Derrota em momento errado
No feriado da Independência da Pátria, o Fluminense fez um jogo difícil com o Botafogo e infelizmente perdeu, após uma bobeira da zaga. A disputa foi muito dura por parte das duas equipes. Apesar da garra, o clássico ”Vovô” não nos agraciou com bom futebol, como era de costume no passado. Por falar em passado, antes da partida principal, houve uma disputa de másteres com ex-jogadores de ambos os times. Os torcedores quarentões para cima puderam rever alguns jogadores do passado. Alguns craques, outros nem tanto, mas que marcaram a história dos clubes.
O jogo foi realizado no Estádio Luso-Brasileiro. Com a ausência do Maracanã, os times cariocas buscaram outros estádios para suas partidas. O Fluminense adotou o Giulite Coutinho, em Edson Passos. Botafogo optou pelo simpático estádio da Ilha do Governador. Alguns lamentam a ausência do Mário Filho, mas a fórmula tem dado certo. Se considerarmos que os estádios não têm atraído tantos torcedores cariocas, jogar em um alçapão com a torcida pressionando tem sido um ingrediente a mais na busca por bons resultados. Além do mais, é bom rever os antigos estádios cariocas sendo utilizados, em contraponto às arenas “limpinhas” com torcida “gourmetizada”. Estes lugares resgatam aquele futebol de antigamente, para todos, sem distinções e sem afastar o povão.
Os dois times vinham embalados após vitórias na rodada anterior. O Fluminense vem buscando a sua melhor formação em campo. Contra o Bota, colocou uma barreira na frente da zaga com Pierre e Edson. No ataque, substituiu Henrique Dourado, que ainda não se estabeleceu na posição, por Samuel. Cícero entrou um pouco mais avançado, na tentativa de dar mais qualidade ao meio.
O jogo começou bastante movimentado, com as duas equipes aguerridas e buscando o ataque, porém de maneira totalmente desorganizada. Abusaram das ligações diretas defesa-ataque e os goleiros eram pouco exigidos. O ímpeto inicial da partida diminuiu e o Flu começou a tocar mais a bola com Gustavo Scarpa e Cícero começando as jogadas pelo meio. A bola chegava nos laterais, mas a forte marcação impedia a criação de lances mais perigosos. Welington recebia marcação dupla e teve dificuldade em criar. Ainda assim, conseguiu uma jogada pelo canto esquerdo do campo mandando uma bola venenosa para área, batendo na trave, após enganar o goleiro Sidão. Quase um golaço. Na defesa, o Fluminense conseguia impedir as investidas do adversário com Edson e Pierre. Até os 20 minutos, o futebol pouco tinha aparecido em campo, com lances que lembravam os jogos de várzea e suas disputas “à la bumba meu boi”.
Em uma disputa de bola que quase culminou em gol do Botafogo, Cavalieri se machucou e foi substituído por Júlio César, atendendo às preces de parte da torcida insatisfeita com a atuação do veterano goleiro. O Fluminense resolveu, então, jogar mais no ataque, empurrando a equipe de General Severiano para a defesa. Com isto chegávamos com mais perigo na área adversária. Apesar do avanço tricolor, Samuel jogava muito preso na marcação e teve poucas oportunidades de conclusão. O Time de Guerreiros passou a deixar espaços e o Botafogo passou a jogar no contra-ataque, assustando em alguns momentos. Mandou uma bola no travessão chutada por Camilo. Fluminense também chegava. Henrique chutou após falta batida por Scarpa, mas o goleiro alvinegro defendeu. Um chute perigoso de fora da área defendido por Júlio César e o primeiro tempo terminou sem gols.
No segundo tempo, Levir sacou Edson para dar lugar ao jovem Douglas. Para mim, esta substituição se deu por dois motivos: Edson já tinha cartão e Douglas é mais efetivo na ajuda ao ataque, apesar da má fase. O Botafogo atacava de forma desorganizada, mas a pressão acabou surtindo efeito. Após uma bobeira da zaga tricolor, a bola sobrou na área e Neilton aproveitou para abrir o placar. O time sentiu o gol e passou a jogar acuado. Com o tempo, o Botafogo recuou e o Fluminense respirou um pouco mais. Quase marcou, com Willian Mateus carimbando a trave alvinegra, após boa jogada iniciado por Welington. A partir de um determinado momento da partida, o time tinha a posse de bola, mas não conseguia furar o bloqueio botafoguense. Cícero sumiu do jogo e Scarpa, sozinho, tinha dificuldades em iniciar as jogadas, pois os jogadores tricolores se movimentavam pouco. Quando a bola alcançava os pés de Welington, o Fluminense ainda conseguia chegar com perigo.
Para aumentar o poder de fogo tricolor, Levir tirou Pierre e colocou Magno Alves. Esta substituição deu mais dinâmica ao jogo do Fluminense. Samuel foi deslocado para a ponta direita e Welington caía pela esquerda, com Magno voltando para receber a bola e distribuir as jogadas, puxando a marcação adversária. Com o jogo terminando, o Fluminense começou a jogar a bola na área em busca do empate, ora com balões do meio de campo, ora com cruzamentos, aproveitando faltas e escanteios. A pressão quase surtiu efeito em dois lances. No primeiro, Samuel quase fez, em uma bola que sobrou alta, na frente de Sidão. Na segunda, Magno recebeu a bola na entrada da área, mas o chute não foi em direção ao gol. Apesar da pressão final, o jogo terminou com a vitória botafoguense.
O resultado foi muito ruim para as pretensões do Fluminense. Ainda que derrota em clássico seja normal, não veio em um momento bom, principalmente para a nossa sonhada meta de alcançar o G4. Pelo investimento feito e pela qualidade dos jogadores, era jogo para somar três pontos. O time ainda está muito lento e carece de jogadas mais eficientes no ataque. A formação ideal, citada no início deste texto, ainda não foi conseguida. Levir terá muito trabalho.
Panorama Tricolor
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Imagem: urc