Embora equivocada contratação, Ricardo Drubscky me causou muito boa impressão. Em duas partidas, apesar dos problemas do time, apontou três mexidas que gostei muito. Foram elas: 

1- Ficou claro o novo posicionamento do Wagner. O meia deixou de ser o ponta-esquerda recuado, marcador de lateral adversário e voltou à sua posição, graças ao 4-4-2 em losango que Drubscky indicou.

Se nem Messi quando fica fixo no lado do campo rende bem, que fará o Wagner.

2 – Com o losango, o novo técnico tricolor fez outra mudança que muito eu pedi: posicionou Edson de primeiro volante, acabando com aquela linha burra dos volantes (Edson e Jean). 

3 – E outra mudança que eu pedi, ainda menos clara, mas já perceptível, é fazer com que os laterais sejam sobretudo o que são: jogadores defensivos. Giovanni me pareceu mais preso na defesa, como deve ser, para compor a primeira linha de quatro, cobrindo o buraco que os zagueiros se viram em preencher.

É evidente que falta treino. A leitura me pareceu excelente, incluindo, outro detalhe que seu antecessor pecava: as substituições. Drubscky consegue trocar os jogadores conforme suas características: entra Walter, sai Fred; entra Vinícius, sai Wagner; e quando sai Kenedy, por faltar um segundo atacante de lado de campo, ajusta o Marlone lá.

As minhas primeiras impressões foram muitos boas pela coerência que ele demonstrou. No entanto, ainda falta o treino, e será aí que precisaremos que nosso novo comandante mostre sua eficiência.

Sem o mínimo de padrão tático equilibrado, o nosso time tem problemas nos três setores. O mais gritante é na defesa. Os jogadores do setor defensivo têm marcado muito mal. Edson, nesse aspecto, caiu de produção dos últimos jogos. Os zagueiros parecem individualmente atrapalhados e espero que seja por estarem expostos.

Os laterais não marcam ninguém, deixam uma avenida nas costas e precisamos prender mais o Giovanni, já que Wellington Silva é fraco na marcação, mas por ser o único que consegue acelerar a saída de bola, acaba sendo imprescindível no apoio. 

Aliás, Wellington Silva é, para minha tristeza, o único jogador do Flu que consegue driblar em linha reta, o que expõe outro defeito do nosso time. 

No meio campo, mantendo-se o Edson como o primeiro volante no losango, espero que o jogador consiga ficar mais próximo da linha dos zagueiros e só avance, algo que ele faz muito bem, quando for extremamente necessário.

Wagner ainda se readapta a jogar por dentro, o que ainda nos deixa falhos na criação, e Jean ainda oscila individualmente, porque precisa do time mais compactado para se sentir confiante na cobertura do Edson, nem ficar tão preocupado com o buraco deixado pelas subidas do Wellington Silva.

Por fim, os meninos e Fred. O trio é o destaque do Fluminense no Campeonato. Ainda assim, sofrem pela falta de criatividade e intensidade do resto do time. Kenedy é um jogador de área, com muito boa finalização, mas não tem o drible frontal, que fura retranca e abre o espaço. 

Nem Gerson, mais organizador de jogo, tem esse drible. Não que eu tenha visto ainda. A falta do jogador com essa característica acaba prejudicando o trio que passam a contar ou com uma jogada individual, um arremate de longa distância, aos incontáveis e ruins chuveirinhos na área, para ter uma bola boa.  

Isso tudo me preocupa ainda com relação ao Brasileirão porque precisamos de um jogo mais consistente, sem a quebra de ritmo mórbido que temos visto do time. Sofre apagões, administra o jogo com toques para o lado como se já estivesse cansado, passa a trotar em campo em vez de agredir, de buscar o gol.

Drubscky terá uma semana para renovar o gás, posicionar melhor o time, especialmente, defensivamente. É pouco, bem sabemos. Especialmente que a maior parte dos treinos são físicos, em campo reduzido, com pouquíssimos coletivos, ou só um único. O que acho surreal, por mais eficientes que sejam as teorias da preparação física.

Domingo tem Fla-Flu. Será o primeiro grande teste do novo comandante tricolor. Estou com boa esperança e deixo aqui meu voto de confiança. Vamos para o clássico com tudo! Ligar esse time na tomada. Vencer o Flamengo! E, com a classificação, recuperar o tempo perdido com Cristóvão.

TOQUES RÁPIDOS:

– O menino Marlon me parece muito preocupado em mostrar sua categoria, abusando em alguns lances e até, como num dos gols do Barra Mansa, abandonando a jogada. Num momento em que a defesa está mal posicionada e treinada, é melhor jogar o feijão com arroz. Um puxãozinho de orelha não irá doer.

– Fred está a um gol dos trezentos na carreira e também para se tornar o sexto maior artilheiro da história do Fluminense. Sabemos que Fred não saiu do Fluminense no pós-Copa das Confederações porque apostaram no título mundial da Seleção e, com ela, no aumento do seu valor, o que não ocorreu, pelo contrário.  

Ainda assim, em tempos que jogadores são marionetes de empresários e dificilmente criam laços com os clubes, a escolha do camisa 9 de permanecer no Flu foi muito inteligente. Vitória e gol nos mulambos, Don Fredon! 

Abraços fraternos,

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @CrysBrunoFlu

Imagem: Cezar Loureiro/Globo