Passaremos de fase na Sul-Americana. É evidente que o futebol já proporcionou muitas zebras, mas, sinceramente, desta vez não há como acreditar em outro desfecho que não seja a classificação tricolor. Resta apenas descobrir o enredo. Se será com empate, vitória ou até derrota, não sabemos. Mas o avanço é questão de tempo.
Logo após o sorteio dos confrontos, pesquisei brevemente a respeito do nosso adversário. Trata-se de um clube centenário, em um dos países de história mais rica no futebol sul-americano, é verdade. Em seu estádio, lê-se, em tradução livre: “Aqui nasceu o futebol uruguaio”. Mas não acumula resultados expressivos. Por exemplo, nunca venceu a primeira divisão nacional. Apenas títulos de menor escalão.
Em uma coluna de um blog que falava sobre os clubes uruguaios – infelizmente, não encontro mais o endereço para dar-lhes o crédito –, o Liverpool era um dos clubes de menor torcida em Montevidéu. À sua frente, além dos óbvios Peñarol e Nacional, ainda havia Defensor, Danubio, Cerro, Rampla Juniors, River Plate (o uruguaio, mesmo), talvez mais um ou outro e lhes restou rivalizar com o modesto Boston River. Pelas contas do blog, os negriazules devem ter cerca de 10 mil “hinchas”. Imagino que a média de idade não seja das mais baixas.
Vale lembrar que a nossa partida não será no Estádio Belvedere, onde costumam mandar seus jogos. Será no mítico Centenário, com capacidade superior a 60 mil torcedores. A não ser que aconteça um fenômeno semelhante ao que houve com o Bangu na final do Brasileiro de 1985 contra o Coritiba no Maracanã, quando torcedores dos clubes grandes ajudaram a encher o templo, é bem capaz que nossa torcida esteja em número quase equivalente à deles. Portanto, é bem provável que tenhamos um estádio sem pressão.
Assim como há um mês, o Liverpool segue na antepenúltima colocação no Campeonato Uruguaio. É verdade que não é mais o saco de pancadas que era na época. Dos últimos cinco jogos, todos após o embate passado, perdeu apenas um. Mas também só venceu um, do lanterna do campeonato e por um gol de diferença. Mesmo se esse resultado se repetir, nos classificaremos.
Há um agravante para eles: seu camisa 10, De La Cruz, foi convocado para o Mundial Sub-20 e já desfalcou o time a partir do último fim de semana. Era o jogador mais perigoso, talvez o único de qualidade da equipe. No jogo de ida, foi o que deu o chute para a única defesa do nosso arqueiro Cavalieri.
Se marcarmos um gol, eles ficam obrigados a marcar quatro. Houve apenas duas partidas em que nossos titulares passaram em branco: na semifinal da Taça Guanabara e na primeira partida da final do Carioca. Nas poucas vezes em que sofremos três gols, contando até os jogos com os reservas, fizemos no mínimo um.
Já eles não marcaram mais que dois gols em uma partida e, quando o fazem, sofrem pelo menos um. Em todos esses jogos, De La Cruz estava presente. Sem ele, a equipe não conseguiu marcar gols em 2017.
O cenário é perfeitamente favorável e a classificação é iminente. A conexão entre time e torcida – bastante evidente no domingo – parece ter voltado, o que também ajuda a trazer confiança aos jogadores. Pode até ser que não assistamos a uma vitória, apesar de eu acreditar nela, mas seguramente passaremos longe de uma eliminação. Cabeça erguida e olhos atentos. O ano de 2017 será lindo.
Panorama Tricolor
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Imagem: leca