A gente ia torcer pelo nosso time. E ver futebol. Muitas vezes as duas coisas juntas. Outras não.
A molecada parece ter desaprendido o caminho do Maracanã.
Mas o horário também ajudava. Quando os refletores se acendiam, você podia saber que já estávamos com 30, 35 minutos do segundo tempo. Sete da noite estava fora do Maracanã. Oito, oito e meia da noite, no máximo, no Méier, fosse qual fosse a lotação do jogo. 130 mil? 140 mil? 180 mil? Tranquilo. Demorava um pouquinho, mas todo mundo chegava em casa.
Hoje em dia, vai se chegar em casa possivelmente às 10 da noite do domingo, após um jogo às 18:30h. Tarde demais pra molecada.
Ai, se proíbe a cerveja no entorno do estádio, como se a cachaça fosse a responsável pela violência e tal medida fosse suficiente pra acabar com o problema. Não é. Ninguém bebe no estádio, o pau continua a comer e a espantar a gente de bem, e os mesmos imbecis seguem promovendo o esvaziamento do futebol.
A cerveja, por sinal, é outra razão de fuga. No boteco da esquina toma-se uma (dúzia de) gelada(s) pelo preço do ingresso no estádio. Preço que se sabia de cor em outras épocas. Então, o cara prefere ficar enchendo o pote perto de casa ao invés de ir ao estádio.
Campanha conclamando a torcida a ir ao estádio? Nunca mais. “Torcedor, vá ao estádio! Leve sua bandeira!”. Nada! Torcedor, fique em casa e pague o pay-per-view.
Resumindo: programa caro, horário ruim, transmissão ao vivo em milhares de botecos, nenhum estímulo em forma de propaganda, sem cerveja, transporte público de 5a categoria. Nos jogos à noite ainda existe o risco de que trens e metrô parem de circular, tal o horário do fim do jogo.
Será que alguém acha que o futebol sobrevive sem a paixão?
Por que tratam estádio de futebol como companhia aérea? O avião vai voar com 50 ou 100 pessoas. Interessa que voe vazio? A quem? Não é melhor que voe sempre cheio?
Há alguns anos, o carnaval de rua do Rio tinha acabado. Carnaval se resumia então aos desfiles na Sapucaí e Bailes, todos caríssimos. Todo mundo duro, inflação comendo. Espontaneamente as pessoas começaram a formar blocos. E a coisa foi tomando vulto, até se tornar a festa gigante que voltou a ser hoje, rivalizando novamnte com a Bahia.
Não foi um movimento organizado que repôs o povo na rua. Foi a necessidade de diversão.
Espero que a necessidade faça novamente esse sapo pular.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem:PRA
Tem notícia do W.Nem?