O ano de 2022 não começou para o Fluminense nesta quinta-feira, 27 de janeiro, quando o clube entrou em campo pela primeira rodada do Campeonato Carioca.
Na verdade começou bem antes.
Podemos dizer que quando as contratações para a temporada foram sendo sacramentadas. Talvez, contrariando o tempo, tenha começado ainda no não saudoso ano de 2021.
O Fluminense incorporou ao elenco jogadores, no mínimo, polêmicos. Por exemplo, um volante/meio de campo que se atribui a alcunha de “pitbull” o que, para mim, pouquíssimo acrescentará ao elenco e, sobretudo, à história tricolor.
Incorporou um lateral esquerdo vindo do potente e exponente futebol moldavo (e aqui vale um interregno para que se faça um passeio virtual e se conheça um país pouco falado e visitado pelos brasileiros, a Moldávia, localizado no Leste Europeu e pertencente à antiga União Soviética).
Pois bem, da Moldávia, localizada entre a Romênia e a Ucrânia, veio a descoberta para a solução da lateral esquerda tricolor. Já tentei ver jogos do rapaz quando atuou no FC Sheriff de Tiraspol, mas não tive sucesso.
O Sheriff chamou a atenção na Liga dos Campeões da Europa em 2021, quando conseguiu alguns bons resultados sobre os potentes Shakhtar Donetsk e Real Madrid. E pronto!
De lá o Fluminense foi sacar o lateral esquerdo para a nova temporada. Mas, tudo bem. Eu não sou olheira, tampouco tenho competência para isso. Mas não sou mentecapta e essa transação precisa mostrar muito a que veio, para que faça algum sentido no futebol tricolor. A estreia do jogador, contra o Bangu, foi lastimável. Errou praticamente tudo o que fez.
O Fluminense incorporou ainda ao seu elenco, o goleiro Fábio. Indiscutível tecnicamente, cara de muito bom trato e querido pela torcida do Cruzeiro, Fábio vem numa situação que me desperta enorme dúvida e curiosidade.
Marcos Felipe é o goleiro titular do Fluminense. Conquistou a posição em 2021, com honra, mérito e competência. Assim sendo, quais os objetivos do Fluminense ao trazer Fábio? Realmente, se fosse para fazer uma contratação com o quilate do Fábio, que se fizesse para posições que estão à deriva no clube desde o ano passado. Exemplos são um meia armador que saiba jogar bola de verdade e laterais que tenham regularidade e coerência técnica.
Portanto, meu povo, o ano do Fluminense começou bem antes desse 27 de janeiro. Começou ainda com o início da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2022. Aliás, sempre falo sobre isso. Este campeonato é muito especial nas minhas memórias e expectativas.
Desde adolescente almejava que o ano começasse não por outro motivo, senão para que o Fluminense entrasse em campo com o time da base. Sempre foi uma delícia e um deleite ver a nova geração tricolor se exibindo em campo.
Mas, que começo de ano lamentável! Vencemos o Jacuipense na primeira rodada da Copinha, a duas penas, pelo magro placar de 1 a 0. Estávamos ou de roda presa ou de salto 7cm.
Vencemos as rodadas seguintes por placares mais elásticos, nos classificamos para as oitavas de final e subimos num salto 15cm. A garotada fez a festa pela classificação como quem havia levantado a taça, esta mesma com a qual sonho desde a minha adolescência. Taça, por sinal, que o Fluminense, hegemônico que era, não levanta desde 1989.
Sobre este salto, encaramos o time do Santos nas oitavas e fomos derrotados. E o que eu vi? Além da minha completa decepção, não vi nada, nenhum lamento, nenhuma resignação aparente diante da desclassificação.
Vi um time com muitos talentos, inegáveis e desejáveis, sem a menor noção do que significa Copa São Paulo de Futebol Júnior, do quanto é almejável e importante para a história de um clube que tem como um dos seus eixos estruturantes a formação de equipes de base, conquistá-la.
Parece-me faltar senso de história na formação desses garotos. Falta senso de realidade, muitas vezes. Cabe, tal responsabilidade, ao clube que os forma como profissionais.
Já na noite de 27 de janeiro, o time principal entrou em campo com uma formação que vou adjetivar de bisonha. Não pela decantada formação em si, o 3-5-2, mas pelas peças presentes em campo. O que justifica a escalação do pesado e inepto volante pitbull? O que justifica a escalação do garoto “moldavo” na lateral esquerda? O que justifica a rápida e rasteira dupla de atacantes que começou o jogo? Há ironia na fala, certo?
Não estou dando alguns nomes nessa coluna. Opção. Não quero priorizar nome nenhum, hoje. Até porque o problema não está nos nomes individuais, o problema continua sendo o péssimo, retrógrado e irritante modelo de gestão do Fluminense que (a) gerencia mal a sua base (técnica e psicologicamente); (b) vende mal seus jogadores (não apenas pelos valores e negócios ridículos que faz, mas também pelo mal uso que faz dos jogadores revelados no clube, no time profissional) e, (c) para piorar, é um dos piores compradores do mercado brasileiro.
O ano do Fluminense não começou na estreia do Carioca. E não começou bem. A “sorte” é que tem uma base oriunda dos anos anteriores, que não rendeu mais ainda por falta de qualidade e coragem no comando técnico.
Apelemos para a “sorte”, então. Apelemos por requinte, qualidade e coragem no comando técnico.
Feliz 2022.