIMO

Jogão, não pelo resultado de 0 a 0 e que realmente era resultado de um jogo que já começara com 1 a 0 para o Fluminense. Isto determinou a tática do jogo. Claro, o Vasco tinha que atacar e o Fluminense tinha a vantagem de poder esperar e só sair na jogada boa. E foi assim. Se no primeiro tempo o Vasco pressionava e quase marca, no segundo, vítima de um esforço maior, o Vasco poderia ter tomado o gol. Muito igual a partida e ouso formular uma questão: se o Vasco marca na frente, o Fluminense modificaria sua tática e tinha bastante munição para isso. Se jogava quase todo o tempo com apenas mais dois homens de frente – por vezes até somente um – logicamente o Fluminense iria mais ao ataque e, então, teríamos, no mínimo, outro jogo.

Há algum tempo, nesta coluna, reclamávamos que dos quatro finalistas, o Fluminense, o Vasco, o Grêmio e o Corinthians, apenas o Fluminense estava na disputa pelos resultados de campo. Os outros três tinham sido beneficiados pelas letras confusas do regulamento. O Corinthians então forçou os juristas esportivos a enrolarem na base do casuísmo e jogaram o Santa Cruz para o alto. Pois vieram os jogos no campo e ganhou o time que era finalista pelos resultados obtidos no campo.

Muito importante a formação da equipe e o espírito de solidariedade do time. Creio que a crônica foi quase unânime em reconhecer em toda a competição que se tratava de um time não somente solidário, mas formado por jogadores de grande categoria. Cumpre ressaltar a corajosa e utilíssima contratação de Romerito. Jogador caro e não sei como arranjaram os dólares. Alquimia, este o termo. Acho que todos os temores da contratação estão fulminados com os resultados.

O Fluminense armou uma sólida defesa e um ataque sempre perigoso pela facilidade de contragolpes, inclusive quando inferiorizado no marcador tinha condições de poder modificar o esquema tático e sair de dois ou três atacantes para quatro e até cinco. Bom trabalho de Carbone, sua saída chegou a assustar. Bom trabalho de Parreira, que terminou consagrado pela própria torcida. O Fluminense foi o legítimo campeão. Ninguém mereceu tanto.