Desde que me entendo por gente, elas ocupam as nossas arquibancadas. Lá se vão trinta e cinco anos. Que venham mais quarenta. Cheias de charme, colírios de poesia, versos que desfilam, estátuas gregas de carne e rosto, decotes que despertam, sorrisos que comovem, mil feitiços de Áquila, dois olhos de ágata e um rosto que é um amor de Madredeus.
São as mulheres tricolores.
As deusas das nossas arquibancadas, as gatas que povoam bares, praias e alamedas com a nossa camisa imortal.
Aviões humanos femininos nos céus do Maracanã, de São Januário, do Engenhão (quando houver) e mais Volta Redonda, Macaé, qualquer lugar.
A beleza da mulher é algo que deve ser ressaltado sempre, mas é bom que se diga também: ela povoa outras arquibancadas que não as nossas. Mas existe um encanto especial, um magnetismo, uma aura que só entende quem admira a classe das mulheres tricolores.
Elas vêm de qualquer lugar: pode ser Ipanema, Urca, Tijuca, Méier. Realengo, sempre. Bangu. Sem contar a fina ironia do encanto da mulher tricolor a desfilar em bairros como Flamengo e Botafogo. Outras cidades e estados. Mundo afora.
Esta casa mesmo tem seus símbolos.
Elas são as tricolores e dão as cartas. Inebriam.
Deixam os perfis embasbacados.
Eu mesmo raras vezes tive a oportunidade de namorar uma tricolor. Aconteceu duas vezes, talvez – sabe-se lá porque, acabei namorando e me apaixonado por várias rubro-negras (uma de cada vez – deve ser alguma piada contra mim mesmo). Noutras, minhas companheiras não tinham interesse por futebol (o que, de uma forma ou outra, acabou sendo divertido – mas nem sempre).
Confesso: é muito, muito, muito melhor ter a mulher amada tricolor ao lado. Dividir com ela o espaço da arquibancada, além de poder namorar na ida, estadia e volta de eventuais viagens atrás do Fluminense – quer coisa melhor? Ou depois falar do jogo, comentar. Rir por qualquer coisa. Conversar.
Sair de jogo cedo, voltar para casa e namorar no sofá, passear no outono do Leme, tomar o primeiro táxi para o primeiro lugar sem rumo nem planejamento e amar, amar, amar. Não importa o que seja e onde esteja, mas sim com quem se está.
Ah, o universo do amor é vasto e celestial, mas ele tem um tempero ainda mais instigante quando dois corações tricolores se juntam, duas mãos tricolores se entrelaçam durante um jogo. Dedos que se trocam e se permitem, palmas que se beijam, calor que provoca arrepio – eis outra canção.
O que dizer de um beijo tricolor? Tudo.
Daqui a pouco vem aí o Dia dos Namorados. Estarei longe, longe, mas não deixarei de pensar.
Toda namorada tricolor merece beijos, afagos, poemas, carícias, conversas ao pé do ouvido, malícias, prazeres, desejo e dedicação exclusiva.
E, claro, presentes também.
Mil horas de amor e fé, mil serenatas, declarações para o mundo inteiro ouvir, declarações a dois. Pimenta fortíssima e sorvete, tudo junto. Chocolate também.
Carinhos e beijinhos sem ter fim, como ensinou o poeta imortal.
Eu recomendo que todo sujeito transforme a sua mulher amada em tricolor de alguma forma – caso ela não seja -, mesmo que isso seja uma tarefa hercúlea. Mas atenção: a mulher amada é para ser a mulher de sua vida, sete dias da semana, sessenta anos de uma existência. Afinal, a vida é feita de desafios; qual a graça da estagnação? E se já for, melhor ainda: um paraíso.
Toda mulher tricolor merece a argúcia das boas palavras, os melhores elogios e principalmente que se veja nela a beleza não apenas com os olhos, mas também com o coração.
É do coração quem vêm as coisas que são perenes, sinceras e que nunca hão de mudar por qualquer tempestade de meia-tigela em copo d’água. As coisas que não se esquece.
A diferença entre o efêmero e a eternidade.
Cada um tem suas opções, claro.
Mas, no fim das contas, as mulheres tricolores são o que há!
Os tricolores de fé sabem o que estou dizendo. Ah, as tricolores trazem consigo a chama da paixão!
Um dia eu namoro uma. Será?
“ela passa/ e não deixa pedra sobre pedra/ um poema/ de primavera/ e das quatro estações/ ela vem chegando/ e veste o manto/ são três cores de encanto/ sem quase nem pranto/ e um sorriso de mil aquarelas/ com reticências/ para o charme não ser aparência/ e depois faz um país/ inspira um livro/, um conto, uma escultura/ amor sereno, mas não menos profundo – paixão de cátedra/ mar de Iansã/ e o mistério que não é absurdo/ carnaval de serpentina/ uma bailarina/ rosa de jardim numa gravura/ alguém tem dúvidas?/ eu sou o maior fã/ é tricolor a mulher mais linda do mundo!”
Paulo-Roberto Andel
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Paulo,
Vindo de você, não poderia deixar de ser um texto perfeito !
Eu tenho orgulho de ser mulher tricolor .
Bjs
Belo enredo das palavras. Bjs,vate!!!!
Muito bom! Como tricolor de coração, agradeço a homenagem.
Belo post!
As mulheres tricolores são maravilhosas!!
Toda mulher fica mais bonita com a camisa tricolor. E merecem tudo triplicado: três beijos, três abraços, três sorrisos, três elogios, sempre nas cores da nossa bandeira.
Não, não pensei naquilo apenas três vezes, mas quatro, cinco, mil.