Mais uma passagem dramática da Seleção Brasileira. O jogo que começou bem e que parecia talvez ser o esperado deslanche do Brasil na Copa terminou deixando a torcida com o coração na boca. Sufoco colombiano e a entrada covarde de Zuniga em Neymar. A amarelinha segue na Copa, mas o garoto de 22 anos não.
Os críticos e os do contra mais uma vez colocaram nosso adversário como o favorito. O Brasil do futebol feio ia enfrentar um dos destaques da Copa, a Colômbia do futebol bonito, do jovem craque James Rodriguez. Parecia uma torcida velada para que nossos vizinhos fizessem história e nos derrubassem. Assim, choveria o “eu bem que avisei”. Acho triste. Não sou contra as críticas e acredito que elas devem sim existir, mas não dessa forma sensacionalista, que machuca.
O primeiro tempo talvez tenha sido até agora o melhor momento do Brasil na Copa do Mundo. Paulinho voltou bem e todos pareciam mais soltos em campo. Maicon deu a consistência à lateral direita que Daniel Alves não conseguiu. O jogo leve do adversário facilitou o nosso futebol. É o “joga e deixar jogar”. Apesar do padrão de jogo seguir o mesmo de antes, as chances apareciam. Logo aos 6’, em um escanteio pela esquerda, Neymar bateu pra dentro da área e Fred deslocou três marcadores. Thiago Silva chegou por trás do zagueiro que faltava, se antecipou e, de canhota, colocou pra dentro. Pelas circunstâncias, me fez lembrar o gol “cala a boca” de Branco em 1994. O Monstro saiu batendo no peito vociferando “isso é Brasil”. Isso é Brasil!
A partida seguiu favorável para a Seleção. Ficou aquela sensação do segundo gol que sairia a qualquer hora. Talvez até um terceiro para fechar a conta. Mas os erros seguiam os mesmos. Fred foi mais participativo, mas seguia sem receber aquele passe. Hulk correu como nunca, mas quando está no ataque é como se não houvesse mais ninguém. Nem do seu time, nem do adversário. Um chute atrás do outro, com ou sem condição. Se levantasse a cabeça pra tocar, não apenas Fred, mas vários outros jogadores teriam feito um ou mais gols. Fim de primeiro tempo.
Após o intervalo, a Colômbia equilibrou mais as ações e James conseguiu aparecer um pouco. Quem apareceu bastante foi Cuadrado, dando shows de siricuticos e chiliques, querendo mandar no jogo e esquecendo-se de ficar no seu próprio quadrado. Aos 19’ a primeira má notícia para nós. Após ataque brasileiro, Ospina tentou sair com a bola, mas quando a soltou no ar para o chutão, foi interceptado por Thiago Silva. Sem querer ou não, valeu um cartão amarelo e tirou nosso capitão da semifinal.
Porém, pouco depois, o suspiro. Falta sofrida na frente da área, com certa distância. David Luiz na bola. Quando todos esperavam aquela porrada de três dedos, nosso camisa 4 solta de chapa uma bola sem peso que foi morrer dentro das redes colombianas. Comemoração ensandecida, em uma corrida que deixava a cabelereira toda pra trás. Direto a voadora na bandeirinha. Brasil 2 x 0.
O jogo não mudou muito e Neymar teve uma boa chance para aumentar o placar. Porém, em uma jogada bem tramada pela Colômbia, Júlio César saiu no atacante levantando a perna. Pênalti e amarelo para nosso goleiro. James pra bola. Gol. Brasil 2 x 1 Colômbia ao 32’. A partir daí corremos um grande risco de sofrer o empate. Sai Paulinho, entra Hernanes. Sai Hulk, entra Ramires. Passamos a nos defender melhor, mas o panorama não mudou até que…
Neymar
Era pra ter sido a Copa dele. O dono do time. A estrela do Brasil. Não teve nenhuma atuação memorável e infelizmente não terá mais. Ao menos não nesse Mundial. Perto da nossa área, de costas pro campo adversário, matou a bola no peito e caiu no chão. Zuniga, lateral da Colômbia veio com tudo por trás, no corpo de Neymar. Saltou com o joelho levantado e acertou nosso camisa 10, que tombou e não se levantou mais. Enquanto os críticos achavam que era teatro, sua terceira vértebra estava fissurada. Saiu sendo balançado pelos maqueiros, o que mostrou falta de preparo dos profissionais. Momento depois, com a Seleção ainda no vestiário, veio a notícia. De quatro a seis semanas de recuperação. Fim de Copa para o garoto. Nem amarelo para Zuniga que achou tudo muito normal.
Entrou Henrique e fechou a zaga. O placar não mudou e o Brasil se classificou. Enfrentaremos a Alemanha, terça-feira no Mineirão. Parada duríssima. Mas agora eles não sabem o que esperar de nós. Obviamente, vai depender de como o Felipão vai arrumar o time. Três zagueiros é o mais provável. Willian, uma possibilidade. Mas, independentemente disso, a Seleção estará mais forte. Todos jogarão pelo Neymar, terão mais garra e o jogo será mais coletivo. Pode ser o momento de Fred.
Eu respeito muito a Alemanha, mas acredito que pode ser um jogo mais fácil para nós que os dois anteriores. O Brasil jogará dia 13 no Maracanã.
Nos acréscimos
Sem dúvida, a zaga é nosso grande destaque até aqui e não falo apenas dos dois gols de hoje (ontem). Thiago Silva desarmando adversários e críticos. David Luiz… Olha, pra mim, é o cara da Copa. Além de todo seu futebol e carisma, suas atitudes são invejáveis. Em mais um capítulo de destaque na sua história, foi até o garoto James Rodriguez e ofereceu sua simpatia, um abraço e o pedido de reconhecimento da torcida brasileira. Palmas pra ele.
Ah, antes que eu me esqueça, realmente estou torcendo pra Alemanha jogar com seu bizarro segundo uniforme. Entendam como quiserem…
Pra frente Brasil! ST!
Panorama Tricolor
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Fotos: Reuters e Eitan Abramovich/AFP