Ufa!
Um sufoco. Nada mais pode definir a apresentação brasileira diante do Chile do que um sufoco. Mais uma ves o Brasil deixou evidentes suas deficiências no meio campo e chegou a ser dominado pelo Chile na segunda etapa. Nada disso estraga a festa pela classificação, mas a pulga, que já estava atrás da orelha começa a incomodar demais.
A Canarinho começou o jogo dando pinta de que faria sua melhor apresentação na Copa. Pressão na saída de bola chilena, atitude e muita vontade. Os chilenos, assustados com a conjunção entre torcida, camisa e elenco, restou à defesa, em uma tentativa de não repetir os encontros passados.
Mas, de repente, tudo mudou. O monstro pentacampeão não era tão feio assim e o Chile sentiu-se à vontade para tocar a bola. Em um cruzamento na área, a seleção impôs o placar: um a zero. Saibam, chilenos, aqui é Brasil. É a história, é a força, enfim, o campeão voltou. Mas não.
Parece que o gol deu uma tranquilidade excessiva à seleção brasileira que passou a ser dominada pelo Chile. Apesar de pouco agudo no ataque, os chilenos contaram com a colaboração de um cochilo da zaga canarino em um lateral para empatar. Quem parecia assustado vestia amarelo no intervalo do jogo.
E o segundo tempo veio como uma dádiva para a camisa amarela: não fosse o imenso respeito que as cinco estrelas impoõem, o Chile teria ganho o jogo. Um domínio vermelho absoluto, mas sem objetividade. O respeito foi maior que a vontade de vencer os pentacampeões, que pareciam apenas assistir à troca de passes andinas em campo.
Felipão, ainda teimoso quanto a perceber que o problema do selecionado nacional encontra-se no meio de campo, sacou Fred – pouco acionado no primeiro tempo e durante toda a Copa – para a entrada de Jô. Seis por meia dúzia, pois a bola não chegava e o problema não é o centroavante, mas a ausência total de variação tática, especialmente contra adversários fechados.
Veio a prorrogação e o Brasil, mesmo retomando o controle do jogo, em momento nenhum pareceu Brasil. Havia no ar o medo de perder, o receio de errar e, novamente, muito pouco foi criado. Muito pouco para uma seleção que se coloca como postulante ao título. Como deus é brasileiro, fez a bola do chileno encontrar o travessão no último lance do jogo. Penais, com toda a angústia e incerteza que traz.
Os pênaltis mal batidos pelos rojos serviram para dar confiança a um goleiro que, há muito, traz a intranquilidade para a nação. Bola na trave, Brasil classificado. Comemoração tímida de quem percebe que, da forma como o Brasil joga hoje, serão necessários vários golpes de sorte e muita camisa para o que vem pela frente. Houvesse diante de nós hoje uma equipe destemida, daríamos adeus à Copa. Ou mudamos já o jogo, ou o inevitável será verdade. Por enquanto, comemoremos. Com mais alívio do que festa.
Panorama Tricolor
@Panoramatri
Foto: AP (globo.com)