Caro Roger,
Na noite de ontem, o Brasil realizou um feito inédito, colocando três times nas semifinais da Libertadores: Palmeiras, Atlético MG e Dissidência.
O Fluminense pode mudar isso daqui a pouco colocando quatro times brasileiros na semifinais da mesma competição.
Essa é só uma responsabilidade que recai sobre seus ombros e sobre os ombros dos homens que você comanda. Na verdade, a menos importante delas.
Acima do feito brasileiro, temos dois a realizar. O primeiro deles é colocar o Fluminense na semifinal, não pelo referido feito, mas porque isso significará um enorme ganho em termos de marca, sem contar com o ganho financeiro e possível ganho econômico.
Eu imagino que você entenda a importância de chegarmos a uma semifinal de Libertadores com quatro times brasileiros, levando em conta que estaremos inseridos em uma prateleira em que vicejam os três times de maior investimento no país no momento.
E eu digo isso lembrando da trajetória, não do Fluminense, mas da opinião da grande mídia esportiva.
Mais ou menos na mesma época do ano, nós terminávamos o primeiro turno do Brasileiro no G-4. Para a grande mídia esportiva, que muitos chamam de Flapress, nós éramos intrusos, com a explicação de que no começo daquela temporada nenhum tricolor poderia imaginar tal feito.
Com o que eu concordo, já que nossa formação de elenco era duvidosa, mas discordo, ao mesmo tempo pelo simples fato de que o Fluminense chegou àquela posição porque jogou para isso, que é a explicação mais simples e óbvia.
Ao final do ano, chegamos em quinto lugar no Brasileiro, a poucos pontos do campeão, e disseram que, obviamente, nós éramos intrusos ali. A minha avaliação é de que chegamos em quinto lugar por causa de uma visão fracassada, que nos tirou o pentacampeonato brasileiro.
Acabamos, meio que por acaso, indo direto para a fase de grupos da Libertadores, onde mais uma vez fomos vistos como intrusos. A minha humilde opinião é de que fomos direto para a fase de grupos porque o Palmeiras conquistou a Copa do Brasil. Fosse o contrário, teríamos que ter disputado a Pré-Libertadores. E acho que minha visão é bem mais prática.
Pois eis que terminamos a fase de grupos em primeiro lugar, mesmo jogando o grupo da morte, com River, Santa Fé e Júnior. Estávamos, então, nas oitavas da Libertadores, na opinião da mídia tradicional, porque contamos com a sorte de enfrentar o River, na rodada final, voltando de uma crise de Covid. Na minha opinião, o feito se deve aos recursos humanos que o Fluminense empregou no projeto, apesar dos muitos erros cometidos.
Pegamos o Cerro, vencemos as duas partidas e chegamos às quartas de final como… intrusos, óbvio. Muito apesar do fato de ser o Cerro um time sofrível, isso depois de um quase massacre em Assunção.
Pois estamos aqui a uma vitória de ir às semifinais da Libertadores e lá chegaremos, caso cheguemos, como intrusos. A minha visão, caso cheguemos, é de que o Fluminense, mesmo que erros sejam cometidos – e já foram tantos – terá passado por um adversário difícil, mas que está longe de ser uma barreira intransponível.
E é aí que eu lhe faço o convite: vamos entrar de intrusos nessa festa?
Você sabe que o intruso é aquele que não foi convidado para a festa, mas insiste em comparecer. Só que essa festa não é deles, é do futebol, e lá estarão os que fizeram por onde, donde concluo que cabe a você fazer sua parte nesse projeto.
Eu quero só lembrar de que no jogo com o Inter no domingo passado chegamos aos 47 minutos do segundo tempo empatando em 2 a 2 e as estatísticas mostram que, até então, o Fluminense, em oportunidades de gol, vencia por 6 a 5. Melhores oportunidades que as do Inter, que contou mais com nossas falhas, graças às suas escolhas na escalação da equipe.
Razão pela qual eu exorto você a repeti-la. Com uma única diferença: monte o time no 4-4-2, com variação para 4-3-1-2. Libere o Luís Henrique para atuar próximo ao Abel e encaixe o Ganso na segunda linha de quatro quando formos atacados. Use os dois atacantes para fazer compactação, não para marcar laterais, mas para dar opção de contragolpes em velocidade, caso as oportunidades para isso apareçam.
Deixe Casares, Nenê e Fred no banco. Todos podem ser úteis no decorrer da segunda etapa, não iniciando o jogo. Qualquer um que analise futebol já percebeu que o Ganso dá mais qualidade tática, ritmo de jogo, controle de bola e profundidade inteligente ao time nos momentos certos.
Qualquer um que analise honestamente o Fluminense já percebeu que Abel é muito mais produtivo que Fred. Marca, corre e ataca espaços nas costas da zaga adversária, o que Fred não faz. E futebol é jogo de intensidade, você sabe disso.
Você abriu uma janela para dias melhores e tem a faca e o queijo nas mãos. Com os três volantes, você tem inúmeras opções para transformar o Fluminense em um time indigesto, embora eu saiba que não para essa partida, ainda que eu ache que você deveria olhar o Kayky com carinho, mas não atuando pressionado para não jogar seu futebol e sim incentivado a fazer jogadas como a que culminou no gol mais bonito do Fluminense na temporada.
É isso, Roger, que eu tenho a dizer, e acredito do fundo do meu coração que teremos tudo para entrar de penetras na festa para a qual não fomos convidados. Mais que isso, podemos, com tempo para você arrumar o trio ofensivo (com as possibilidades de Caio Paulista, Gabriel e Arias, por exemplo), bagunçar essa festa e fazer o que não fizemos em 2008, quando éramos os donos da mesma.
Eu sei que você montou o esquema de domingo passado pensando já no jogo de hoje, mas com Casares e Fred nas posições de Ganso e Abel. Não faça isso, pois reduziremos nossas chances de vencer o jogo, e você sabe disso tanto quanto eu. Coloque a classificação como prioridade, porque essa torcida ainda pode migrar para o seu lado.
Saudações Tricolores!
m
Muito bom artigo, concordo 100%
Espero que o Roger consiga ler….mas acho dificil ele ir sem o Fred. Fluzao 2×0 hoje!
ST