Calegari, Alexsander e John Kennedy (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, em pleno carnaval eu me deparo com a inacreditável notícia dando conta de que o Fluminense recebeu uma afrontosa oferta de R$ 15 milhões por John Kennedy, atual artilheiro do Campeonato Paulista e candidato a ser um dos grandes nomes do futebol brasileiro nos próximos anos, com potencial para ser titular desse Fluminense, atuando ao lado de Germán Cano, infernizando as defesas adversárias, formando a dupla mais letal do futebol mundial.

Eu não sei qual foi a resposta do Fluminense a tal acinte, mas eu, educadamente, colocaria os incautos em seu devido lugar. Diria eu que agradecemos muito pela oferta de US$ 15 milhões, que, em caso de uma proposta irrecusável nós até venderíamos, mas consideramos a referida oferta muito aquém do que supomos pelo menos tentador.

No mesmo pacote, fala-se de uma proposta de um time estadunidense por Calegari. Não vou entrar no mérito dos números, porque o momento não é de se falar em valor de mercado do atleta, mas de se questionar a razão pela qual não está envergando a camisa titular do Fluminense na lateral-esquerda, posição na qual tem se mostrado o mais qualificado dentro do atual elenco. Contabilizo pelo menos quatro partidas de Calegari naquela posição e em todas se saiu muito bem, ao contrário de tantas outras peças ali experimentadas.

Calegari, John Kennedy e Alexsander são peças fundamentais para o elenco tricolor, todos com condições de serem titulares ou, no mínimo, de terem papel atuante na atual temporada. Portanto, esse é um tipo de noticiário que nada agrega e que deveria ser repreendido energicamente pelo clube, que não pode ser tratado pela mídia esportiva como uma feira de jogadores jovens, talentosos e ofertados ao mercado em ritmo de Black Friday.

A minha opinião é de que a pauta tricolor precisa ser voltada para sua única e verdadeira vocação, que é ser protagonista no futebol, no esporte e na sociedade brasileira. E isso passa pelas pessoas pensando em como configurar o elenco para conquistar vitórias e títulos praticando um grande futebol, que encante o mundo esportivo, como fez em 2022. Não quer dizer que tenhamos que ignorar a conjuntura econômica do clube, não é nada disso, mas que ela mesma precisa ser vista sob outro ponto de vista, que não seja o da lógica perversa de viver de vendas.

O Fluminense, a exemplo do que já acontecera nos anos anteriores, tem um elenco muito mais forte do que o que é percebido pela crônica esportiva e, consequentemente, pela opinião pública. Temos o melhor técnico do Brasil, a base praticamente completa do ano passado, quando estivemos, no mínimo, entre os quatro melhores do país (haja vista termos ficado entre os quatro melhores na Copa do Brasil e em terceiro no Brasileiro), jogadores que chegaram para fortalecer o elenco e esses três rapazes que podem fazer muita diferença ao nosso favor. São, na verdade, os nossos maiores reforços.

Você só consegue perceber o tamanho desse Fluminense olhando para esses três personagens. Porque são os que verdadeiramente podem elevar, numa visão de um time com 15 ou 16 titulares, o nível de uma equipe que já tinha um nível altíssimo na temporada passada.

Aliás, deixa eu explicar essa coisa de 15 ou 16 titulares. Eu não acredito em um time que tenha apenas onze titulares. Eu acredito em uma equipe que tenha quinze ou dezesseis jogadores que possam se revezar de uma forma em que o padrão de exibições não caia.

Vamos aos exemplos?

O que acontece hoje quando temos que substituir o Cano? Não tem substituto. Com JK, nós temos um substituto para Cano e até um companheiro para formar um ataque, com a chegada de Árias como terceiro homem, letal, aterrorizante e assustador para as defesas adversárias.

O que acontece quando precisamos encontrar um substituto para Ganso? Simplesmente não tem, porque o único jogador que se aproxima um pouco de seus estilo, Martinelli, também é titular. Com Alexander, temos alguém que faça o papel de Martinelli, para que esse possa cumprir o papel de Ganso.

Quanto a Calegari, eu nem tenho muito que especular. Dentro da atual conjuntura, é o mais qualificado para ocupar a lateral-esquerda, que continua sendo um problema. Um problema desnecessário, a partir do momento em que você tem alguém que vinha muito bem atuando por ali, com papel importante, inclusive, na criação ofensiva. Não existe mistério no óbvio.

Como é tempo de carnaval, minhas penhoradas saudações portelenses e tricolores!

1 Comments

  1. Não entendo como um pênalti perdido pode condenar um bom jogador ao ostracismo apagando as boas atuações que o mesmo já teve no Fluminense.
    Se isso fosse motivo , Fabio , tb com grandes atuações, teria que ter sido detonado ano passado pelos ridiculos gols entregues nos pés dos adversarios ,um dos quais nos custou a classificação pra fase de grupos da Libertadores.

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